[Review] Zenfone 5: eu te conheço de algum lugar?

Quando a Asus desembarcou seus smartphones no Brasil em 2014, o representante para a chegada era um Zenfone 5. Quatro anos depois, a marca decidiu reciclar o nome de um celular já lançado, mas com diferenças fundamentais: a cara é outra, o preço é outro, e a qualidade também. O primeiro Zenfone 5 era um […]

Quando a Asus desembarcou seus smartphones no Brasil em 2014, o representante para a chegada era um Zenfone 5. Quatro anos depois, a marca decidiu reciclar o nome de um celular já lançado, mas com diferenças fundamentais: a cara é outra, o preço é outro, e a qualidade também.

O primeiro Zenfone 5 era um aparelho interessante, principalmente para um smartphone de entrada. Na época em que ele foi lançado, considerei-o como o primeiro concorrente que realmente tentava bater de frente com o Moto G, sucesso indiscutível da Motorola. De lá pra cá muito mudou, e nem o Moto G, nem este Zenfone 5 de 2018 são aparelhos de entrada. Os preços subiram, o patamar veio junto.

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Passei os últimos dias testando o novo Zenfone 5 para entender qual é a desse aparelho e conto minha experiência aqui:

Dando uma olhada no visual

A primeira reação ao tirar o Zenfone 5 da caixa foi um susto: ele pulou para fora e quase se espatifou no chão. A caixa que a Asus fez para o aparelho é apertada e não tem muito espaço para ele descansar. A segunda reação, quando liguei o celular, foi uma cara de desaprovação ao me deparar com o entalhe, que imediatamente me lembrou do iPhone X.

Começando pelo fato de o entalhe ser uma uma característica zoada, ele não tem inspiração nenhuma aqui. Enquanto isso, eu vou tentando me convencer e me acostumar, porque todo mundo está abraçando o chifre e chamando de seu – menos a Samsung.

Eu acho feio demais, mas pelo menos o chifre do celular da Asus não é tão grande e eles conseguiram aproveitar 90% do espaço frontal. Enquanto meu cérebro entrava numa batalha entre o costume e a solução, decidi ocultar o entalhe em uma função disponível nas configurações do celular. Sei lá, talvez se eu passasse umas três semanas vendo esse negócio eu passaria a ignorá-lo e aos poucos aceitá-lo. Quem sabe eu passasse a amá-lo, mas acho difícil.

Quando virei o celular e fui dar uma olhada no visual da traseira, tive mais um flash do iPhone X passando pelos meus olhos. Mas quando eu olhei com cuidado para essa parte de trás, reparei que ele não era idêntico ao celular de sete mil reais. O posicionamento do conjunto de câmeras traseiras é muito parecido – a diferença é que o flash do celular da Apple fica entre um sensor e outro, enquanto que o Zenfone 5 deixa a luzinha embaixo. O acabamento de vidro tem aquele efeito de círculo concêntrico, que a Asus usa há bastante tempo – é bonitinho! Mas cuidado que esse celular escorrega em superfícies levemente desniveladas e ninguém quer ter um pedaço vidro estraçalhado ambulante.

O celular abriga um leitor de impressões digitais na traseira, numa posição bem fácil de alcançar com o indicador. Eu sei, tem gente que não gosta, não dá para desbloquear o celular com a digital enquanto ele está em cima da mesa, por exemplo. Também não acho que seja a posição ideal, mas o leitor funcionou tão bem que eu acabei relevando o incômodo. Você sabe, é preciso fazer algumas concessões em qualquer relacionamento.

Na hora de configurar o celular, existe a opção para desbloquear via reconhecimento facial, mas a tecnologia empregada não faz uma leitura 3D com detalhes do seu rosto, muito menos garante segurança. O próprio dispositivo avisa que alguém ou alguma coisa parecida com você pode desbloquear o celular – uma foto pode ser capaz de liberar o acesso, por exemplo. Uma verdadeira traição.

O leitor de digitais funciona tão bem que eu não vi motivo para arriscar com o reconhecimento facial.

