
Review: Aftershoot usa IA para salvar a vida dos fotógrafos
O Aftershoot é um software inovador que utiliza IA para reduzir o workflow de fotógrafos profissionais, automatizando um processo que demandaria horas e horas de edição.
Na prática, o Aftershoot pode ser considerado recente, já que foi lançado em 2020, por uma dupla ideal para criar essa ferramenta: Harshit Dwivedi, engenheiro de software, e Justin Benson, fotógrafo profissional com anos de experiência em casamentos e eventos.
Com a pandemia afetando o setor de Benson, a solução foi se juntar a Dwivedi para, como o próprio cofundador afirma, “criar uma empresa que usa IA para fotógrafos organizarem e editarem fotógrafos com mais velocidade!”.
A equipe por trás do Aftershoot não tem medo de afirmar que o software é a maneira mais fácil e rápida de automatizar o processo de edição de vários tipos de imagens. E por “tipos”, falamos de formatos, câmeras e, obviamente, eventos.
Um mês após seu lançamento em terras tupiniquins, a turma do Aftershoot concedeu ao Giz Brasil o plano premium do software para testar os recursos da promissora ferramenta.
Review: Aftershoot
Agora, você pode descobrir se o Aftershoot cumpre o que promete nesta análise especial do Giz. E, por “especial”, isso significa que contamos com o apoio de alguns fotógrafos profissionais e outros entusiastas para entender o processo do Aftershoot.
Como a intenção do Aftershoot é acelerar a execução do trabalho de fotógrafos profissionais, a IA do software utiliza um algoritmo exclusivo – que a empresa chama de unicórnio – treinado com mais de cinco milhões de imagens para selecionar as melhores fotos.
O processo de seleção de imagens (culling) é um dos três pilares do Aftershoot – por enquanto –, mas calma, que te explicamos logo, logo. Aliás, como o Giz Brasil também é cultura, você vai entender por que o termo se chama “seleção”.
Mas, antes, vamos rapidamente a algumas questões técnicas.
Compatibilidade e integração
O Aftershoot se identifica como um aplicativo de “culling” compatível com Windows e Mac. Além disso, o Aftershoot possui integração com o Adobe Lightroom e o Capture One para edição. Mas, talvez, não seja tão necessário editar as fotos nesses softwares graças a capacidade do modelo de IA do Aftershoot, que pode ser treinado pelo próprio usuário.
Sobre os formatos, o Aftershoot é compatível com arquivos JPG e PNG, bem como os principais formatos de imagens RAW, o foco principal do software.
RAW
Raw, que pode ser traduzido como “cru” (ou “bruto”), significa que a imagem não passou por um processamento de ajustes pelos próprios sensores de câmeras. Arquivos Raw contém muitos metadados — que podem ser até redundantes –, mas ajudam fotógrafos profissionais a entender a estrutura da imagem com informações detalhadas sobre obturadores, ISO, balanço de cores, etc.
O Aftershoot é compatível com os principais formatos de imagem Raw, incluindo o mais popular, o DNG, usado nessa review para testar os recursos dessa ferramenta inovadora.
DNG, ou Digital Negativa é um formato de imagem raw sem perdas, desenvolvido para Adobe. Portanto, o fluxo de trabalho no Aftershoot fica ainda mais fácil e rápido devido à integração com os dois principais softwares de edição e manipulação de imagens da Adobe.
Por fim, a integração do Aftershoot ao Windows Explorer (e ao Apple Finder no Mac) facilitar exportar e criar backups dos arquivos RAW. E por essa integração que começaremos a explorar os três pilares do Aftershoot.
Três pilares do Aftershoot
Criação de Álbum
Talvez criar um álbum seja um pilar intermediário que antecede o processo de seleção assim que você abre o programa. Após se cadastrar e se inteirar sobre o funcionamento do Aftershoot pelos tutoriais opcionais, o Aftershoot segue para a tela de criação de álbum.
Novamente, a UI (interface de usuário) é digna de elogios, porque o processo é tão simples e rápido que até surpreende. Veja como é simples:

