Robô subaquático mostra derretimento na base da “Geleira do Juízo Final”

O recuo da Geleira do Juízo Final pode fazer com que o nível do mar aumente até 3 metros - o que preocupa cientistas
Robô subaquático mostra derretimento abaixo da “Geleira do Juízo Final”
Imagem: Icefin Robot/YouTube/Reprodução

Pense em uma geleira derretendo. É possível que sua mente tenha criado a imagem de um grande bloco de gelo perdendo material de seu topo. A ideia não está errada, mas é limitada. 

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As geleiras perdem gelo de todos os lados, incluindo em sua extremidade inferior, que fica dentro do oceano e acaba sendo invisível para nós. 

O que acontece dentro da água

Mas entender o que acontece dentro d’água é crucial para avaliar o impacto das mudanças climáticas. Foi isso que cientistas tentaram fazer em dois estudos sobre a geleira Thwaites, na Antártida, recém publicados na revista científica Nature.

A geleira Thwaites também chamada de “Geleira do Juízo Final”. Ela é maior que o estado da Flórida, nos Estados Unidos, com seu recuo podendo causar uma elevação de 1 a 3 metros no nível do mar. 

O ponto de encontro entre a geleira e o oceano é conhecido como “linha de aterramento”. Para se ter uma ideia, essa parte de Thwaites já recuou 14 quilômetros desde os anos 1990.

Ainda não está claro, no entanto, como o derretimento ocorre. Para descobrir detalhes, os cientistas enviaram um robô chamado Icefin ao fundo da geleira.

O objeto, que pode ser controlado remotamente, obteve imagens subaquáticas da região na Antártica. Confira:

Água doce

Durante o estudo, a equipe identificou uma camada de água doce fria entre o fundo da parte lisa da plataforma de gelo e o oceano mais quente. Tal detalhe parece levar a geleira a derreter mais devagar. 

Mas há um contraponto. A água quente formou rachaduras profundas e formações de “escadas” que estão fazendo o gelo entrar no bloco e derreter mais rápido em algumas partes da geleira. Esse é um ponto de preocupação que pode causar danos graves no futuro. 

A equipe também coletou amostras de água para analisar a situação no fundo do mar. Ao longo de nove meses de observações, a água perto da linha de aterramento tornou-se mais quente e salgada, mas a taxa de degelo permaneceu estável em cerca de 2 a 5 metros por ano – um valor menor do que havia sido previsto por modelos de computador.

É importante que os cientistas desvendem os processos por trás da Geleira do Juízo Final para tentar mitigar seus impactos e, consequentemente, evitar o aumento do nível do mar.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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