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Retirada de equipamentos da Huawei do Reino Unido pode levar mais de dez anos, diz operadora

Em entrevista, CEO da BT (British Telecom) diz que levaria anos para se livrarem completamente de equipamentos de telecomunicações da Huawei.

Fachada com logo da Huawei

Imagem: Getty

O Reino Unido quer tirar os equipamentos da Huawei de sua infraestrutura de 5G, mas a decisão pode ser mais difícil de pôr em prática que o desejado. Quem diz isso é uma operadora de telecomunicações do país, que alerta que a retirada rápida dos equipamentos pode deixar usuários sem sinal e comprometer a segurança da rede — justamente o argumento do governo para proibir a companhia chinesa no país.

A declaração foi dada por Philip Jansen, CEO da operadora BT (British Telecom), em uma entrevista à BBC Radio 4. Segundo ele, é possível tentar tirar todos os equipamentos da Huawei da infraestrutura de 5G em cinco anos, mas o ideal seria que esse processo levasse pelo menos sete anos. Se a decisão se estender a todas as modalidades de telecomunicações e não ficar só no 5G, a retirada deve demorar ainda mais: no mínimo dez anos.

Outra questão é que, caso haja mesmo uma proibição de negócios com a companhia chinesa, a BT e outras operadoras ficariam sem as atualizações de software para os equipamentos, o que também colocaria em risco a segurança das redes.

Por enquanto, nenhuma decisão do governo britânico foi divulgada; segundo a BBC, um anúncio está marcado para esta terça (14). Inicialmente, o Reino Unido tinha decidido limitar a participação de fornecedores de “alto risco”, termo adotado para enquadrar a Huawei, a um acesso de apenas 35% da rede. As operadoras também ficaram impedidas de comprar equipamentos dessas empresas para o “núcleo” das redes 5G.

No entanto, novos desdobramentos políticos nos últimos meses levaram a uma mudança de posição no governo britânico. Eles vão desde críticas a como a China enfrentou a pandemia do novo coronavírus a um plano para reduzir a dependência econômica e tecnológica em relação ao país asiático.

O uso de equipamentos fabricados pela Huawei em infraestruturas de telecomunicações tem estado no centro das tensões entre EUA e China. O país americano acusa a companhia de facilitar a espionagem de Pequim e pressiona seus aliados para que não usem as soluções da empresa. Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Índia e Japão, por exemplo, não autorizaram o uso de produtos da Huawei em suas redes 5G. Já Alemanha, França e Espanha, por outro lado, não impuseram nenhuma restrição.

No Brasil, onde o leilão do 5G ainda nem foi feito, a discussão divide a cúpula do governo do presidente Jair Bolsonaro. Apesar de não haver pronunciamentos oficiais, o Estadão apurou que o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, defende um alinhamento com os EUA, enquanto a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, e o vice-presidente Hamilton Mourão se posicionam a favor da Huawei para não haver problemas na parceria comercial com a China, principal destino das exportações brasileiras de soja e de outros produtos.

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