Imagem: Giz Brasil
Além disso, você pode importar as imagens diretamente do seu catalogo do Lightroom, mas apenas para edições. Na importação direta pelo Aftershoot, é possível editar e selecionar. E é sobre seleção que vamos falar agora.
Seleção (Culling): o “facilitador” do Aftershoot
Antes de analisar o processo de seleção no Aftershoot, precisamos explicar o que é “seleção” na linguagem fotográfica para quem não é profissional da área.
Novamente, como o Giz Brasil também é cultura, vamos entender o que significa “seleção” no sentindo do Aftershoot. Em inglês, a palavra “culling” vem do latim “colligere”.
O termo é usado amplamente, mas surgiu na pecuária e consiste na divisão em dois grupos ou mais de animais. Um será mantido, enquanto o outro será rejeitado.
O processo de “culling” é minucioso e cansativo por ser repetitivo, até chegar em um grupo ideal com tamanho e consistência.
Imagine um fotógrafo profissional, que faz mais de mil fotos em um casamento, no processo de “culling”? Ou seja, analisando centenas de fotos repetidamente para escolher quais editar. Cansativo, não é?
Portanto, o que o Aftershoot faz é automatizar esse processo utilizando sua impressionante IA (vamos falar mais sobre ela no final). Podemos dizer que a “Seleção” no Aftershoot tem um sentido de fazer as melhores escolhas em um piscar de olhos.
Mas, vale ressaltar que o Aftershoot oferece três tipos de seleção:
- Automatizado por IA: a inteligência artificial faz todo o trabalho e escolhe as melhores
- Assistido por IA (versão beta): você escolhe como o Aftershoot fará o processo, definindo a quantidade de agrupamento de fotos, o reconhecimento facial e o tipo de sessão (que aparece antes na criação do álbum)
- Manual: você seleciona as fotos para exportar para edição

Imagem: Screenshot/Giz Brasil
Como o interessante é explorar as capacidades da IA do Aftershoot, escolhemos apenas usar a seleção automática, confiando na capacidade dos unicórnios mágicos de Harshit Dwivedi.
No modo de seleção por IA, antes do Aftershoot realizar o processo de “culling”, surge uma janela para que você definir algumas preferências ou seguir confiando na IA.
Em um álbum menor, optamos pela seleção automatizada. Em 21 segundos, o Aftershoot selecionou as melhores fotos de um álbum com 20 imagens.
O Software não joga no lixo as “piores”, optando por algo ainda mais genial e nos deixa curioso sobre o investimento em UI/UX (esse time merece um bolo). Assim que o processo de seleção é completo, o Aftershoot classifica por cores e estrelas as melhores fotos.
No lado direito, há uma barra com informações sobre as classificações, como “olhos fechados”, “desfocadas”, além de fotos duplicadas. Você também pode ativar a opção “mostrar informações de rostos-chave” para entender como o Aftershoot selecionou as melhores fotos.

Aftershoot dá show em imagens de casamento. Imagem cedida: Gui Soares/Aftershoot/Giz Brasil
Outro fator interessante no processo de seleção são os “destaques”, que a IA seleciona não apenas considerando a imagem, mas também o momento.

Imagem: Giz Brasil
Em fotos de casamentos, destaques foram fotos de beijos, noivas jogando buquês, parentes se emocionando e momentos de diversão.
Edição: unicórnios mágicos em ação
O processo de edição talvez seja o maior reflexo da sinergia entre os dois fundadores a empresa. A interface intuitiva para acelerar o trabalho de fotógrafos e a gama de opções antes de o usuário permitir que a IA assuma o controle é impressionante.
Você pode escolher entre confiar em si ou na IA. Neste review do Aftershoot, optamos pela IA, já que o Giz não é um portal especializado em fotografia, mas sobre tecnologia podemos falar.

Imagem: Screenshot/Giz Brasil
Na edição, o primeiro passo é escolher um perfil de IA entre centenas (ou treiná-lo com base nos seus gostos). Aliás, há centenas ou milhares de perfis de IA disponíveis para baixar, o que indica que os unicórnios mágicos trabalharam bastante.
Escolhemos um perfil de IA do próprio Aftershoot, que funciona como um filtro, mas não no sentido popular porque o resultado das imagens apresenta uma atenção a detalhes que só fotógrafos profissionais como Justin Benson possuem.

