Redução drástica de insetos ameaça seriamente a natureza

Você pode se incomodar com a maioria dos insetos, mas eles são essenciais para o ecossistema da Terra. E uma análise global mostra que está acontecendo uma redução drástica da população de diversas espécies, o que ameaça seriamente a natureza. De acordo com o levantamento, que foi publicado no periódico Biological Conservation, mais de 40% […]
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Você pode se incomodar com a maioria dos insetos, mas eles são essenciais para o ecossistema da Terra. E uma análise global mostra que está acontecendo uma redução drástica da população de diversas espécies, o que ameaça seriamente a natureza.

De acordo com o levantamento, que foi publicado no periódico Biological Conservation, mais de 40% das espécies de insetos estão sofrendo um declínio de população e um terço estão em risco de extinção. A taxa de extinção é oito vezes mais rápida do que aquela observada em mamíferos, aves e répteis. Por outro lado, algumas espécies como baratas e moscas domésticas devem se propagar. Esse não é o primeiro levantamento a chegar na mesma conclusão.

A massa total de insetos está caindo a 2,5% ao ano, de acordo com os dados disponíveis. Esse número sugere que dentro de um século muitas espécies devem desaparecer. Esse desequilíbrio contribui para a chamada sexta extinção em massa da história, que já registra grandes perdas relacionadas a animais maiores, mais fáceis de se estudar. Sem os insetos, há um impacto forte na cadeia alimentar.

Os cientistas afirmam que esse declínio geral de insetos é causado principalmente pela agricultura intensiva, o uso de pesticidas e a mudança climática. A análise utilizou dados de 73 estudos realizados no mundo todo durante os últimos 13 anos.

“O principal fator é a perda de habitat, devido a práticas agrícolas intensivas, urbanização e desmatamento”, disse o Dr. Francisco Sánchez-Bayo, autor principal da análise e professor da Universidade de Sydney, à BBC.

“O segundo é o uso crescente de fertilizantes e pesticidas na agricultura mundial e a contaminação por poluentes químicos de todos os tipos. Em terceiro lugar, temos fatores biológicos, como espécies invasoras e patógenos; e, em quarto lugar, temos a mudança climática, especialmente em áreas tropicais, onde se sabe que ela tem um grande impacto”.

Alguns dos destaques do estudo incluem o declínio rápido de insetos voadores na Alemanha e uma queda pesada nos números das florestas tropicais de Porto Rico, ligados ao aumento das temperaturas globais. A maioria dos estudos analisados foram feitos na Europa ocidental e nos Estados Unidos – alguns deles vinham do Brasil, Austrália, China e África do Sul.

Os insetos servem de alimento para muitas aves, morcegos e pequenos mamíferos. Além disso, eles são responsáveis pela polinização de 75% dos vegetais do mundo, reabastecem o solo e controlam muitas pragas. O declínio ou extinção pode gerar um efeito dominó. “Se a fonte de alimento for tirada, todos esses animais morrerão de fome”, disse Sánchez-Bayo.

Algumas espécies podem se adaptar com mais facilidade a novos ambientes e ter sucesso em sua reprodução. Alguns exemplos são as baratas e as moscas, que se adaptaram à urbanização.

“Insetos de procriação rápida provavelmente irão prosperar devido às condições mais quentes, porque muitos dos seus inimigos naturais, que se reproduzem mais lentamente, desaparecerão”, comentou o Prof. Dave Goulson da Universidade de Sussex, que não esteve envolvido na produção da análise.

“É bastante plausível que possamos ter muitas pragas de um pequeno número de insetos, mas vamos perder todas as maravilhosas espécies que precisamos, como abelhas, borboletas e escaravelhos que fazem um grande trabalho de eliminação de resíduos animais”.

É preciso haver mais estudos sobre a queda populacional de diversas espécies de insetos e em mais regiões. Já noticiamos diversas vezes o risco de extinção das abelhas, mas elas são apenas uma espécie que sofrem com as mudanças climáticas e com a agricultura intensiva.

Ao Guardian, Sánchez-Bayo disse ter testemunhado o declínio dos insetos no cotidiano. Em um feriado, ele decidiu fazer uma viagem de carro no interior da Austrália. Não foi preciso limpar uma única vez o pára-brisa. “Anos atrás você tinha que fazer isso constantemente”, disse.

[BBC, Guardian]

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