Simulador realista da Apollo 15 está ajudando cientistas em missões à Lua

Cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) estão utilizando um novo e poderoso simulador para reviver a missão Apollo 15.
simulação SPICE do Módulo de Comando e Serviço da Apollo 15 em órbita à volta da Lua
Simulação do Módulo de Comando e Serviço da Apollo 15 em órbita à volta da Lua em 1971. Imagem: ESA

Cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) estão utilizando um novo e poderoso simulador para reviver a missão Apollo 15 com um altíssimo nível de detalhes. Ao reverem essa e outras missões, os pesquisadores querem analisar dados antigos com novos olhos, e o exercício ajudará também no planejamento de futuras missões.

Desenvolvido pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, o sistema se chama SPICE e permite aos pesquisadores da Agência Espacial Europeia recriar missões históricas em alta definição e realidade virtual em 360 graus.

É um exercício informativo por si só, mas o SPICE também oferece novas formas de demonstração e validação de dados científicos. Ao mesmo tempo, fornece uma nova plataforma para testar sistemas que devem ser utilizados durante as próximas missões lunares.

A plataforma SPICE utilizada pela ESA está situada no seu centro astronômico ESAC, na Espanha. O software pode interpretar e processar dados recolhidos em missões anteriores, tais como a missão Apollo 15, que aconteceu em 1971, e que tinha muitos instrumentos científicos. Os dados antigos encontram uma nova vida.

Isto permitiu à equipe simular a vista da superfície lunar vista a partir do módulo de serviço de comando (CSM) da Apollo 15, à medida que ele orbitava a Lua, por exemplo.

“Ao combinar dados de posicionamento com um modelo de elevação digital da superfície lunar altamente detalhado, podemos saber exatamente para onde apontavam os instrumentos à medida que [registavam] os seus resultados”, explicou o cientista do projeto da ESA, Erik Kuulkers, em um comunicado de imprensa.

Para recolher informações como a altitude, orientação e velocidade do orbitador, os pesquisadores retiraram informações do Espectrômetro de Raios Gama e do Espectrômetro de Fluorescência de Raios-X do CMS. Os dados recolhidos por estas ferramentas não se destinavam para esse fim (estavam sendo utilizados para medir a composição da superfície da Lua, entre outras coisas), mas agora serão aproveitados de uma nova maneira.

“Esses dois instrumentos foram montados em conjunto no Módulo de Instrumentos Científicos (SIM) do CSM”, disse Alfredo Escalante López, engenheiro de serviço do ESA SPICE. “Para verificar a precisão da nossa recriação passamos a comparar as imagens recolhidas pela Câmera de Mapeamento à luz visível, também no SIM, com as nossas vistas geradas artificialmente”.

Utilizando dados topográficos recolhidos por instrumentos modernos, tais como o altímetro laser no Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA, os cientistas conseguiram alcançar resoluções de 5 metros por pixel.

Além da passagem aérea lunar, os pesquisadores simularam e subsequentemente estudaram o pouso do Módulo Lunar da Apollo 15 e um passeio à volta do local de pouso a bordo do Lunar Rover. Os cientistas também simularam a missão SMART-1 da ESA 2003, que testou a propulsão elétrica solar e fez observações da superfície lunar.

As futuras aplicações do SPICE permitirão a várias equipas da ESA se preparem para futuras missões, tais como a Mars Express, Venus Express, Rosetta, ExoMars Trace Gas Orbiter, BepiColombo (Mercúrio), e a Luna-27 da Rússia, que deverá explorar a superfície lunar à procura de água congelada e outros minerais já em 2025.

Por meio da simulação de futuras missões à Lua, os pesquisadores podem desenvolver e testar sistemas capazes de evitar terrenos perigosos, entre outras possíveis complicações.

Outro aspecto interessante do SPICE é que a ESA está disponibilizando todos esses dados ao público. Por isso, se você tiver um headset de realidade virtual, aperte o cinto e reviva alguns dos momentos mais icônicos da história do espaço.

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