Nesta semana tivemos grandes anúncios de hardware e software do Google. No entanto, uma novidade que pode ter passado despercebida para muitas pessoas: o headset de realidade virtual Daydream da companhia está sendo descontinuado.
O fim do Daydream VR é esperado há algum tempo. Depois que o Google lançou o seu dispositivo de realidade virtual que depende de um smartphone em 2016, a plataforma não recebeu grandes novidades durante esses três anos de suporte.
Então, quando as especificações do Pixel 4 não faziam menção de compatibilidade ao Daydream VR, o pessoal do VentureBeat confirmou com o Google que o dispositivo estava sendo descontinuado (embora sua loja de apps continue funcionando).
E se lembrarmos que o headset Gear VR da Samsung também não tem suporte no Galaxy Note 10, dá para dizer que os dispositivos de realidade virtual baseados em smartphones estão fora do jogo.
Isso pode soar como uma coisa ruim para o futuro do VR – que ainda luta para ganhar apelo entre o público geral –, mas é um sinal positivo das coisas que podem vir. Vamos ser honestos, praticamente todos os headsets VR baseados em smartphones, independentemente de quem os fez, são meio zoados.
O Google ajudou a impulsionar a ideia da realidade virtual via smartphone lá em 2014, com o Google Cardboard. Mesmo depois de contar com a ajuda de várias grandes empresas jornalísticas que deram os kits de papelão do Google gratuitamente junto com um jornal ou revista, a maioria deles acabou no lixo depois de talvez cinco ou dez minutos de uso real.
Depois, a Samsung seguiu os passos do Google com o Gear VR, que oferecia uma experiência muito superior, mais confortável e envolvente. Porém, mais uma vez, mesmo a Samsung enviando o Gear VR gratuitamente na compra de smartphones Galaxy de várias gerações, não havia o sentimento de que esses sistemas de VR baseados em smartphone iam conseguir ter sucesso.
Nem mesmo dispositivos de terceiros como o Mirage Solo da Lenovo conseguiu ajudar a salvar a plataforma VR do Google. Foto: Sam Rutherford/Gizmodo
E tudo bem com isso, porque a realidade virtual via smartphone seria sempre um passo intermediário até os headsets independentes como o Oculus Quest. De algum modo, ao encerramento do Daydream e o declínio do Gear VR é um sinal de que a realidade virtual está amadurecendo, com os consumidores gravitando em direção a dispositivos com resolução maior e melhor desempenho.
Além disso, todo o conceito de colocar o seu smartphone em um headset separado somente para ter uma experiência de realidade virtual é falho desde a concepção. Configurar e montar as coisas sempre parecia confuso, enquanto que usar o seu celular para ter experiências em VR acabava com a bateria do aparelho.
A principal vantagem do Daydream e do Gear VR era o preço baixo, mas com a Oculus vendendo o Quest por US$ 400 (contra cerca de US$ 100 por um headset que dependia de um celular), a lacuna não é tão grande para quem quer ter essas experiências.
Dito isto, são merecidos os créditos ao Daydream por ser um dos headsets VR mais confortáveis já feitos, e possivelmente o mais bonito também. Em vez dos trambolhos de plástico encontradas em outros headsets, o Daydream tinha um tecido macio e respirável, que ajudava a diminuir o suor no rosto após uma jornada em realidade virtual. Daydream é um dos únicos headsets que não parece totalmente deslocado se for deixado na sala de estar.
Porém, o Daydream e similares estão encontrando um fim e o patamar do que pode ser considerado “bom” acabou de subir. Agora, as pessoas só precisam decidir se querem uma experiência casual sem fios como acontece com o Oculus Quest, ou se preferem headsets premium conectados ao computador, como o Valve Index ou o Vive Cosmos.
Descanse em paz, Daydream. Você mandou bem em sua proposta, mas todos sabíamos que não iria durar para sempre.