Ciência

Remédios para refluxo podem aumentar o risco de enxaqueca

Novo estudo aponta associação entre uso de três tipos de medicamentos para refluxo e aumento significativo de enxaqueca
Imagem: Nik Shuliahin/ Unsplash/ Reprodução

Pessoas que tomam medicamentos para aliviar sintomas de refluxo podem ter um risco maior de enxaqueca e outras dores de cabeça graves, segundo um novo estudo publicado na revista Neurology Clinical Practice

Uma pessoa sente refluxo quando o ácido do estômago flui para o esôfago. Geralmente, isso acontece após uma refeição ou quando o indivíduo vai se deitar para dormir. Isso faz com que ele sinta azia, sintoma que melhora com uso de medicamentos redutores de ácido.

“Esses medicamentos são frequentemente considerados prescritos em excesso”, explica Margaret Slavin, autora do estudo. No entanto, a pesquisadora ressalta que não há uma relação de causa e consequência, de que tomar o remédio fará uma pessoa ter dor de cabeça. Na verdade, o estudo encontrou apenas uma associação.

Entenda a pesquisa da enxaqueca

Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de quase 12 mil pessoas. Dos participantes, os cientistas analisaram informações sobre o uso de medicamentos redutores de ácido, geralmente utilizados contra o refluxo, e a frequência de enxaqueca em um período de três meses.

Entre os medicamentos redutores de ácido, os pesquisadores analisaram três tipos. Aqueles que funcionam como inibidores da bomba de prótons (1), os antagonistas do receptor H2 da histamina (2) e, por fim, aqueles suplementos antiácidos (3).

Um total de 25% dos participantes que tomavam os medicamentos do tipo (1) tiveram enxaqueca. Enquanto isso, 19% das pessoas que não estavam tomando esses remédios tiveram dor de cabeça grave.

O mesmo cenário se repetiu na comparação entre as pessoas que tomavam medicamentos do tipo (2) e (3), com 25% e 22% de incidência de enxaqueca, respectivamente.

Contudo, os pesquisadores ajustaram os cálculos para incluir outros fatores que podem afetar o risco de enxaqueca. Por exemplo, idade, sexo e uso de cafeína e álcool.

Dessa forma, eles descobriram que as pessoas que tomavam inibidores da bomba de prótons tinham 70% mais chances de ter enxaqueca. Aqueles que tomavam bloqueadores H2 tinham 40% mais chances e os tomavam suplementos antiácidos tinham 30% mais chances.

“É importante notar que muitas pessoas precisam de medicamentos redutores de ácido para controlar o refluxo ácido ou outras condições, e pessoas com enxaqueca ou dor de cabeça grave que estão tomando esses medicamentos ou suplementos devem conversar com seus médicos sobre se devem continuar”, explicou Slavin.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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