Sonda Cassini começa suas últimas tarefas nas redondezas de Saturno
A sonda Cassini da NASA está se aproximando do fim da vida, mas antes disso ela tem uma última tarefa. Na quarta-feira (30), ela começou uma série de 20 órbitas que vão aproximá-la dos anéis de Saturno como nunca antes.
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Desde 2004, a Cassini está viajando ao redor de Saturno, seus anéis e suas várias luas. A missão revelou diversas maravilhas inesperadas, de gêiseres em Encélado a metano líquido fluindo em Titã, além de um hexágono misterioso que muda de cor no polo norte de Saturno. A NASA certamente ficaria bem feliz se a sonda pudesse continuar fotografando os arredores de Saturno para sempre, mas a nave espacial está quase sem combustível. Assim, seu fim está próximo.
Em setembro do ano que vem, a Cassini deve dar um mergulho suicida na atmosfera de Saturno. Mas antes disso, a sonda tem muita coisa para fazer.
Até o dia 22 de abril, a Cassini vai voar pelos polos de Saturno em uma órbita elíptica inclinada em cerca de 60 graus a partir do plano dos anéis. Uma vez por semana, ela vai cruzar esse plano por fora do anel F de Saturno, uma faixa estreita considerada a extensão externa do sistema principal de anéis.
A Cassini vai passar por essa área inexplorada em um total de 20 vezes, a uma distância menor do que 8.000 quilômetros.
“Estamos chamando essa fase de Órbita arranha-anéis porque estaremos passando levemente pela parte externa dos anéis,” disse Cassini Linda Spilker, que é cientista do projeto, em um comunicado. “Além disso, temos dois instrumentos que podem coletar amostras de partículas e gases conforme atravessamos o plano dos anéis, então de certa forma a Cassini vai ‘arranhar’ os anéis.”
Imagem: NASA/JPL-Caltech
Durante a nova missão, a Cassini vai coletar imagens em alta resolução da estrutura dos anéis. Apesar dos anéis de Saturno terem milhares de quilômetros de largura, eles são surpreendentemente finos. Se segurarmos um modelo de brinquedo de Saturno, esses anéis seriam 100 vezes mais finos do que uma folha de papel.
As próximas 20 semanas também vão dar à Cassini a oportunidade de tirar as melhores fotos de todos os tempos de quatro luas pequenas de Saturno: Pandora, Atlas, Pã e Dafne. Cada uma dessas luas tem alguns quilômetros de diâmetro, sendo pequenas demais para ter uma forma esférica sob sua própria gravidade. De qualquer forma, a força gravitacional das luas consegue esculpir e formar a estrutura dos anéis, e sua composição pode fornecer pistas de como eles surgiram.
Atlas (esquerda) e Pã (direita) são duas pequenas luas de Saturno. Atlas mede 39 km e Pã 33 km em seus equadores. Imagem via NASA/JPL/SSI
Depois de cumprir a tarefa, a Cassini enfrentará a sua missão final, o seu canto do cisne. Ela vai se posicionar a cerca de 1.600 km acima das nuvens de Saturno para mergulhar através de uma abertura estreita entre os anéis e o gigante gasoso. No dia 15 de setembro, ela realizará a manobra final, se jogando na atmosfera de Saturno. A nave espacial vai queimar e quebrar, e suas moléculas vão se dispersar pela bola de gás que passou a última década estudando.
A Cassini aproveitou o pontapé gravitacional de Titã para se colocar no caminho que vai seguir pelos próximos meses. Durante a primeira travessia pelo anel F no dia 4 de dezembro, ela vai capturar um vídeo de nove horas do polo norte de Saturno, além de algumas fotos dos gêiseres congelados do polo sul de Encélado.
Para qualquer pessoa interessada no capítulo final da jornada da Cassini, a NASA disponibilizou diversas informações na internet, incluindo uma lista detalhada de datas e horários associados ao projeto, características das diferentes órbitas, e sumários detalhados da ciência das próximas semanas.
[NASA]