[Review] Moto E5 Plus: a bateria se garante, o desempenho derrapa

O primeiro Moto E chegou lá no primeiro semestre em 2014 como aparelho de entrada da Motorola — ele era a versão mais barata do Moto G, que era a versão mais barata do Moto X — que até então era a sensação da marca por entregar um ótimo desempenho e truques de software realmente […]

O primeiro Moto E chegou lá no primeiro semestre em 2014 como aparelho de entrada da Motorola — ele era a versão mais barata do Moto G, que era a versão mais barata do Moto X — que até então era a sensação da marca por entregar um ótimo desempenho e truques de software realmente úteis sem precisar de especificações de outro mundo.

De lá pra cá, mais de quatro anos se passaram, e a linha de aparelhos da marca teve uma multiplicação considerável. Uma nova linha de entrada (Moto C) e uma nova linha de topo (Moto Z) foram lançadas. Agora, são cinco famílias, e a ordem alfabética segue da mais básica para a mais avançada: C, E, G, X e Z. Além disso, alguns modelos têm suas versões Play, mais acessíveis, e Plus, que trazem algo a mais.

O Moto E5 Plus, olhando para esse “mapa”, é um smartphone intermediário básico (linha E) com algo a mais (Plus). Esse “algo a mais” é bem explícito ao olhar as especificações do modelo: ele conta com uma bateria de capacidade de 5.000 mAh. De resto, o conjunto é o mínimo que se espera de um smartphone em 2018, com 2 GB de RAM, 16 GB de armazenamento e processador quad-core.

O quanto um aparelho desses supre as minhas necessidades? A quem um aparelho desses se destina? Essas foram duas das perguntas que tentei responder em três semanas usando o Moto E5 Plus.

Design

A Motorola fez um belíssimo trabalho com os novos aparelhos das famílias Moto E e Moto G. Os cantos do display são arredondados, o que dá aquele charme especial. Há bordas consideráveis nos lados e bem grandes acima e abaixo da tela, mas, mesmo assim, o aproveitamento do espaço é muito bom. Na lateral direita, ficam os botões — bem moles, por sinal — de ligar e volume. Na esquerda, a gavetinha para dois chips nanoSIM e um cartão microSD. Ela é do tipo que exige uma agulha para abrir. Na parte inferior, uma saída microUSB comum — nada de tipo C. Na parte de cima, uma saída P2 para fones de ouvido.

A traseira, como já disse, é curvada, o que dá uma pegada legal para o aparelho. Apesar do tamanho, ele é confortável para usar, e o plástico dá uma boa aderência na mão. Mesmo assim, o aparelho escorregou diversas vezes nos dias que esteve comigo — bastava colocá-lo em uma superfície um pouquinho inclinada e lá ia ele para o chão. Felizmente, ele não só sobreviveu como saiu ileso a todas as quedas.

Na parte de trás também tem um leitor de impressões digitais, que fica numa altura boa. O módulo da câmera parece ser o mesmo de outros modelos: um conjunto circular que abriga uma única lente (apesar de haver ali um espaço que parece destinado a uma segunda) e o flash LED.

O Moto E5 Plus está bem longe de parecer um celular barato. A tela grandona, de 6 polegadas e proporção 18:9, a traseira curvada reluzente e a borda imitando cromado dão a famosa presença para o smartphone. Mas basta tocar para perceber que é tudo plástico, até com certo aspecto emborrachado.

Eu, inclusive, tenho minhas dúvidas se o acabamento imitando metal na borda tem uma boa durabilidade. Já tive um Samsung SII Lite que tinha alguma coisa parecida com isso no revestimento da borda e descascou bastante com o passar dos anos. Bom, não dá para fazer milagres em um celular de cerca de R$ 800.

Usando

O Moto E5 Plus mantém a tradição que a Motorola traz desde os tempos de Google: um sistema limpo, sem grandes modificações, praticamente sem bloatware. O aparelho vem com os apps do Google; o App Box com links para baixar aplicativos úteis (ou não); o Notificações Moto, com atualizações da marca e pesquisas de satisfação; o Moto, com recursos extra para o aparelho. Nada de joguinhos, redes sociais ou suítes de escritório de parceiras comerciais pré-instalados.

O Moto, aliás, é bem mais básico na linha Moto E do que nas mais caras da Motorola. Recursos como girar o aparelho para abrir a câmera ou chacoalhar para acender a lanterna não estão presentes aqui. A lista de recursos inclui o Moto Tela, que mostra estado da bateria, horário e notificações, um modo noturno que bloqueia luz azul do visor e a opção de manter a tela acesa enquanto o usuário estiver olhando para ela, bastante útil.

Não há tanto espaço livre assim para armazenamento. Dos 16 GB anunciados, 5,32 GB já vêm ocupados pelo sistema. O que sobra para o usuário, porém, até que dá bem para o gasto.

Em duas semanas de uso, eu baixei toda minha biblioteca do Spotify na chamada qualidade “Normal” (a opção de download que ocupa o menor espaço) e as mais de 1.300 faixas couberam. Ainda tive espaço para instalar mais de 50 apps, entre coisas que uso no dia a dia, coisas para testar e outras que baixei por pura curiosidade. Sobrou menos de 1 GB, é verdade, o que quer dizer que talvez não seja má ideia já deixar uma ferramenta para limpar a memória, como o Files Go, preparada. O Moto E5 Plus aceita dois chips e um cartão de memória microSD em sua gaveta, todos ao mesmo tempo, o que também pode ser uma boa opção para quem quer mais espaço.

O processador do Moto E5 Plus é um Snapdragon 425. O chip é um quad-core, com clock de 1,4 GHz. Além disso, completam o conjunto voltado para fazer a mágica acontecer 2 GB de RAM e o chip gráfico Adreno 308.

O conjunto é bem básico, e você vai acabar enfrentando as restrições esperadas em um aparelho de entrada. Eu consegui fazer praticamente tudo que faço com meu próprio smartphone, mas a lentidão é bem marcante e irrita em alguns momentos.

Rolar pelas telas não é nada suave: há uns solavancos para puxar o Google Assistente na tela inicial, por exemplo, e para rolar entre os cards dele. O Instagram e o Nubank travaram e precisaram ser fechados, e praticamente todo aplicativo demora para abrir. O reconhecimento de voz do Google não funciona com a mesma prontidão que estou acostumado, e a demora para dar um feedback para o usuário me deixou perdido várias vezes.

Enfim, acho que já deu para perceber que desempenho não é o forte do Moto E5 Plus.

“E qual o ponto forte dele?” Eu dou a resposta sem pensar duas vezes: bateria.

Os 5.000 mAh garantem muito tempo fora da tomada. Muito mesmo. Em períodos de uso mais moderado, eu consegui fazer uma recarga durar mais do que dois dias inteiros. Eu só precisava recorrer ao carregador na manhã do terceiro.

Mesmo usando bastante, com brilho de tela em 50%, o Moto E5 Plus não gastava tanto. Certamente, a resolução HD+ da tela ajuda na economia — diferente do que acontece com as FullHD que se tornaram bastante comuns no mercado ao longo dos últimos anos.

É bateria suficiente para aguentar muito bem dois dias longe da tomada, mesmo usando muito. É ótimo saber que você pode sair de casa com 30% de carga sem ter que se preocupar com tomadas, powerbanks ou ficar regulando seu próprio uso.

Câmera

A câmera traseira de 12 megapixels do Moto E5 Plus cumpre bem o que se pode esperar de um smartphone básico. As fotos tiradas com boa iluminação apresentam boa fidelidade de cores e um nível de detalhes bastante aceitável para postar em redes sociais. Não é nada de cair o queixo ou ficar impressionado, mas não faz feio. Há alguma tendência a estourar pontos de alta luminosidade. À noite, o nível de detalhes cai bastante, e as fotos saem quase sempre tremidas.

Conclusão

O Moto E5 Plus não é um aparelho para mim e muito provavelmente não é para você, leitor do Gizmodo fissurado em tecnologia. Meu dia a dia com o celular envolve vários apps, com grande foco em redes sociais e trabalho, então o multitarefas precisa funcionar e o armazenamento precisa dar conta de tudo. São dois aspectos em que o Moto E5 Plus falha.

Eu iria detestar usar este telefone no meu dia a dia — tanto que interrompi o teste alguns dias antes de devolver o aparelho e voltei a usar meu próprio smartphone, que é mais rápido e tem mais espaço de armazenamento. Para ser justo com o Moto E5 Plus, eu provavelmente teria feito a mesma coisa com outros telefones da mesma categoria. Mas talvez ele não seja tão ruim assim para quem usa pouco ou tem um uso limitado em apenas alguns apps.

Usuários que não lotam o smartphone de aplicativos, não esperam qualidade alta em transições de tela, não dependem do multitarefas podem se dar bem com ele. A bateria garante um ótimo período longe da tomada e o design é bem carismático, além de ser bastante confortável para as mãos, com a traseira curvada, e para os olhos, com a tela de 6 polegadas.

Eu penso bastante nos meus pais quando digo isso: eles usam o celular basicamente para redes sociais, WhatsApp e aplicativos de banco — coisa que o Moto E5 Plus cumpre bem. Eles também sofrem com a pouca duração de bateria, se esquecem de carregar e ficam incomunicáveis — outro ponto em que o Moto E5 Plus se destaca.

Só que aí chegamos em outro problema: o preço. O Moto E5 Plus está custando por volta de R$ 800. Com um pouco a mais que isso, entre R$ 850 e R$ 900, dá para levar um Moto G6 Play, que tem bateria um pouco menor, mas ainda assim grande (4.000 mAh), o dobro de memória de armazenamento (32 GB) e mais RAM (3 GB).

Há ainda opções mais interessantes em uma faixa de preço parecida (como o Samsung Galaxy J7 Prime) ou equivalentes por um valor menor (o Moto E4 Plus, seu antecessor, não é tão pior e sai por cerca de R$ 650).

Em um cenário tão concorrido, eu esperaria o Moto E5 Plus cair um pouco mais de preço para se tornar um bom negócio — desde que você não dependa de desempenho.

Especificações

Processador: Qualcomm Snapdragon 425
Sistema: Android 8.0
Memória: 16 GB de armazenamento com 2 GB de RAM
Câmeras: 12 megapixels (traseira) f/2.0 e 5 megapixels (frontal) f/2.0
Tela: 6” HD+ com proporção 18:9
Bateria: 5.000 mAh
Dimensões: 160,9 x 75,3 x 9,35 mm (A x L x P)
Peso: 196,6 gramas
Portas: fone de ouvido convencional e microUSB
Sensor biométrico na traseira

Atualizado

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