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Sêmen congelado há 50 anos deu vida a dezenas de cordeiros saudáveis

Sêmen congelado em 1968 foi utilizado para inseminar dezenas de ovelhas merino e deu vida a dezenas de cordeiros saudáveis. Os cientistas australianos que fizeram isso acontecer dizem que esse é o esperma mais velho já usado para produzir uma prole. Um time de pesquisa liderado por Simon de Graaf do Instituto de Agricultura de […]

Cordeiro nascido de inseminação artificial com sêmen congelado há 50 anos

Um dos novos cordeiros nascidos a partir do sêmen de 50 anos. Imagem: Morgan Hancock

Sêmen congelado em 1968 foi utilizado para inseminar dezenas de ovelhas merino e deu vida a dezenas de cordeiros saudáveis. Os cientistas australianos que fizeram isso acontecer dizem que esse é o esperma mais velho já usado para produzir uma prole.

Um time de pesquisa liderado por Simon de Graaf do Instituto de Agricultura de Sydney e da Escolha de Ciências Ambientais e de Vida inseminou 34 ovelhas da raça merino com o esperma de carneiro que havia sido congelado há 50 anos. Surpreendentemente, o esperma obteve uma taxa de natalidade similar ao sêmen congelado por 12 meses.

O sêmen original foi doado pela família Walker, que atualmente mantém cerca de oito mil ovelhas em Yass Plains em Nova Gales do Sul, Austrália. Em 1968, o cientista veterinário Steven Salamon congelou pastilhas do esperma de um carneiro merino utilizando nitrogênio líquido, com o objetivo de testar a viabilidade a longo prazo da criopreservação de sêmen.

Esse último experimento sugere que o esperma pode permanecer congelado por pelo menos 50 anos, sem efeitos colaterais discerníveis. Essa notícia não é boa somente para os cientistas veterinários, mas também para pessoas que correm o risco de perder sua fertilidade, como homens que estão passando por quimioterapia, por exemplo.

Os cientistas Simon de Graaf e Jessica Rickard. Imagem: Morgan Hancock

A notícia também é importante para geneticistas que procuram entender como seleção artificial alterou o DNA da pecuária. Neste caso, os cordeiros recém-nascidos tinham algumas rugas no corpo que eram característicos dos merinos da metade do século 20 – um aspecto que foi criado na espécie para maximizar a área de superfície da pele e, como resultado, aumentar a produção de lã. Esta versão da ovelha merino está praticamente extinta, porque as rugas criaram problemas como dificuldades na tosa e aumento do risco de miíase, um tipo de doença parasitária causada por moscas, explicam os pesquisadores.

Os cordeiros recém-nascidos fornecem um olhar sem precedentes sobre a história genética e uma potencial linha de base, caso seja interessante retornar com determinadas características dos animais. Criadores de cães de raça também podem se beneficiar desta pesquisa, já que a diversidade genética em muitas raças está diminuindo a níveis perigosos.

Jessica Rickard, que colaborou com de Graaf no experimento, realizou testes no esperma após o descongelamento, avaliando a qualidade do espermatozóide em termos de mobilidade, velocidade, viabilidade e integridade do DNA.

Ela não detectou diferenças no espermatozóide de 50 anos em comparação com o esperma congelado há um ano. O espermatozóide foi usado e conseguiu inseminar 34 das 56 ovelhas – uma taxa de fertilidade comparável à dos espermatozóides congelados por 12 meses. Todos os sêmen utilizados no estudo vieram de quatro carneiros, incluindo Sir Freddie, que nasceu em 1959, dois carneiros nascidos em 1963 e um carneiro nascido em 1965.

Sir Freddie – um dos doadores originais de sêmen – em 1969. Imagem: Walker Family

Os pesquisadores agora observarão os cordeiros para garantir que eles se desenvolvam normalmente.

É razoável imaginar quanto tempo o sêmen pode ser armazenado em temperaturas de nitrogênio líquido antes de começar a degradar, e os últimos resultados são bastante encorajadores. Para os humanos, isso aumenta a possibilidade de ter filhos biológicos em idades extremas – ou mesmo muito depois da morte.

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