É seguro dizer que 2020 continuou o legado de 2019 como o ano dos fones de ouvido sem fio. Foram dezenas de modelos, de inúmeras fabricantes, e muito provavelmente isso deve se repetir agora em 2021.
Mas com tantas opções no mercado, as empresas começam a apresentar recursos que realmente podem ser um diferencial entre si. O Tone Free FN6 é um deles: lançado em alguns países em meados de 2020, os fones true wireless foram um dos últimos produtos que a LG trouxe ao Brasil no final do ano passado. Ele tem as características básicas que você encontra na maioria dos fones da categoria, porém traz uma função autolimpante que, segundo a marca, elimina 99,9% das bactérias que podem se acumular no acessório.
Como todo acessório que traga uma novidade assim, o Tone Free FN6 não é barato: o preço sugerido é de R$ 1.200, colocando os fones da LG para bater de frente com os AirPods de primeira e segunda geração, da Apple. Eu venho testando o aparelho há algumas semanas, e nos parágrafos a seguir conto as minhas impressões.
LG Tone Free FN6
O que é
Um fonte true wireless com um estojo de carregamento autolimpante, prometendo eliminar 99,9% das bactérias.Preço
Sugerido: R$ 1.200. No varejo: em média, R$ 999.Gostei
Muito confortável de usar por várias horas seguidas; estojo de recarga rápida; conectividade e pareamento quase que instantâneos.Não gostei
O som não é dos melhores, com graves abafados e muito ruído; autonomia de bateria poderia ser maior; tecnologia autolimpante é um diferencial, mas não mostrou a que veio.
Design
Disponível nas cores preto e branco, o Tone Free FN6 segue o padrão de fones de ouvido sem fio que começou lá atrás com os primeiros AirPods. E apesar de isso deixar os fones praticamente todos iguais, é difícil errar quando se aposta em um design mundialmente conhecido e bem aceito pelo público. No caso dos fones da LG, eles se aproximam mais dos AirPods Pro, pois as “perninhas” são menores e garantem mais discrição durante o uso.
Como nem todo mundo tem exatamente o mesmo tamanho de ouvido, a LG inclui três pares diferentes de ponteiras de silicone para que uma delas deixe os fones o mais confortável possível. De fato, houve dias em que passei cerca de três horas seguidas usando o Tone Free FN6, e em momento algum senti que eles estavam lá. Também não notei nenhuma pressão excessiva, já que fones intra-auriculares (que ficam para dentro do ouvido) tendem a me causar esse tipo de desconforto — o que, reforçando, é algo totalmente individual.
Os fones também contam com controles por toque capacitivo, que ficam na parte superior de cada peça. Você pode usá-los para pausar/continuar a reprodução de músicas, ajustar o volume, responder/negar chamadas telefônicas e para ativar ou desligar o modo de som ambiente. Essas opções podem ser personalizadas por um aplicativo da LG para Android e iOS.
Acredito que esses controles poderiam ser um pouco mais consistentes, pois são bastante sensíveis e podem ser ativados mesmo se o seu dedo estiver longe. Foram várias as vezes que eu ia ajustar um dos fones no meu ouvido e, mesmo sem encostar meu dedo no acessório, ele pausava ou voltara para a faixa anterior. Além disso, a resposta não é tão instantânea; ao pausar uma música, precisei esperar meio segundo entre o toque no fone e o áudio começar a sair.
Vale citar que o Tone Free FN6 tem certificação IPX4, o que garante resistência pingos de água e suor. Portanto, entrar no mar ou piscina, nem pensar.
A case
O grande apelo do LG Tone Free FN6 é o estojo de carregamento com a tecnologia autolimpante UV Nano que, segundo a marca, promete eliminar 99,9% das bactérias. Logo ao abrir o case, você verá luzes LED em cada encaixe, iluminando a parte interna do acessório. Mas a luz ultravioleta responsável pela limpeza em si é invisível e só funciona com o case fechado. Para completar um ciclo de higienização, é preciso deixá-los lá dentro por dez minutos e com o cabo USB-C conectado à tomada.
O UV Nano é um diferencial interessante porque, no momento, o Tone Free FN6 é o único fone sem fio com essa função de se autolimpar. A LG não afirma se os fones são capazes de matar vírus, o que poderia ser ainda mais útil em tempos de Covid-19. Contudo, eu não estranharia se as próximas versões do Tone Free FN6, ou dos fones de outras fabricantes, adotarem esse conceito. No mais, é ótimo saber que na próxima vez que eu abrir a case, os fones estarão um pouco mais limpos do que de costume. Se você já usa um fone true wireless, com certeza sabe do que estou falando quando digo que não importa o quão limpo seja o seu ouvido: os fones costumam acumular muita sujeita facilmente. Nos da LG, isso é menos pior.
Bateria e conectividade
De acordo com a LG, o Tone Free FN6 oferece seis horas de bateria. E foi isso (talvez um pouco menos) que ele durou. Com o estojo de recarga, você ganha 12 horas de autonomia extra.
