_Streaming

Diferente do Facebook, Spotify banirá anúncios políticos na plataforma em 2020

Diferente do Facebook, a plataforma de streaming Spotify anunciou que banirá do seu serviço anúncios de cunho político a partir de 2020.

Logotipo do Spotify. Crédito: Lionel Bonaventure/AFP/Getty Images

Logotipo do Spotify. Crédito: Lionel Bonaventure/AFP/Getty Images

O gigante de streaming de música Spotify banirá todas as propagandas políticas da plataforma no início de 2020, segundo informou o Ad Age nesta sexta-feira (27). O serviço sueco disse ao site especializado na cobertura do mercado publicitário que “ainda não há o nível necessário de robustez em nosso processo, sistemas e ferramentas para validar de forma responsável e revisar tais conteúdos”.

A suspensão de propagandas políticas pagas no Spotify valerá para todos os conteúdos que suportam publicidade, incluindo podcasts originais. Ao todo, o serviço diz que cerca de 141 milhões de usuários ouvem a plataforma com anúncios. A companhia ressaltou em um comunicado ao Ad Age que “reavaliaria esta decisão conforme nós continuarmos a evoluir nossas capacidades”.

Ao banir propagandas políticas, o Spotify está seguindo o mesmo caminho do Google e do Twitter. A gigante das buscas suspendeu a microsegmentação para propagandas políticas, enquanto o microblog proibiu de vez anúncios de cunho político. É a estratégia oposta do Facebook, que não só aceita propagandas políticas, como também permite que políticos mintam abertamente.

O Facebook tem enfrentando críticas por meses pela sua decisão, que beneficia os políticos dispostos a mentir o quanto for possível. Parte da classe política dos EUA, que devem ter eleições presidenciais em 2020, considera que deve prevalecer a liberdade de expressão.

A decisão do Facebook também suscita a questão de que se uma empresa com fins lucrativos deve ser árbitra do discurso político e nas possíveis consequências negativas para grupos que se opõe ao status quo (essencialmente um cenário que ninguém ganha criado por empresas de tecnologia que detêm muito poder).

A abordagem do Google adota um meio termo, permitindo anúncios políticos, mas restringindo ferramentas de microssegmentação que podem permitir que candidatos adaptem mensagens — ou mentiras — a grupos eleitorais extremamente específicos. Sua política se aplica em todo o mundo e limita os anunciantes à segmentação com base em idade, sexo e localização no nível de código postal, além de dados “contextuais”, como o tipo de notícias que elas consomem.

Anúncios políticos não geram muito dinheiro para as plataformas, mas eles geram outros benefícios como a influência no processo político para os atores políticos com inúmeros dados úteis. O Ad Age relatou que uma pessoa familiarizada com o a área de anúncios do Spotify caracterizou os anúncios políticos como insignificantes financeiramente; os compradores incluíam o candidato democrata Bernie Sanders e o Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês).

“O Spotify não foi uma plataforma de publicidade online amplamente usada por campanhas anteriores”, disse o estrategista do Partido Republicano Eric Wilson à Reuters. “Mas como outras plataformas online restringiram seus inventários de anúncios políticos, os anunciantes estavam em busca de novas opções”.

De acordo com o Ad Age, o Spotify proibirá anúncios feitos por “organizações políticas, como candidatos a cargos, funcionários eleitos e nomeados, comitês de ação política, organizações em fins lucrativos e partidos políticos”, além de anúncios de lobby a favor ou contra grupos políticos, legislações e decisões judiciais. Não afetará conteúdos incorporados nos próprios podcasts, e a decisão será válida apenas nos Estado Unidos.

Sair da versão mobile