Como foi usar o celular


As semelhanças com o iPhone não param por aqui. A Asus adicionou um recurso de “temperatura de cor automática” e “otimização de cor da tela”, que basicamente funcionam como o TrueTone da Apple, que ajusta o balanço de branco de acordo com o ambiente que você está. Eu deixei o recurso ativado e logo me irritei. As alterações eram muito constantes e muito perceptivas, mesmo no mesmo ambiente. A mínima variação do ângulo do celular já alterava a temperatura de cor da tela.

O Zenfone 5 tem uma tela grandona, um painel IPS LCD de 6,2 polegadas, com resolução Full HD. Mas ela aparece em um corpinho esbelto (153 x 75.7 x 7.9 mm), com um bom encaixe na mão, além de ser leve com 155 gramas.

O display é bonito, as cores são bem vivas, mas só quando você olha de frente. Se o Zenfone percebe que você não tá naquele clima de olho no olho, ele distorce as cores no mínimo de diferença no ângulo de visão.

Se você acende a tela do celular enquanto ele está numa mesa, por exemplo, verá um tom avermelhado bem forte, principalmente enquanto estiver navegando em uma página que contenha bastante branco – o que, pelas minhas contas, são a maioria dos aplicativos. Não que você vá ficar usando o celular enquanto ele está na mesa, mas esse é um cuidado que esperamos para um celular desse nível.

ZeniMoji, o Animoji da Asus. Não funciona nada bem, os movimentos não ficam naturais e por vezes eu parecia estar tendo um treco.

Ter a companhia do Zenfone 5 foi uma experiência bem mediana. Ele não traz consigo um recurso inovador. Quando se trata de desempenho, ele cumpre o papel que esperamos de um celular nessa faixa de preço. O cérebro do aparelho é um Snapdragon 636, teoricamente um chip inferior ao utilizado no Zenfone 4 (Snapdragon 660), mas a Asus promete que fez uns truques para aumentar a velocidade do processador e gastar menos bateria. Parece que funcionou.

Esse processador é acompanhado de 4 GB de RAM. O celular soube fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo e as tarefas mais básicas que se faz com o celular se cumprem com tranquilidade. A GPU Adreno 509 dá uma escorregada aqui ou ali com algumas animações ligeiramente travadas ao abrir ou trocar entre um aplicativo e outro, mas não cheguei a ficar irritado com isso.

A bateria mandou bem

A bateria não me deixou na mão, mesmo nos dias que passei bastante tempo lendo no trajeto entre casa e trabalho, por exemplo. Geralmente, na ida leio meus emails, notícias e revistas enquanto ouço Spotify. No período que estou por lá, tiro uma foto de vez em quando, troco algumas mensagens e ele fica boa parte do tempo em stand-by. Volto na mesma pegada da ida, lendo alguma coisa e escutando música. Nessa jornada toda, que geralmente dura entre 12 e 14 horas, o celular ainda tem uns 35% de bateria restante.

Se você gosta de jogar no tempo livre, recomendo levar o carregador do celular com você, só para garantir – dependendo do quão clara a tela está ou do que você está jogando, a bateria pode ir embora rapidinho, mas essa não é uma exclusividade dos celulares da Asus ou do Android. O mesmo vale para aqueles dias de trabalho mais intenso, que você sabe que precisará tomar mais notas, tirar mais fotos.

A Asus está preocupada com a saúde de bateria, inclusive. Dentro da função “Power Master” no menu de bateria, você pode checar a saúde da sua célula e ativar um modo de inteligência artificial. Ao colocar o smartphone para carregar à noite, esse modo tenta entender os seus hábitos e recarrega até 80% durante o sono, e só leva a carga até 100% quando você estiver próximo de acordar, para reduzir o desgaste.

E o Android da Asus, como é?

Agora, precisamos conversar com a ZenUI, a aparência do sistema do celular – a camada de personalização da Asus que vai por cima do Android 8 Oreo. Você melhorou, ZenUI. Mas não fez mais do que a obrigação e olha, ainda está muito mediano para o meu gosto.

Fez muito que bem em deixar de lado tantos aplicativos pré-instalados que ninguém usava. A central de notificações está bonitinha, também – os ícones são legais e há uma coerência na organização.

O tal atalho que comento aqui não aparece na tela inicial, mas em todos os outros apps.

Agora, péssima ideia manter um atalho o tempo todo na barra de na navegação (na parte inferior do telefone) para que o usuário escolha se quer escondê-la ou fixá-la. Se eu escolhi uma vez, pronto. No máximo, me mostre o caminho para alterar esse ajuste. Insistente demais.