Em condições normais, acho difícil alguém ficar tanto tempo com os fones sem colocá-los no case ao menos uma vez. Por isso, deve ser mais do que suficiente para o uso diário. Mesmo assim, ter pouco menos de seis horas de autonomia ainda é abaixo da média da maioria dos fones totalmente sem fio, que geralmente duram em média oito horas contínuas.
Felizmente, a recarga é realmente ultrarrápida. Uma carga de apenas cinco minutos garante uma hora de bateria. Nos meus testes, para ir do zero ao 100%, os fones precisaram de apenas 38 minutos.
O pareamento com dispositivos também é mais rápido do que a maioria dos fones da categoria. Usando Bluetooth 5.0, que por si só já é bastante veloz, eu levei cerca de 14 segundos para fazer a primeira conexão com o meu celular. Depois disso, era só eu abrir o case e colocar os fones no meu ouvido para o smartphone reconhecê-los automaticamente. Ao longo desses 30 dias, não passei por nenhum problema de lentidão ou queda de conexão.
A LG ainda disponibiliza o aplicativo TONE Free para personalizar os comandos capacitivos em cada fone, controlar volume, selecionar modos de som, customizar equalizadores e localizar o acessório. É pelo app que você também pode ativar e atribuir o modo de som ambiente a um dos fones. E tem ainda uma função para leitura de notificações que chegam no smartphone, sem que você precise ligar a tela do aparelho.
Qualidade de som
Definitivamente, o LG Tone Free não é o fone de ouvido para quem deseja a melhor qualidade de som. Não que ele seja ruim: é uma performance mediana. Mas para um aparelho de R$ 1.200, eu esperava mais.
Para começar, eu ouvi This story is dedicated to all those cyberpunks who fight against injustice and corruption every day of their lives! (DJ Mix) – sim, é esse o nome -, novo álbum da Grimes (melhor dizendo: de sua personagem, Lizzy Wizzy) para o jogo Cyberpunk 2077. As músicas misturam pop eletrônico com batidas de hip-hop, indie-pop e outros gêneros. O som não sai tão limpo ou cristalino quanto eu pensava, e os graves, que costumam se sobressair em todas as faixas do disco, não se destacaram nos fones da LG.
No rock de Death Magnetic, do Metallica, e do pop rock do After Laughter, do Paramore, os graves também ficaram em segundo plano. Eu notei, inclusive, um certo ruído em algumas faixas que não sumiam mesmo ao escolher um preset no app da LG ou elaborar um equalizador manualmente. Aliás, os ajustes não são tão eficazes na hora de aprimorar a intensidade do adio, em especial dos graves.
A impressão que eu tive é que o Tone Free FN6 entrega uma qualidade mais satisfatória em faixas instrumentais e sem muitos elementos. Nos álbuns do Explosions in the Sky e do musicista Ólafur Arnalds, que não possuem vocais, o som saiu bem mais limpo do que na maioria dos demais discos cantados que eu ouvi.
O LG Tone Free não tem uma função específica de cancelamento de ruído, mas sim um recurso que apenas diminui o barulho externo. Mesmo no máximo, a opção não elimina por completo o som ambiente – tudo o que ela faz é deixar os ruídos mais abafados. Eu tenho para mim que isso está mais relacionado ao encaixe do dos fones no ouvido do que uma funcionalidade dedicada.
Vale a pena?
Por R$ 1.200, o LG Tone Free FN6 cumpre menos do que promete. O gadget se encaixaria bem mais na categoria de fones intermediários do que premium, uma vez que qualidade de som não é o forte do produto. Como eu disse, não é que o áudio seja ruim – só é bastante básico e não justifica o valor cobrado. Ele seria muito melhor se tivesse graves mais potentes e sem tanto ruído, principalmente em músicas com diversos instrumentos e vozes tocando simultaneamente.
O Tone Free pode até ter um design ergonômico, além de uma conectividade bastante veloz, graças ao Bluetooth 5.0. Mas acredito que existem opções mais vantajosas no mercado. A linha Samsung Galaxy Buds possui fones com preço entre R$ 600 e R$ 900, e todos possuem som superior ao produto da LG. O Sony WF-1000XM3 sai pelo mesmo preço, mas é ainda melhor. E de quebra você ganha a função de cancelamento ativo de ruído, que neste caso realmente funciona.
Daí temos o estojo autolimpante que, nas palavras da LG, elimina 99,9% de bactérias que podem se acumular nas ponteiras dos fones. Sem dúvida, é um diferencial, mas sinto que faltou mais transparência por parte da marca. Que tipo de estudos foram feitos? E onde os consumidores podem acessá-los? Ao que tudo indica, essa é uma tecnologia que ainda está nos primeiros estágios, e talvez levaremos um bom tempo até que, de fato, ela traga algum benefício real para os usuários.