Imagem: Screenshot/Giz Brasil
No entanto, só é possível revisar as edições em outros aplicativos. Para isso, usamos o Lightroom, exportando tanto as fotos que o Aftershoot selecionou e editou quanto as que ficaram para trás.
Será que é isso tudo mesmo?
O Aftershoot é um software para fotógrafos profissionais, mas como a IA está em todos os lugares, nosso review testou as capacidades dos unicórnios fora de sua zona de conforto.
Usando fotos aleatórias – mas em formato RAW –, desafiamos o Aftershoot e seus Unicórnios Mágicos a selecionarem imagens sem rostos. Resultado: em 41 segundos o Aftershoot conseguiu selecionar as melhores imagens de trânsito, prédios e veículos – e ainda selecionou os destaques.
Na edição, para ousar ainda mais, o perfil de IA escolhido foi “The Founder Style”. Este, sim, criado pelo próprio Justin Benson. (Mas o limite gratuito de uso é para 500 fotos).

Usando o melhor perfil IA do Aftershoot em um prédio. Imagem: Giz Brasil
Resultado: Novamente impressionante. Mas, o registro poderia ser sobre um assunto melhor. Unicórnios mágicos fazendo o feitiço virar contra o feiticeiro.
Veredito do review: Aftershoot é o salva-vidas dos fotógrafos
O Aftershoot é tão eficiente no que propõe que até que não é fotógrafo profissional pode passar horas e horas usando a ferramenta. Aliás, o Aftershoot, devido à combinação UI/UX eficientes e uma inteligência artificial robusta, é muito viciante.
O software pode reduzir horas e horas do fluxo de trabalho de fotógrafos profissionais ao mesmo tempo que consegue deixar entusiastas perdendo a noção do tempo.
No entanto, nem tudo são flores. Este review também precisa observar os pontos que podem melhorar do Aftershoot.
O primeiro: com dois meses de Aftershoot no Brasil, é compreensível que a tradução não esteja 100%. Mas, em várias seções do aplicativo, principalmente no marketplace de perfis de IA e na janela de exportar imagens, não há erros de português.

Imagem: Giz Brasil
O que aparece na tela, na verdade, são informações em alemão, italiano e espanhol. Mas, certamente, a equipe global do Aftershoot vai conseguir resolver esse problema.
O segundo é uma questão regional: dólar alto. Ou seja, o plano que testamos para este review, o Aftershoot Pro, mesmo com um ajuste especial para o Brasil – o que é muito notável por parte da empresa –, custa R$ 182 por mês.
Outra coisa é a limitação para computadores em um momento de ascensão da fotografia por smartphones. Sobre questões técnicas, não há o que reclamar do Aftershoot.
O software é rápido, versátil, com visual agradável e muito, mas muito fácil de usar. Ah, e para quem gosta de métricas, o Aftershoot mostra quanto tempo você gastou – na verdade, economizou – para selecionar e editar as fotos.
Sobre a IA, a empresa não revela os encantadores Unicórnios Mágicos que aparecem nas camisetas de Justin Benson.
Porém, uma visita à página do Medium de Harshit Dwivedi deixa claro que o engenheiro de software tem um amplo conhecimento de Machine Learning.
Melhor coisa sobre o Aftershoot: as pessoas
Aparentemente, o Aftershoot tem uma intenção de comunidade. Dwivedi preza bastante pela educação e difusão de conhecimento. Por isso, não surpreende que o canal do Aftershoot no YouTube seja extremamente didático, com tutoriais não apenas sobre o produto, mas sobre a fotografia como um todo.

Colagem de imagens usando diferentes filtros de edição do Aftershoot. Imagem cedida: Igor Teixeira/Giz Brasil/Aftershot
Mas, talvez, outro ponto se destaque na intenção comunitária do Aftershoot. Em agosto de 2024, a empresa anunciou o fundo de US$ 1 milhão “Create Together”, para apoiar a comunidade de fotógrafos.
Um dos fundadores sentiu na pele os impactos da pandemia no setor. Então, faz sentido que o Aftershoot lance uma iniciativa para viabilizar até 750 eventos fotográficos.
Infelizmente, as inscrições para o projeto já se encerraram e não incluíam participantes do Brasil porque a plataforma ainda não estava disponível no país.
O “Create Together” vai durar até o final de 2025 e é uma espécie de “se organizar direitinho, todo mundo vai fazer fotos” porque a empresa financiará equipamentos, aluguel de espaços, modelos e muito mais.
Harshit Dwivedi afirmou que a iniciativa será útil a empresa a compreender o poder da comunidade e qual será o impacto no crescimento do setor. Por isso, com a chegada do Aftershoot no Brasil, ficamos na torcida para que essa iniciativa tenha uma segunda edição abarcando os fotógrafos daqui após este review.