Shein leva influencers para visita guiada à fábrica na China e gera polêmica

A Shein é acusada de produzir suas peças com trabalho análogo à escravidão e por gerar toneladas de lixo anualmente
Shein leva influenciadores para fábrica na China e gera polêmica
Imagem: Shein/Divulgação

Influenciadores dos EUA receberam críticas depois de visitarem uma fábrica da Shein em Guangzhou, na China, neste mês. Os elogios dos criadores ao centro de inovação da empresa, com instrumentos de alta tecnologia, pegou mal na internet.

Isso porque o aplicativo de compras a preço baixo, enfrenta críticas à transparência de sua mão-de-obra a seu impacto ambiental de fast fashion. No Brasil, a plataforma também enfrentou problemas, como mostramos nesta reportagem.

Os influenciadores Dani Carbonari, Destene Sudduth, Aujené, Fernanda Stephany Campuzano, Kenya Freeman e Marina Saavedra, que têm parceria com a Shein, fizeram uma viagem de quatro dias, gerando conteúdo com a hashtag #Shein101.

 

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No Twitter, uma usuária chamou a ação de propaganda, enquanto outra apontou os motivos pelos quais os vídeos seriam forjados.

Em entrevista à CNN, a estilista Kenya Freeman disse que a “quantidade de ódio” em sua publicação “era sem precedentes” e afetou sua saúde mental. “Não consegui nem entrar no Instagram ontem”, disse a designer, que trabalhou com a marca em 2019.

A influenciadora Destene Sudduth disse que esperava que as instalações da Shein estivessem “cheias de pessoas trabalhando como escravos”. “Na verdade, fiquei agradavelmente surpresa ao ver que muitas dessas coisas eram robóticas”, afirmou ela.

Já Dani Carbonari excluiu a postagem anterior em que dizia que a Shein estava “lutando com todo o seu poder não apenas para nos mostrar a verdade, mas continuar a melhorar e ser o melhor que pode ser”.

Em um comunicado ao jornal Washington Post, a Shein declarou que “está comprometida com a transparência” e que a viagem dos influenciadores é uma forma de mostrar sua forma de trabalho.

Qual é o problema da Shein?

Além de questões que envolvem proteção de dados, por exemplo, o aplicativo que bateu recorde de downloads no Brasil preocupa por acusações de trabalho análogo à escravidão e produção de resíduos no meio ambiente.

O documentário da emissora britânica Channel 4, “Inside the Shein Machine”, de 2022, enviou câmeras secretas para as fábricas da empresa.

A descoberta foi que os funcionários trabalhavam 18 horas por dia, com uma folga por mês. Das 500 peças de roupas que produziam por dia, eles recebiam alguns centavos a cada item.

Quanto à geração de lixo, uma montanha de roupas descartadas no deserto do Atacama, no norte do Chile, atingiu proporções tão grandes que já pode ser vista do espaço. As roupas não são só da Shein, mas de toda a indústria fast fashion – da qual a fabricante chinesa é parte importante. 

O atacado da moda produz cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos por ano, como mostramos nesta reportagem do Giz Brasil.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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