O crescente número de satélites da Starlink na órbita da Terra está causando grandes problemas para astrônomos e pesquisadores, atrapalhando a observação do Universo. Um estudo do Astron (Instituto de Radioastronomia da Holanda), publicado na última quarta-feira (18), revela que a radiação dos satélites da Starlink, sobretudo os da segunda geração, está causando interferência em radiotelescópios.
Consequentemente, os satélites da Starlink dificultam a observação de corpos celestes distantes e afeta o trabalho de astrônomos que estudam os corpos celestes distantes.
A radiação que os satélites emitem – de maneira não intencional – é mais forte do que as fontes de luz que os radiotelescópios tentam captar. Segundo Jessica Dempsey, diretora da Astron, a radiação dos satélites da Starlink está atrapalhando a observação de jatos cósmicos de buracos negros no centro das galáxias.
Além disso, os satélites da Starlink, segundo Dempsey, também atrapalham a observação das primeiras galáxias, “a milhões e milhões de anos-luz de distância”, bem como exoplanetas. Veja:
Lei de Musk: SpaceX prometeu resolver o problema, mas ficou na promessa
Apesar de algumas ações da SpaceX para “não atrapalhar” a observação astronômica, como pintar os satélites de preto, a situação não melhorou.
Na verdade, o problema tende a piorar conforme a SpaceX continue enviando mais satélites da Starlink a órbita, lançando dezenas desses satélites toda semana, aumentando a interferência e atrapalhando ainda mais as observações terrestres.
Os satélites da Starlink da segunda geração (V2) emitem radiação 32 vezes mais fortes que os satélites da primeira geração. Esse nível ultrapassa os limites estabelecidos pela União Internacional de Telecomunicações.
Semanalmente, a SpaceX lança 40 satélites da Starlink V2. A radiação desses satélites é cerca de 10 milhões de vezes mais brilhantes que as fontes de luz mais fracas do Universo, segundo Cees Bassa, autor do estudo.
Portanto, o futuro da observação astronômica está ameaçado pela interferência satélites da Starlink. Nessa história, algo que não surpreende é uma empresa de Elon Musk causando problemas à sociedade.
Em julho do ano passado, o Giz Brasil publicou sobre o vazamento de radiação de mais de 40 satélites com vazamento de radiação que estavam atrapalhando a observação astronômica.
Naquela matéria, citamos que a SpaceX trabalhava em uma solução definitiva, mas, assim como muitas das promessas de Elon Musk, essa solução ainda não chegou.