Reposição de testosterona reduz risco de doença cardíaca e derrame em homens

Os pesquisadores advertem que o uso da nova terapia deve ser feito apenas para aqueles que apresentam deficiência hormonal.
Imagem: Wirestock (Freepik)
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Uma pesquisa realizada na Alemanha e no Catar com pouco mais de 800 homens indicou que a reposição da testosterona, em forma de suplemento, pode reduzir o risco de doença cardíaca ou derrame. Os participantes do estudo apresentavam deficiência nos níveis do hormônio, e tinham histórico familiar de comorbidades como pressão alta, colesterol, diabetes ou que estavam acima do peso. Além disso, o experimento só contou com homens que apresentaram sintomas abaixo do normal e consequências disso, como alteração no humor, apetite, depressão, perda de libido e alteração no peso.

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As conclusões foram apresentadas na European Association of Urology (EAU). Foram dez anos de estudo até que os cientistas pudessem, de fato, conseguirem um resultado. Para isso, eles dividiram o grupo entre 412 homens, que optaram por tomar o suplemento, e 393 que escolheram não fazer uso das doses. A ideia dos cientistas era comparar o grupo que recebeu o suplemento àqueles que não tomaram.

E os resultados foram surpreendentes. Das pessoas que receberam o suplemento, 16 morreram e nenhuma sofreu um ataque cardíaco ou derrame. Enquanto dos homens que não fizeram uso de testosterona, 74 morreram, 70 tiveram um ataque cardíaco e 59 sofreram um derrame.

Omar Aboumarzouk, professor da Hamad Medical Corporation no Catar, afirma que, considerando que todos esses homens normalmente teriam sofrido um ataque cardíaco ou derrame nos próximos cinco a dez anos, sem nenhuma outra intervenção, foi uma verdadeira surpresa não ver nenhum evento cardiovascular no grupo sob terapia com testosterona. Está claro que esse tratamento pode reduzir significativamente os riscos neste grupo específico.

O fator idade também foi um ponto a ser discutido. Os resultados mostraram que o grupo que tomou testosterona era mais ou menos cinco anos mais jovem do que o outro grupo. Para aqueles abaixo dos 55 anos, o risco de ataque cardíaco e derrame foi reduzido em 25%; para homens com mais de 60 anos, o risco foi reduzido em 15%. Logo, quanto mais cedo for introduzida a terapia com testosterona, o resultado pode ser ainda melhor.

Apesar disso, os pesquisadores ressaltam que a reposição de testosterona não é milagrosa. A combinação do experimento foi associada à uma melhor qualidade de vida. Durante o período de teste, todos que participaram da pesquisa foram incentivados a mudar o estilo de vida, incluindo dieta, redução do uso de álcool e tabaco, além de prática de exercícios físicos.

“A testosterona pode ser seriamente prejudicial se tomada por homens com níveis normais”, disse Aboumarzouk. Ele completa que, ainda que os homens precisem de testosterona ao longo da vida, tanto para funções da mente quanto para o bom funcionamento do corpo, somente quem tem alguma deficiência ou baixos níveis do hormônio podem ter algum benefício com a terapia.

É importante ressaltar que 25% dos homens apresentam deficiência nos níveis de testosterona, e o diagnóstico pode ser feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. E, ainda que os resultados sejam animadores para quem sofre com isso, