[Review] Motorola One Vision: muitas virtudes e um grande defeito

A Motorola vem apostando bastante na sua linha One. O segundo aparelho da linha foi lançado, o Motorola One Vision, foi lançado há alguns meses e promete imagens de boa qualidade. Além disso, traz uma tela de proporções incomuns e promete atualizações rápidas do sistema operacional por fazer parte do programa Android One. Nós testamos […]
Fotos: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

A Motorola vem apostando bastante na sua linha One. O segundo aparelho da linha foi lançado, o Motorola One Vision, foi lançado há alguns meses e promete imagens de boa qualidade. Além disso, traz uma tela de proporções incomuns e promete atualizações rápidas do sistema operacional por fazer parte do programa Android One. Nós testamos o aparelho por algumas semanas e comentamos como ele se sai.

O que é?

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O Motorola One Vision é provavelmente o celular mais bonitão que eu testei nos últimos tempos. A tela tem proporção 21:9, mais alongada na vertical que a maioria dos aparelhos disponíveis hoje no mercado e bem mais alongada do que os celulares de dois anos atrás.

Isso faz com que o celular fique mais elegante e confortável de segurar — méritos também para a traseira com curvas nos lados e centro plano. Apesar de ter 6,3 polegadas na diagonal, a largura é mais ou menos equivalente a um celular de tela de 5 a 5,2 polegadas de umas duas gerações passadas, aquelas de proporção 16:9 — ou seja, cabe bem na mão.

Com o espaço extra na vertical, fica mais fácil visualizar documentos e conversas mesmo com o teclado aberto. Aliás, a pouca largura deixa bem fácil digitar com uma mão só, deslizando o dedo pelo Gboard. Também dá para expandir vídeos do YouTube e da Netflix para ocupar a tela toda, mas você acaba perdendo um pouco da imagem por conta do recorte e do “olhinho” da câmera frontal.

O formato também é interessante para alguns games que colocam botões virtuais nas laterais da imagem, já que dá mais espaço no centro da tela para ver o que está acontecendo.

Por outro lado, fica meio difícil alcançar a barra do topo da tela para puxar as notificações. Felizmente, há um truque para isso que pode ser ativado nas configurações do sistema: passar o dedo no leitor de digitais, que fica na parte traseira do aparelho, abre a seção de notificações.

Além disso, a tela tem resolução FullHD+. Os 1080 pixels da largura, porém, estão distribuídos por uma largura menor, o que leva o número de pixels por polegada para 435 — um Moto G7, para efeito de comparação, tem 403. Na prática, isso significa imagens com ótima definição e fontes sem serrilhados.

Infelizmente, a tela é LCD IPS e não AMOLED. Há ajustes de software para compensar a saturação das cores, mas os pretos da tela não são tão profundos. Isso fica bem evidente no Moto Tela, que mostra os ícones das notificações e o relógio. A tela toda é ativada, aí dá pra ver bem que o preto da tela ligada não é tão preto assim.

Seguindo as últimas tendências de design, a Motorola colocou sua câmera central em um furico na tela do aparelho. Ela preferiu o lado esquerdo e não o direito, como a Samsung fez com o S10, o que quer dizer que aqueles apps e planos de fundo não vão funcionar direito.

Eu achei a solução do olhinho estranha no começo — no One Vision, ele é bem grande e nada discreto, o que faz com que a barra de status do sistema tenha altura suficiente para duas linhas de ícones, apesar de só mostrar mesmo uma. Com o tempo, me acostumei e passei a achar menos incômodo. Uma coisa chata é que você acaba esquecendo e mete o dedo ali várias vezes, o que pode deixar a lente engordurada e atrapalhar sua beleza nas selfies.

Ah, vale dizer: o Motorola One Vision vem com saída para fones de ouvido, essa coisa que está entrando em extinção nos dias de hoje. Também tem entrada para cabo USB tipo C e um alto-falantes bem potente.

Usando

As especificações do Motorola One Vision não se destacam tanto nos dias de hoje. 4 GB de RAM, como muita gente já oferece nessa faixa de preços há um tempo. 128 GB de armazenamento é bastante e garante que você não terá problemas com espaço para apps e vídeos. O processador é um octa-core de 2.2 GHz que chama a atenção por ser da Samsung — é um Exynos 9609.

No geral, o conjunto garante um bom desempenho: nenhum travamento, nenhuma lentidão na hora de trocar entre apps ou abrir notificações. Joguinhos leves rodaram bem.

Aliás, trocar de apps me leva a falar sobre a experiência com o Android 9.0 Pie em um aparelho do programa Android One, que garante duas atualizações para o aparelho.

Se você está esperando um sucessor espiritual da linha Nexus, já aviso que ele não é bem isso. Não é um sistema totalmente puro, não. Como já mencionei lá em cima, tem o aplicativo Moto. Não tenho do que reclamar, porém, pois ele adiciona extras realmente úteis. É ele o responsável pela a tela preta de notificações que liga sozinha ao tirar o aparelho do bolso e pelos gestos para abrir câmera e ligar lanterna.

Mesmo assim, dá para dizer que ele é “mais puro” que o da linha G. Tem a tal da navegação por pílula, com aquele botãozinho único na barra inferior da interface, e o campo de busca do Google na parte de baixo da tela inicial e da tela de multitarefas.

De fato, o sistema teve atualizações bem rápidas — eu me lembro de duas durante o período que fiquei com o aparelho. Todas elas são bem discretas em termos de mudanças. Em uma, a porcentagem de carga da bateria deixou de aparecer dentro do ícone na barra de status e passou para o lado dele, o que facilita a visualização. Em outra, um bug chato que acontecia com fones Bluetooth foi consertado. E, claro, houve atualizações de segurança no Android.

Câmera

A câmera é um dos destaques do Motorola One Vision. Na traseira, são duas lentes: uma principal, de 48 megapixels, e uma secundária, de 5 megapixels, para dar efeitos de profundidade. Na frente, uma câmera de 25 megapixels para selfies. Além disso, a Motorola aposta em inteligência artificial e truques de software.

Os 48 megapixels da câmera principal funcionam no esquema Quad Pixel. Isso significa que cada quatro pontos podem virar um único na imagem como forma de compensar a falta de luz. Além disso, a Motorola colocou um modo Night Vision para tentar tirar fotos melhores com pouca iluminação. O resultado é razoável: o resultado final é uma foto com aspecto bastante artificial, mas não tem como negar que há mais detalhes do que você conseguiria sem o recurso.

O aplicativo da câmera sugere diferentes modos de acordo com o que ele identifica da cena que você está tentando capturar. É o seu jantar num restaurante chique? Ele sugere o modo Comida. É uma pessoa? Ele sugere o modo Retrato. É uma paisagem? Por do Sol. Escuro demais? Night Vision. Você pode ativar todos esses modos manualmente ou mesmo desativá-los caso o aparelho identifique essas cenas.

As fotos em si são bem boas em condições adequadas de iluminação. Os detalhes são preservados mesmo com a junção dos quatro pixels em um. Há alguma tendência em saturar as cores, mas nada que distorça muito o assunto fotografado.

Em condições ruins de luminosidade, porém, os resultados são um pouco irregulares. Com o Night Vision e fotografando cenas estáticas, dá para tirar boas imagens. Em outros casos, a câmera tenta compensar aumentando o tempo de exposição, o que acaba deixando as imagens tremidas. E sim, tem ruído. Um pouco menos que a média dos intermediários, mas tem.

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Bateria

O Motorola One Vision conta com uma bateria de 3.500 mAh de capacidade. O número não é ruim, já que hoje em dia praticamente todo celular tem no mínimo 3.000 mAh. Porém, o celular parece pouco econômico na hora de usar e administrar essa capacidade. Por isso, o One Vision dura um dia fora da tomada com uso moderado, isto é, duas horas de streaming de música e mais três ou quatro horas com a tela ligada e uso de redes sociais.

Se você for recorrer a alguma coisa que gaste mais, como usar Waze ou Maps para se guiar, tirar fotos usando a câmera ou mesmo escrever textos no Documentos do Google, provavelmente ele vai precisar procurar uma tomada antes do fim do dia.

Foi o que aconteceu comigo em um dia em que saí de casa às 7 da manhã para cobrir um evento e precisei usar o celular para fotos e anotações, além de uso intenso de 4G. Às 19h, a bateria estava com menos de 10% da capacidade, e precisei procurar uma tomada onde eu estava para conseguir chamar um Uber e ficar comunicável para voltar para casa.

Grande parte disso acontece, acredito eu, por causa da tela. Com uma densidade maior de pixels, ela exige mais iluminação, o que drena a bateria com mais rapidez. Segundo o AccuBattery, app para Android que uso para ver melhor o uso dos celulares que testo, o gasto com a tela ligada chega a fica entre 9% e 12% por hora.

O One Vision vem com um carregador rápido de 10W, mas não espere maravilhas. Ainda segundo o AccuBattery, ele não passa de 40% por hora.

Conclusão

O Motorola One Vision é um bom celular. Ele tem uma tela com ótima qualidade de imagem e boa usabilidade com a proporção 21:9 e o Android One garante atualizações rápidas e um bom grau de pureza (se é que podemos chamar assim) ao sistema. A câmera tem ótima qualidade — não chega a ser impressionante, mas é muito boa para essa faixa de preço.

O que deixa muito a desejar é a bateria. Por mais que a Motorola argumente que a limitação é por uma questão de design, para não deixar o aparelho muito grosso ou pesado, não dá para admitir que um celular não consiga passar um dia inteiro fora da tomada em 2019. E capacidade parece não ser o único problema, mas sim uma combinação desse fator com o processador, a tela e o sistema puro do Android One.

Por isso, fica difícil recomendar o Motorola One Vision de maneira ampla. Para quem vê muitos vídeos e gosta de tirar fotos, pode ser uma boa compra, mas quem depende muito do celular e precisa de uma bateria que aguente o dia a dia vai ficar desapontado.

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