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Região repleta de estrelas azuis prestes a explodir é encontrada na Via Láctea

As estrelas encontradas no cinturão têm três vezes a massa do céu e uma cor azul característica devido às altas temperaturas do seu interior.

Via Láctea. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Enquanto tentavam mapear as estrelas da nossa galáxia com o telescópio Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), uma equipe de astrofísicos descobriu uma região da Via Láctea repleta de estrelas azuis brilhantes e que parecem prestes a explodir.

O estudo, publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, detalha o que os pesquisadores batizaram de “Cepheus spur” (ou “esporão de Cepheus”, em tradução livre). A região está localizada entre o braço de Órion, que é onde está o nosso sistema solar, e a constelação de Perseu. O mais impressionante dessa descoberta são as estrelas encontradas nesse cinturão, que têm três vezes a massa do Sol e uma cor azul característica devido às altas temperaturas do seu interior.

Chamadas de estrelas OB, esses objetos são conhecidos por serem os mais quentes, mais raros, maiores e com vida mais curta de toda a galáxia. Para se ter uma ideia, elas são seis vezes mais quentes que o Sol, e a causa disso são as violentas reações nucleares que ocorrem em seu interior. Ao final de sua (curta) vida, as explosões — também conhecidas como as famosas supernovas — disparam elementos pesados que são essenciais para o surgimento de formas de vida complexas.

O coautor do estudo Michelangelo Pantaleoni González, pesquisador do Centro Astrobiológico Espanhol (CAB), explicou à Live Science que foi esse mesmo tipo de estrela que criou uma geoquímica complexa o suficiente para que a bioquímica surgisse em nosso planeta. Ainda segundo ele, entre as 400 bilhões de estrelas de uma galáxia, menos de 200 mil são estrelas OB, tornando-as objetos extremamente raros.

A técnica utilizada no trabalho de mapeamento de estrelas dos pesquisadores é chamada de paralaxe estelar, que consiste em triangular as distâncias das estrelas à Terra. Ou seja, os astrônomos comparam as posições aparentes desses objetos a partir de diferentes perspectivas durante a órbita do nosso planeta ao redor do Sol. Assim, os autores do novo artigo combinaram essas informações com os dados do telescópio Gaia para identificar estrelas nunca antes mapeadas.

Outra contribuição importante do novo estudo é que a posição deste cinturão, situado ligeiramente acima do disco galáctico, pode fornecer algumas informações relevantes sobre a Via Láctea. Conforme explica González, uma galáxia com ondulações ou pequenas variações em seu disco pode indicar que houve colisões com outras galáxias no passado.

[Space.com]

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