Como os russos imaginavam o ano 2017 em 1960
Como as pessoas da União Soviética esperavam viver em 2017? Slides de 1960 mostram que suas expectativas eram parecidas com as previsões dos americanos. Com um toque extra de comunismo, é claro.
Matt Baillie do grupo de Facebook Soviet Visuals me deu uma dica sobre os slides retro futuristas que eram projetadas nos anos 60 através do Diafilm, um projetor soviético que era extremamente popular na época.
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As ilustrações foram criadas por L. Smekhov e escritas por V. Strukova and V. Shevchenko. E é incrível como eles são próximos ao que era produzido nos EUA quanto aos sonhos tecnológicos.
Eu incluí algumas imagens selecionadas do que parece ser a fonte original (Sergey Pozdnyakov) abaixo, junto com algumas traduções do Moscow Times, que o nosso editor que fala russo confirmou serem corretas.
O primeiro slide diz “No ano 2017”, obviamente.
Um dos painéis mostra os estudantes do ano 2017 usando um “dispositivo de cinema especial” que permite que eles vejam como a União Soviética foi criada e se desenvolveu. O interessante é que a ilustração parece muito inspirada na exposição Futurama da Feira Mundial de Nova Iorque de 1939.
Visitantes da feira que fossem à atração Futurama podiam ver cidades futuristas de maneira muito semelhante à que as crianças Soviéticas viam acima.
Muito parecido com os sonhos que eram vendidos nos EUA no meio do século, tudo na União Soviética do futuro era movido com energia atômica! Incluindo os trens.
Do Moscow Times:
As crianças ouvem a voz do narrador: “E aqui está a represa sobre o estreito de Bering. Você ouve aquele zumbido? Trens movidos a energia atômica. A represa bloqueia as correntes de água fria do Oceano Ártico melhorando o clima.
A perfuração do futuro também será avançada. “E então, a superfície da terra meio que derreteu, e você pode ver o que estáva acontecendo nas entranhas da terra. Nas profundezas de vulcões, barcos toupeira subterrâneos feitos de aço especial resistente ao calor rompem minas atrás de fontes eternas de energia.”
E tem viagem espacial fantástica também, obviamente.
Do Moscow Times:
Então no filme, a Terra desaparece. No espaço sideral, quase na velocidade da luz, foguetes interestelares saem para o sistema planetário mais próximo, Alpha Centauri.
As imagens de viagem espacial são definitivamente soviéticas, mas os americanos talvez reconheçam um toque de Chesley Bonestell do meio dos anos cinquenta.
Nós conhecemos um jovem menino chamado Igor nos slides, seus pais trabalham no controle climático. Controle climático, era algo no qual tanto os EUA quanto a União Soviética eram obcecados durante a Guerra Fria, como uma arma em potencial.
Acima nós vemos Igor inserindo uma “nota de instrução” na cozinha computadorizada, que faz o seu café da manhã. Depois a máquina ler as instruções “pás especiais medem o que é preciso, e facas especiais cortam os vegetais rapidamente”.
Se isso tudo parecer com os Jetsons para você, é porque é parecido mesmo. E esses slides foram produzidos dois anos antes dos Jetsons irem ao ar na TV americana.
Os Jetsons roubaram as ideias desses slides soviéticos? Provavelmente não. É mais um dos motivos para lembrarmos que os Jetsons era um show de paródia, pegando idéias do futurismo dos anos 50 e as levando ao absurdo. Essa cozinha computadorizada provavelmente foi inspirada em outras projeções furutistas dos anos cinquenta. Talvez tenha sido inspirada pela feira futurista em Moscow em 1959, organizada pelos americanos que eram muito mais obcecados com comida do futuro do que os soviéticos era nesse período.
A casa de Igor tem um videofone, como esperado. Você pode vê-lo à esquerda enquanto Igor corre para falar com sua mãe. Assim como nos Jetsons, a distância não é uma barreira para a comunicação nessa versão de 2017.
A mãe de Igor por acaso está em um “jardim de infância flutuante” do futuro sobre o Mar Negro.
Do Moscow Times:
“Você está… no Mar Negro?” Igor pergunta, surpreso. “Estou aqui para trabalhar”, ela diz. “Estou inspecionando os jardins de infância flutuantes do Mar Negro, e eu também vim ver o nosso. Ligue para o seu pai e diga para ele que não estarei em casa até amanhã”.
E o que acontece quando você está nos duros elementos do inverno, como na cena acima?
Você vai pra baixo da terra…
…onde uma incrível e perfeita utopia climática espera por você.
Essas cidades subterrâneas são muito produtivas. Essa, chamada Uglegrad está mostrando a um grupo de estudantes visitantes o quanto eles produzem.
Mas não é trabalho duro. “Uma fonte eterna reina”, como o guia se gaba do que eles construíram no subterrâneo no futurista ano de 2017.
E assim como as impressionantes brocas ilustradas nos EUA por pessoas como Arthur Radebaugh e Walt Disney (na direção de Ward Kimball em “Magic Highway, USA” de 1958) os soviéticos tinham sua própria versão.
O pai de Igor trabalha no sistema de controle climático, como o que vemos acima.
Mas tem problema no paraíso, os imperialistas sujos (leia: americanos) estão mexendo com armas que não deveriam.
Do Moscow Times:
Enquanto isso, de volta ao Instituto Central de Controle Climático, onde o pai de Igor trabalha, temos péssimas notícias. “Acabamos de ser informados”, o meteorologista chefe anuncia, “que os últimos imperialistas restantes, escondidos em uma ilha remota, testaram uma arma meson proibida. Durante o teste, houve uma explosão de força sem precedentes, que destruiu a ilha inteira e simultaneamente criou perturbações atmosféricas através do planeta”.
O que o pai de Igor irá fazer? Os sujos e podres imperialistas causaram uma tempestade com suas malditas armas em seus testes no sul do Pacífico.
A estação climática precisa ser enviada para salvar o maior número de pessoas possível.
Do Moscow Times:
Na tela da televisão da estação, uma imagem do Mar Negro pisca. Um tornado gigante arranca o telhado de casas, destruíndo um vilarejo de cem anos.
Os corajosos homens da estação climática salvaram o dia.
Quando a estação climática volta para Moscou, os homens são saudados como heróis, tendo usado seus poderes de controle climático para salvar centenas de vidas.
Igor e seu pai se abraçam, enquanto todos em Moscou se unem em um grande suspiro de alívio e mulheres jogam flores nos bravos heróis soviéticos.
E a família está reunida, ao menos através do videofone no momento. Os terríveis efeitos climáticos das armas dos imperialistas foram contidos no glorioso ano de 2017, mas os últimos vestígios de seu movimento capitalista provavelmente não foram apagados de vez. Nós presumimos que a vigilância continue sendo necessária.
Uma pessoa também fez uma versão em vídeo, caso você prefira ver nesse outro formato:
Imagens: painéis de 1960 de slide sobre a União Soviética em 2017 (via Sergey Pozdnyakov).