Uma pesquisa recente sugere que os brinquedos infantis contêm muitos produtos químicos potencialmente tóxicos. O documento destaca mais de 120 substâncias comumente encontradas em brinquedos de plástico, que podem aumentar o risco para sérios problemas de saúde, incluindo o câncer.
Já faz algum tempo que os cientistas se preocupam com os produtos químicos encontrados no plástico, especialmente aqueles em brinquedos. Muitos deles são conhecidos por imitar hormônios no corpo, e teme-se que a exposição por tempo suficiente a esses “desreguladores endócrinos” possa resultar em efeitos negativos sutis para a saúde, especialmente em pessoas mais jovens que ainda estão em fase de desenvolvimento. Apesar disto, de acordo com os autores do estudo, publicado na edição de janeiro da Environment Internacional, ainda não há informações satisfatórias sobre quais destes produtos químicos têm mais probabilidade de causar problemas.
Para chegar nessa classificação preocupante, eles revisaram 25 estudos anteriores que testavam a composição química de determinados brinquedos, bem como os dados de toxicidade dos produtos químicos envolvidos em suas fabricações. Em seguida, eles cruzaram esses dados com pesquisas sobre como as crianças brincavam, com a finalidade de avaliar o nível de exposição regular. Uma das prováveis hipóteses levantadas foi do contato por meio da boca.
“Dos 419 produtos químicos encontrados em materiais plásticos duros, macios e de espuma usados em brinquedos infantis, identificamos 126 substâncias que podem prejudicar a saúde das crianças por meio de efeitos cancerígenos ou não cancerígenos, incluindo 31 plastificantes, 18 retardadores de chama e 8 fragrâncias”, disse o coautor do estudo, Peter Fantke, pesquisador da Universidade Técnica da Dinamarca, em um comunicado da universidade. O estudo também envolveu pesquisadores da Universidade de Michigan e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com sede na França.
Embora muitos dos produtos químicos identificados pelos autores tenham sido apontados no passado como um potencial problema de saúde pública, incluindo os ftalatos (derivados do ácido ftálico), eles também encontraram alguns que não haviam sido sinalizados ou regulamentados por outros países ou organizações. Alguns deles também eram “substituições lamentáveis”, já que deveriam ser uma alternativa mais segura em relação ao produto químico anterior, mas acabam por acarretar riscos semelhantes à saúde.
Ainda sabemos pouco sobre o grau exato de dano causado pelos plásticos e os produtos químicos que eles carregam. E por serem tão onipresentes no meio ambiente, não há muito que se possa fazer para reduzir nossa exposição a eles. Contudo, existe algo que pode ser realizado no momento: uma regulamentação em larga escala desses produtos químicos em todos os países, conforme afirma a equipe internacional de autores. Eles esperam que sua pesquisa possa fornecer uma linha de base para outros usarem na quantificação de quais produtos químicos são mais perigosos para as crianças.
“Deve-se priorizar a eliminação dessas substâncias em materiais de brinquedos e a substituição por alternativas mais seguras e sustentáveis”, complementa Fantke.