Profusão de recordes: setembro foi o mês mais quente da história
O mês de setembro terminou com alguns recordes quebrados — e não de uma boa maneira. As temperaturas do mês passado foram as mais quentes em mais de 80 anos, superando a marca anterior por uma grande margem.
De acordo com o serviço climático da União Europeia, setembro deste ano foi 0,93ºC mais quente do que a temperatura média dos meses de setembro entre 1991 e 2020. Com isso, bateu o recorde anterior de 0,5ºC, estabelecido em 2020.
Essa é a margem mais quente acima da média para um mês em 83 anos de registros, segundo o Serviço de Mudança Climática Copernicus, da Agência Espacial Europeia (ESA).
Há tempos as notícias alertam para o aquecimento do planeta pelas emissões contínuas de gases de efeito estufa. Este ano, o planeta enfrenta ainda os efeitos climáticos do fenômeno El Niño. Contudo, alguns cientistas se disseram chocados com a magnitude do aumento de temperatura. Para eles, 2023 caminha para se tornar o ano mais quente já registrado.
Efeitos no Brasil
Mesmo finalizando o inverno, em setembro o Brasil enfrentou eventos climáticos extremos e atípicos para esta época do ano.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o mês foi marcado por volumes de chuva que ultrapassaram a média histórica, alagamentos e deslizamentos na Região Sul. Já outras partes do país enfrentaram uma onda de calor e baixa umidade.
A expectativa é de mais calor
Julho e agosto também tiveram temperaturas bastante altas – este foi o verão mais quente já registrado. Contudo, eles já são meses mais quentes, porque representam o verão do Hemisfério Norte.
Comparando as médias com as médias último mês, setembro teve o que os cientistas chamam de maior desvio da normalidade. Segundo o Serviço de Mudança Climática Copernicus, o mês teve o maior aumento em relação à média de longo prazo em registros que datam de 1940.
O calor extremo continuou em outubro, quebrando recordes de altas mensais em muitos locais, como na Espanha. E a tendência é que as temperaturas globais subam mais, já que o El Niño ainda não atingiu seu pico.
A humanidade precisa de um plano
Devido ao aquecimento causado pela emissão de gases do efeito estufa, pesquisadores costumam comparar o aumento de temperaturas atuais com os registros do período pré-industrial, antes do uso generalizado de combustíveis fósseis.
Em setembro deste ano, os termômetros ficaram cerca de 1,75ºC acima do que estavam durante a temperatura média de antes da industrialização. Este é o maior valor já registrado em um único mês.
Quando se considera o ano todo, 2016 é atualmente o ano mais quente registrado. Até agora, antes mesmo de 2023 acabar, ele já já superou por 0,05ºC o aumento de temperatura de 2016 em relação ao período pré-industrial.
No acordo de Paris, líderes políticos concordaram em tentar manter o aumento das temperaturas globais abaixo de 1,5ºC neste século. Contudo, este objetivo é para médias a longo prazo, não para um único mês ou ano.
Ainda assim, os recordes de 2023 colocam uma nova pressão sobre os políticos para agirem, à medida que se preparam para se reunir na cúpula climática COP28 no final de novembro.