Primeira vacina contra VSR pode ser aprovada em 2023
O VSR (vírus sincicial respiratório) é conhecido por causar infecções nas vias aéreas em humanos, afetando principalmente crianças de até dois anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o vírus é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias.
Não há vacinas aprovadas contra a doença, mas isso pode estar prestes a mudar. Tanto a Pfizer quanto a Moderna, laboratórios que ganharam visibilidade durante a pandemia de Covid-19, estão trabalhando em imunizantes para combater o vírus.
Desenvolver vacinas contra o VSR tem sido um desafio devido à proteína F, localizada no exterior do vírus. Ela é como se fosse a chave que infecta as células, mas muda de forma toda vez que isso ocorre.
Uma virada de jogo ocorreu em 2013, quando pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA revelaram um modelo sintético da proteína F que se mantém bloqueado na forma pré-infecção. Essa foi a base para a criação das novas vacinas.
O imunizante da Pfizer consiste na própria proteína, enquanto a vacina da Moderna possui uma sequência de mRNA que a codifica, permitindo que as células humanas a produzam após a injeção.
A moderna realizou testes em 37 mil voluntários adultos de 22 países diferentes. Os resultados divulgados na última semana mostram que a vacina foi 83,7% eficaz na prevenção de VSR com dois ou mais sintomas em pessoas com 60 anos ou mais.
A Pfizer, por sua vez, testou a vacina em gestantes. Felizmente, as pessoas grávidas foram capazes de transferir os anticorpos para o feto, oferecendo proteção nos primeiros seis meses de vida. A eficácia divulgada para os pequenos foi de aproximadamente 82% em seus primeiros 90 dias após o nascimento.
O imunizante da Pfizer já foi submetido ao processo de aprovação da FDA (Food and Drug Administration), a Anvisa dos EUA. A Moderna também planeja enviar seus resultados ao órgão americano em breve. Caso os planos saiam como o esperado, é possível que a vacina contra o VSR esteja disponível no mercado ainda em 2023.
Existe hoje um tratamento com anticorpos que evita que bebês saudáveis contraiam o RSV. O nirsevimab (Beyfortus), como foi chamado, foi aprovado em 2022 na União Europeia e no Reino Unido e, agora, aguarda aprovação nos EUA.
No Brasil, os casos são tratados pelo SUS com o medicamento palivizumabe, indicado especialmente para bebês prematuros extremos, com doenças congênitas do coração ou doença pulmonar crônica.