Ciência

Réptil que tem 3 olhos vive na Terra desde os dinossauros

Réptil neozelandês atrai cientistas por ter evoluído durante milhões de anos; tuatara possui características únicas de adaptação
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Eles vivem em terras neozelandesas, mas distantes de locais com muitos habitantes. Possuem três olhos, dentes especiais e um ritmo lento, que fez com que evoluísse por mais de 200 milhões de anos.

Os tuataras são a última espécie da ordem Rhynchocephalia (Sphenodontia). Dessa forma, compartilhou um ancestral comum com os répteis. Hoje, a linhagem é altamente diversificada, com características semelhantes a lagartos, tartarugas e até pássaros.

Como é um tuatara

Seu nome já descreve parte de suas características. Tuatara é uma palavra de origem Maori, que significa “picos nas costas”. O termo se refere à crista que o réptil possui ao longo de seu dorso e sua cauda.

Mas suas peculiaridades não param por aí: antes, o animal possuía três olhos que enxergavam. Atualmente, o chamado “olho parietal” não exerce mais o sentido da visão, embora tenha retina, lente e nervos conectados ao cérebro – mas que estão degenerados.

Ainda assim, o réptil possui uma visão apurada, altamente adaptada ao escuro e com capacidade de focar cada olho de forma independente. De acordo com cientistas, a permanência do terceiro olho deve cumprir alguma outra função, como termorregulação ou auxílio no ritmo circadiano.

Além do olho extra, o tuatara possui dentes diferentes de qualquer outro animal. São duas fileiras na parte superior da boca e uma na parte inferior, que crescem diretamente dos ossos. Mais especializados para mastigação que os dentes de répteis, eles permitem que o réptil triture insetos crocantes.

Com temperatura corporal abaixo do que é comum para outros répteis (algo entre 16°C e 21°C), conseguem passar até uma hora sem respirar. 

Também por meio do calor ou frio que o réptil consegue controlar sua prole: ovos incubados acima de 22°C se tornam machos, enquanto aqueles mais frios se tornam fêmeas.

Uma evolução lenta e constante

De acordo com especialistas, os tuataras têm um metabolismo muito mais lento que a maioria dos animais – por isso conseguem ficar tanto tempo sem respirar. Em geral, atingem a maturidade sexual apenas por volta dos 13 anos.

Depois, chegam ao seu tamanho completo até os 30 anos e podem viver até 100 anos com facilidade. Quando começam a se reproduzir, fazem isso com intervalos de dois a cinco anos, em um ritmo que parece conter um crescimento populacional grande.

Mas sua evolução lenta e constante fez com que ultrapassassem diversas adversidades e sobrevivessem por milhões de anos. Por exemplo, eles viveram uma queda de 8°C na temperatura global, passaram pela glaciação e presenciaram a mutação da fauna e da flora no decorrer de séculos.

Embora seja resistente, os tuataras estão na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais).

E, coincidentemente, uma de suas maiores ameaças hoje é a mesma que substituiu o reinado dos répteis no passado: mamíferos. Mesmo convivendo bem com pássaros, os tuataras não têm defesa natural contra roedores que comem seus ovos.

Por isso, o governo da Nova Zelândia pretende erradicar ratos, doninhas e gambás de parte da Ilha Norte do país até 2050. A ideia é que criaturas nativas, como os tuataras, possam reconstruir seu lar por lá.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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