Desde 2020, o e-commerce Shein faturou R$ 10 bilhões em vendas só no Brasil. No ano passado, o faturamento chegou a US$ 8 bilhões, um salto de 300% em relação a 2021.
Na comparação, a companhia chinesa já ultrapassou a projeção anual de todo o Grupo Soma, empresa brasileira que reúne marcas como Vivara, Animale e Farm. O resultado entrou em um relatório da BTG Pactual divulgado pela Exame em janeiro.
A Shein não confirma a estimativa da BTG Pactual. Mas, se o número se comprovar, a fast fashion só estaria atrás da Renner no varejo brasileiro de vestuário. Estima-se que a marca brasileira tenha faturado R$ 11,6 bilhões em 2022.
Na análise, especialistas afirmam que o cenário econômico do Brasil impulsionou o sucesso da Shein por aqui. A plataforma pavimentou seu caminho durante a pandemia, quando ofereceu produtos mais baratos e com qualidade semelhante àqueles oferecidos e vendidos por valor maior no território nacional.
Nesse sentido, o aumento da inflação também ajudou o e-commerce. O poder de compra dos brasileiros, especialmente os mais pobres, despencou durante a crise de Covid-19. Isso encareceu os produtos vendidos do país, o que atraiu ainda mais a atenção para os artigos da Shein e outros e-commerces estrangeiros, como a Shopee, Aliexpress e Wish.
O sucesso da Shein no Brasil foi tanto que a companhia já abriu duas lojas físicas pop-up (ou seja, temporárias) no país, em São Paulo (SP) e Salvador (BA). A primeira da América Latina foi no Rio de Janeiro (RJ), apenas com exposição.
“O nosso grande diferencial é a variedade que trazemos para esse público, juntamente à qualidade e rapidez em disponibilizar a moda para todos”, disse a head de fashion categories da Shein, Fabiana Magalhães, à Forbes, em novembro.
Por que está todo mundo falando da Shein?
As discussões sobre o e-commerce chinês ganharam força na última semana, quando influenciadores e usuários começaram uma campanha online para que o governo não ceda à pressão de parlamentares para taxar todas as compras estrangeiras.
Eles se referem ao projeto de lei 2339/2022, do deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), que estabelece o fim da regra que isenta pessoas físicas de pagarem impostos sobre compras de até US$ 50 em lojas eletrônicas estrangeiras.
Mendonça Júnior é um dos integrantes da FPE (Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo). O grupo pressiona o governo federal para acabar com o comércio online de produtos asiáticos para consumidores brasileiros – o que classificam como “contrabando digital”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutiu a questão com o grupo de empresários e parlamentares em 15 de março. 15. Segundo a FPE, a venda de produtos sem taxação ou abaixo dos preços praticados no país traz prejuízos para a indústria e o comércio brasileiros.
Segundo ele, o país recebe cerca de 500 mil pacotes vindos da China todos os dias, o que já fez o país perder “bilhões” em impostos. Representantes do setor estimam que a evasão fiscal por causa desses e-commerces chega a R$ 14 bilhões por ano.
Não está claro se a pressão dos parlamentares teve alguma influência, mas consumidores da Shein relataram grandes taxas sobre os produtos nos últimos dias. Em alguns casos, o valor do imposto é maior que o da compra.
O Giz Brasil buscou a Receita Federal para esclarecer a questão, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
– Leia também no Giz Brasil: produtos da Shein chegam ao Brasil com impostos exorbitantes, relatam clientes.