Sonda da NASA de 1998 ajudou a criar 1º mapa de hidrogênio da Lua
Cientistas concluíram o primeiro mapa global que mostra a distribuição completa do hidrogênio na superfície da Lua. A novidade pode auxiliar na busca por água em futuras missões tripuladas à Lua, além de outras partes do Sistema Solar.
O trabalho foi feito por uma equipe do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (APL), nos Estados Unidos, e utilizou dados da sonda Lunar Prospector, da NASA. O objetivo da pesquisa foi analisar dois tipos de materiais lunares que contêm hidrogênio em sua composição.
Conforme a superfície da Lua é bombardeada por raios cósmicos, os átomos da superfície são desmembrados em prótons e nêutrons. Ao estudar o movimento desses prótons e nêutrons, os pesquisadores podem identificar um elemento e determinar quanto dele existe na superfície.
A Lunar Prospector entrou em órbita da Lua em 1998, e ficou por cerca de um ano e meio coletando dados. Foi esta sonda que identificou a primeira evidência direta da presença de átomos de hidrogênio nos polos lunares, e que esses átomos eram um indicativo da existência de gelo de água. Na época, a descoberta animou os cientistas e as agências espaciais, pois a água – mesmo que congelada – abriria a possibilidade de colonização da Lua pelos humanos em um futuro próximo.
A pesquisa do APL levou anos para ser concluída, pois era preciso analisar todos os dados, além de combinar as informações com as descobertas feitas com outras missões. Isso inclui os materiais coletados na Lua pelos astronautas da missão Apollo.
Entendendo a formação da Lua e do Sistema Solar
O estudo sobre o hidrogênio confirmou que o Planalto de Aristarco, na Lua, contém o maior depósito de piroclástico – um fragmento de rocha proveniente de vulcões e que contém hidrogênio aprimorado. Isso corrobora pesquisas anteriores de que o hidrogênio e/ou a água desempenharam um papel importante nos eventos magmáticos lunares.
Os cientistas também identificaram rochas do tipo KREEP, um acrônimo para uma rocha de lava lunar formada por potássio e fósforo. Atualmente, a teoria mais aceita é que a Lua foi formada a partir dos detritos ejetados de um enorme impacto que a Terra sofreu há bilhões de ano. “À medida que esfriou, os minerais se formaram a partir do derretimento, e acredita-se que o KREEP seja o último tipo de material a cristalizar e endurecer”, disse David Lawrence, um dos pesquisadores que assinaram o estudo.
O novo mapa ajuda a entender o papel da água na solidificação da Lua, identificando o quanto deste material existia no momento em que o satélite nasceu – uma informação fundamental para entender a formação do Sistema Solar.
Além disso, o estudo serve como meio para planejar a exploração lunar e do Sistema Solar por futuras missões espaciais tripuladas. O trabalho foi publicado no Journal of Geophysical Research.