Suspeito de roubar equipamentos de bitcoin fugiu da prisão na Islândia e quis voltar

Muita gente quer ir para a Islândia tirar aquela selfie perfeita para os aplicativos de paquera e sentir brevemente como é existir em um pedaço do paraíso. No mês passado, um homem suspeito de ter participado em um roubo de computadores dedicados a minerar bitcoin avaliados em US$ 2 milhões só queria sair de lá. […]

Muita gente quer ir para a Islândia tirar aquela selfie perfeita para os aplicativos de paquera e sentir brevemente como é existir em um pedaço do paraíso. No mês passado, um homem suspeito de ter participado em um roubo de computadores dedicados a minerar bitcoin avaliados em US$ 2 milhões só queria sair de lá. Depois de conseguir realizar uma fuga, no entanto, o rapaz voltou para a custódia da polícia. E quis voltar para a Islândia.

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Por meses, autoridades islandesas estão buscando por pistas relacionadas a uma série de roubos em que os ladrões conseguiram usurpar cerca de 600 computadores utilizados para minerar criptomoedas. Onze suspeitos foram questionados por supostas conexões ao crime, mas o caso permanece não resolvido e o maquinário ainda não foi encontrado.

Sindri Thor Stefansson estava encarcerado em uma prisão de segurança mínima e era suspeito de ser a mente por trás do assalto. Então ele decidiu escapar e pegar um voo para a Suécia, que coincidentemente também levava o primeiro ministro da Islândia, Katrin Jakobsdottir. Durante cinco dias ele viajou pela Europa meio escondido, enquanto via sua foto aparecer regularmente na mídia. Ele foi apreendido em Amsterdã depois que duas pessoas o reconheceram na rua e o apontaram para um policial.

Stefansson, que falou com o New York Times em uma ligação a partir da prisão holandesa, deu mais detalhes sobre como escapou da prisão e contou sobre o seu arrependimento. O Times explica que a prisão Sogn na Islândia é um lugar bem decente, principalmente se levarmos em consideração outros presídios. Os detentos possuem quartos próprios com uma televisão de tela plana, podem ter celulares e acesso à internet. Apenas uma cerca de arame de alguns metros de altura protege o lugar. Da reportagem:

Stefansson não precisou muito impulso para sair de lá. Na noite em que fugiu, ele começou a procurar por voos internacionais em seu celular perto das 11h, contou em entrevista. Depois de reservar passagens com um nome falso, ele abriu sua janela e saiu. Ele afirma ter andado um quilômetro e meio até a Route 1, estrada que circunda a ilha, e ter pegado uma carona de 95 quilômetros até Keflavik, cidade próxima ao aeroporto. (A polícia afirma que um cúmplice o levou até lá). Dali em diante, ele pediu um táxi.

Ao chegar em Estocolmo, ele viajou por trem, táxi e balsa até a Alemanha, por meio da Dinamarca. Ali ele encontrou “indivíduos” que o levaram de carro até Amsterdã. Ele aproveitou apenas três horas de liberdade na capital dos Países Baixos.

O cara não era um gênio do crime no final das contas. Ele só… Saiu andando da prisão. Mas ele faz muitas coisas para conseguir se locomover como fugitivo, e se ele é a mente por trás dos assaltos, é provável que faça parte de uma rede maior de criminosos que são capazes de movimentar uma grande quantidade de bens roubados, certo? Não é o que os seus registros sugerem.

Ele já se meteu em problemas com a polícia por dirigir embriagado e por roubar dinheiro de máquinas caça-níqueis em um bar. E ele também foi pego cultivando maconha em sua própria casa. Ele disse ao Times que leva a vida desenvolvendo sites e aplicativos.

O mais doido da história de Stefansson é que ele já estava praticamente livre quando decidiu fugir da cadeia. Ele não estava sob ordem de prisão enquanto era mantido no presídio Sohn. Um juiz ordenou que ele fosse encarcerado para prestar esclarecimentos, mas a ordem tinha expirado. A polícia convenceu Stefansson a assinar uma papelada concordando ficar sob custódia antes de sua audiência. Depois, ele se arrependeu e decidiu pular fora.

Agora, ele lamenta a decisão. Ele disse que as condições na prisão de Amsterdã em que está sob custódia não são lá muito boas, e que “as prisões islandesas são um hotel”.

Mas há boas notícias para o detento: ele foi extraditado nesta sexta-feira (4) para a Islândia para ser interrogado. E melhor do que isso: fugir da prisão na Islândia parece não ser considerado um crime. Jon Gunnlaugsson, um ex-juiz da Suprema Corte islandesa, disse ao Times: “Nosso sistema supõe que uma pessoa que foi privada de sua liberdade tentará reconquistá-la”. Se um prisioneiro fugir, bem, quer dizer que o estado falhou.

Tudo isso pode soar insano para americanos, brasileiros e a maioria das nações. O pensamento comum é de que as prisões devem ser câmaras isoladas e com pouquíssimos direitos, e a realidade é que ter sua liberdade revogada é uma droga. A Islândia é um dos países com as menores taxas de criminalidade do mundo. E as pessoas por lá não estão batendo nas portas da prisão para pedir refeições gratuitas e uma TV de tela plana.

E se você está se perguntando o que mineradores de bitcoin foram fazer na Islândia, eles se juntaram para tirar vantagem dos baixos custos de energia e do clima frio de lá.

[New York Times]

Imagem do topo: AP, Pixabay

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