Psicodélico pode melhorar sintomas do transtorno de estresse pós-traumático, diz estudo
Um pequeno ensaio clínico realizado com veteranos militares dos EUA demonstrou que um psicodélico chamado ibogaína pode reduzir sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e ansiedade. Os resultados foram publicados na revista Nature Medicine.
Sobre a ibogaína
A ibogaína é um composto feito a partir da casca de uma árvore chamada Tabernanthe iboga, nativa de países da África Central. Por lá, ela é utilizada em cerimônias e rituais.
Mas em outras localidades, a ibogaína também é usada no tratamento de pessoas que têm dependência em opióides. Ainda assim, a substância é pouco explorada e está sob regulamentação rígida em diversos países, uma vez que seu uso oferece riscos.
De acordo com especialistas, o uso em doses inadequadas pode causar irregularidade nos batimentos cardíacos e morte.
Entenda a nova pesquisa
Durante o ensaio clínico, pesquisadores acompanharam cerca de 30 veteranos que sofreram traumas cranioencefálicos (TCE). Em geral, os TCEs são causados por algum impacto forte na cabeça, que gera danos ao cérebro. Os sintomas podem ser tanto físicos quanto cognitivos.
Todos os veteranos já haviam buscado a ibogaína como tratamento alternativo por conta própria, de forma que os pesquisadores não administraram a ibogaína. No entanto, eles acompanharam os participantes e forneceram doses de magnésio para reduzir o risco de efeitos colaterais cardíacos.
Também realizaram testes cognitivos e de mobilidade antes da primeira ingestão de ibogaína. No início, os participantes tinham uma incapacidade leve a moderada.
Um mês após o tratamento com o psicodélico, os veteranos tiveram uma melhora média de 88% nos sintomas de transtorno de estresse pós-traumático. Além disso, também relataram melhora de 87% nos sintomas da depressão e 81% nos sinais de ansiedade.
Assim, os cientistas concluíram que, depois do tratamento, os veteranos não demonstravam mais nenhuma incapacidade. Por fim, nenhum dos participantes apresentou efeitos colaterais cardíacos.
Contudo, o ensaio clínico ainda é considerado pequeno. Agora, os dados encontrados encorajam pesquisadores a realizar um estudo maior e mais rigoroso para testar o psicodélico.
No futuro, a ideia é compreender se a droga pode conferir um benefício a longo prazo. Além disso, os cientistas pretendem utilizar biomarcadores para avaliar como a ibogaína age no organismo.