O mesmo vale para o aplicativo de marcação de página no navegador – que só depois de alguns dias descobri que podia ser desativado dentro das configurações “Avançadas” no menu de ajustes. É super inconveniente e eu toquei nesses atalhos muitas vezes, sem querer.

Outra coisa: os recursos bacaninhas que você tem, por que estão tão escondidos? Dentro desse mesmo menu “Avançado” que citei acima, existe uma série de opções interessantes: Twin Apps para configurar duas contas para um mesmo aplicativo (como Facebook e WhatsApp), o Game Genie (que ganhou uma tradução péssima com “Jogo Genie”) para configurar transmissões ao vivo de joguinhos direto pelo celular e o Protetor Pessoal ZenUi, que funciona basicamente como um “modo socorro”, para ligar para um contato de emergência.

Deixa isso mais fácil, reúna tudo em um aplicativo. A Motorola tem em seus aparelhos uma central para definir os ajustes dos truques.

Tirando fotos


Existe uma expectativa maior quando um celular tem duas câmeras traseiras. A expectativa fica ainda maior quando a Asus reforça que o sensor de imagem é da Sony e que há um software de inteligência artificial para detectar o que será fotografado. Então, quando eu vi os resultados de algumas das fotos que eu tirei, bateu uma decepção grande. Dá uma olhada:

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Clique aqui para ver as imagens em tamanho ampliado.

Fica claro que o HDR do Zenfone 5 é muito zoado e que praticamente não dá para usá-lo. O pior é que o recurso vem ativado em modo automático por padrão – a minha recomendação é logo desligar isso para evitar essas deformações nos tons. Dito isso, fica claro que a câmera do celular da Asus está um passo atrás de seus concorrentes diretos. Um modo HDR inútil é demais; a câmera grande angular tem pouquíssima qualidade e em ambientes escuros os resultados são bem inconsistentes.

O Zenfone 5 é pra você?

O Zenfone 5 está R$ 100 mais caro do que o seu antecessor (com o pagamento à vista) ou R$ 150 a mais (a prazo). Ou seja, você precisa desembolsar R$ 1.999 ou R$ 2.249. É uma baita grana, dá para fazer bastante coisa com dois mil reais, mas esse é o ponto em que chegamos: um celular que não pode ser considerado topo de linha custa isso aí, seja ele da Asus, da Motorola ou da Samsung.

A disputa entre os “intermediários premium” recém-lançados, como Moto Z3 Play, Galaxy A8 e o próprio Zenfone 5, é bem acirrada. Na minha experiência, a câmera mandou mal, mas fora isso foi tranquilo usá-lo como meu celular principal do dia a dia. A tela é bem bonita (quando se esconde o chifre), não tive dores de cabeça em relação ao desempenho e a bateria foi eficiente para mantê-lo vivo o dia inteiro. A opção da Motorola tem os Snaps e um Android puro, já o da Samsung uma interface mais refinada e câmera mais esperta. Depende das suas preferências e critérios.

É difícil falar de intermediário premium sem lembrar dos topos de linha lançados há um ano. Às vezes você coloca mais uns 100 ou 200 reais e leva com uma baita câmera e um processador mais potente, num aparelho que ainda tem fôlego para os próximos anos.

O fato é que o Zenfone 5 é um celular bom o suficiente em sua faixa de preço e categoria. Não surpreende, mas também não faz feio. Você sabe, dentro da média.

USB-C e plug tradicional para fones de ouvido!

O Zenfone 5 é magrinho, até.

Especificações

Processador: Qualcomm Snapdragon 636
Sistema: Android 8.0 com ZenUI 5.0
Memória: 64 GB de armazenamento com 4 GB/6 GB de RAM
Câmeras: dupla de 12 megapixels (traseira) f/1.8 e 8 megapixels (frontal) f/2.0
Tela: 6,2” FHD com proporção 19:9
Bateria: 3.300 mAh
Dimensões: 153 x 75,7 x 7,9 mm (A x L x P)
Peso: 155 gramas
Portas: fone de ouvido convencional e USB-C
Sensor biométrico na traseira

Fotos: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

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