As pessoas têm sonhado com telas dobráveis há anos, e, embora alguns dispositivos tenham experimentado com a ideia, ainda é preciso refinar muito hardware e software antes que a tecnologia valha a nossa atenção. Porém, durante a Samsung Developer Conference (SDC 2018), a maior fabricante de smartphones do mundo deu a todos um gostinho do que se tem esperado há tanto tempo, com o seu novo Infinity Flex Display.
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Embora a Samsung tenha sido cuidadosa para não revelar muita coisa, o dispositivo com tela dobrável e ainda sem nome trazia uma tela flexível de 7,3 polegadas, em tamanho de tablet, mas também outra no interior, para todas suas necessidades normais de smartphone. Trata-se de um display tradicional — que a Samsung está chamando de “cover screen” — no lado de fora, para que você possa acessar rapidamente o seu telefone sem ter que desdobrá-lo.
GIF: Matthew Reyes/Andrew Liszewki (Gizmodo)
Não se engane, esse negócio parece bastante robusto, mas grande parte disso, aparentemente, se deve à mortalha que a Samsung usou para proteger o resto do dispositivo de olhos bisbilhoteiros. No palco, o vice-presidente sênior da companhia, Justin Denison, disse que o novo dispositivo dobrável da empresa terá tamanho pequeno o suficiente para ser guardado no bolso, embora seja difícil dizer o quão precisa é essa declaração até que possamos ver o aparelho por completo, pessoalmente.
Ainda assim, mesmo em apenas uma rápida olhada, a Infinity Flex Display da Samsung pareceu significativamente mais polida e pronta para os consumidores do que produtos como o recentemente anunciado Royole FlexPai. Porém, mais importante, o display flexível da Samsung representa uma possível grande mudança em relação aos retângulos de vidro que temos usado na última década, indo agora para algo que literalmente pode ser dobrado e adaptado às nossas necessidades.
Curiosamente, parece que a tradicional “cover screen” da Samsung no lado de fora do dispositivo não tira proveito completo do espaço frontal do aparelho. Captura de tela: Samsung
Entretanto, para isso, a Samsung precisou repensar completamente o design tradicional do smartphone, incluindo o exterior do dispositivo e como fazer com que ele dobre adequadamente, além de reprojetar seus componentes internos, estudando onde colocá-los em um telefone que possa se mover de maneira que os dispositivos mais antigos não conseguem.
Para resolver o primeiro problema, a Samsung projetou novos materiais de tela, incluindo uma camada OLED flexível e um backplane, que são colocados em camada abaixo de um polarizador ultrafino, um novo filme absorvente de choque e uma janela de cobertura de polímero mais durável (e flexível) em cima. E, para manter tudo junto, a companhia diz que criou um novo adesivo flexível capaz de resistir a rachaduras ou a um desmonte completo mesmo depois de milhares de dobras. Dito isso, a Samsung afirma que sua tela flexível é a tela mais fina que a empresa já fez.
Captura de tela: Samsung
Para aumentar o potencial de sua Infinity Flex Display, a Samsung criou uma nova interface multitarefa que permite que as pessoas visualizem até três aplicativos simultaneamente em toda a tela de 7,3 polegadas do dispositivo. Além disso, para os momentos em que você quer fazer a transição do que vê na tela externa menor do telefone para a tela interna grande, a Samsung trabalhou com o Google para criar vários recursos de interface do usuário, como o App Continuity (ou Continuidade de Tela), que permite que o smartphone faça uma transição sem interrupções do que se vê na tela externa para a tela principal sem nenhum atraso ou pequenas interrupções.
Infelizmente, a Samsung não deu uma data ou mesmo uma linha do tempo para quando esse dispositivo estará disponível (nem mesmo como prévia), embora a empresa alegue que a produção em massa dessas telas deve começar a crescer nos próximos meses.
Imagem: Samsung
Mesmo olhando de forma otimista, ainda está muito cedo para dizer que a missão foi um sucesso. Telas flexíveis ainda podem acabar morrendo na praia, como as TVs curvadas e o Google Glass. Mas, ao mesmo tempo, o que a Samsung mostrou nesta quarta-feira (7) torna a ideia de telefones flexíveis muito mais tolerável do que qualquer coisa que já vimos antes.
A tendência a vermos dispositivos dobráveis nos próximos anos foi confirmada com o anúncio do Google, também nesta quarta-feira (7), de que o sistema Android passaria a oferecer suporte a aparelhos com telas dobráveis. O lançamento quase que ao mesmo tempo mostra que existe um esforço das empresas, em conjunto, para trazer essa nova tecnologia — algo de que outras empresas também poderão, potencialmente, tirar proveito.