Por que o tremoço (aquele, de bar) é a nova proteína do futuro
À medida que cresce a adesão a dietas à base de proteínas vegetais, aumenta também a busca por novas fontes do nutriente. E o tremoço parece ser uma boa alternativa, surpreendendo positivamente todos aqueles que já conheciam o petisco dos bares brasileiros — e também dos países ao redor do Mediterrâneo, de partes do Oriente Médio e da África, que consomem a semente há milhares de anos.
O tremoço é o único alimento de origem vegetal que compete com a soja no que diz respeito à quantidade de proteína, que representa cerca de 44% dos nutrientes que compõem a semente. Também é rico em fibras, possui um baixo teor de carboidratos e tem um baixo índice glicêmico.
Além disso, quando comparada a outras leguminosas, a planta é mais resistente a estresses abióticos, como as mudanças de temperatura e de irrigação. A semente de tremoço possui, inclusive, grande potencial para a recuperação de solos pobres.
E o que inibe seu consumo pela população? É o fato de que algumas variedades do tremoço contêm altos níveis de alcaloides, substâncias que causam um sabor amargo. Mas um estudo publicado na Science Advances pode ter encontrado a solução.
A descoberta do “gene da doçura” do tremoço
Durante a pesquisa, cientistas da Dinamarca, da Polônia, do Reino Unido, da França e da Etiópia estudaram a bioquímica e a quantidade dos diferentes alcaloides presentes nas variedades de tremoço — as amargas e as chamadas de doces — para relacioná-las aos genomas da planta. Dessa forma, puderam encontrar uma ligação entre a mudança nos níveis de alcaloides e a variação que existia em uma única sequência genética.
Identificando o gene responsável pelo sabor amargo, o estudo fornece um marcador genético confiável. Dessa forma, agricultores podem cultivar o tipo de tremoço mais agradável ao paladar humano, possibilitando o aumento na variedade de proteínas vegetais presentes na dieta.