Paleontologia

Antigo réptil marinho de pescoço curto é encontrado na China

Descoberta mostra que pescoço dos plesiossauros dobraram de tamanho em "apenas" cinco milhões de anos
Dmitry Bogdanov/Wikimédia

Paleontólogos da China e do Reino Unido identificaram fósseis que seriam de um ancestral dos plesiossauros, uma espécie de réptil marinho de pescoço longo já extinta. O detalhe é que esse ancestral possuía um pescoço bem mais curto, indicando que ele teria conseguido dobrar o tamanho do pescoço em “apenas” cinco milhões de anos.

A descoberta foi publicada no periódico BMC Ecology and Evolution e contou com cientistas da Universidade de Bristol e da Universidade de Geociências da China. Eles analisaram dois esqueletos completos encontrados em Hubei, na China, e notaram semelhanças com a espécie dos pachypleurossauros, um tipo de réptil marinho de pouco de mais de 1 metro de comprimento que viveu no período Triássico, há cerca de 247 milhões de anos.

A diferença é que os pachypleurossauros tinham 25 vértebras e um pescoço comprido. Já o novo ancestral, que ganhou o nome de Chusaurus xiangensis, tinha apenas 17 vértebras e pescoço curto. A hipótese mais provável é que ele tenha surgido durante o período Triássico Inferior, há 252 milhões de anos, após o fim do Permiano-Triássico.

“O fim do Permiano-Triássico foi a maior extinção em massa de todos os tempos, e apenas uma em cada 20 espécies sobreviveram”, afirmou o pesquisador Michael Benton, da Universidade de Bristol.

“Por isso, o Triássico Inferior foi um período de recuperação, e os répteis marinhos evoluíram muito rápido, na maioria deles predadores de camarão, peixes e outras criaturas marinhas. O Chusaurus teria se originado logo após a extinção, então sabemos que essa taxa de mudança foi extremamente rápida em um mundo pós-crise.”

Evolução dos plesiosaurus

Ancestral dos plesiossauros tinha o pescoço bem mais curto. Imagem: Qi-Ling Liu/Universidade de Bristol

Segundo Ben Moon, também da Universidade Bristol, após o pescoço do ancestral espichar em pouco tempo, ele teria se estabilizado após atingir um tamanho ideal para suas necessidades.

“Como pequenos predadores, eles provavelmente se alimentavam de camarões e peixes, por isso a habilidade de se aproximar sorrateiramente de um cardume era uma ferramenta de sobrevivência”, diz Moon. “Porém, provavelmente ter um pescoço muito longo tinha seus custos, então ele se estabilizou para um tamanho equivalente ao de seu tronco.”

À medida que o planeta foi mudando, os descendentes dos Chusaurus também passaram por transformações. O Elasmossauro, por exemplo, tinha 72 vértebras e um pescoço cinco vezes maior do que seu tronco. “Os pachypleurossauros alongaram seus pescoços adicionando mais vértebras”, afirmou o pesquisador Cheng Long, do Centro de Pesquisas Geológicas de Wuhan.

Tom Stubbs, da Open University do Reino Unido, acrescentou: “Nem todos os animais de pescoço comprido fazem isso da mesma forma. Por exemplo, girafas mantém o padrão de sete vértebras dos mamíferos, mas cada uma delas é mais alongada para que eles alcancem as árvores.”

Assine a newsletter do Giz Brasil

Igor Nishikiori

Igor Nishikiori

Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Já passou pelas redações da Editora JBC, São Paulo Shimbun, Folha de S. Paulo e Portal R7. Prefere o lado alternativo das coisas, de música a futebol.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas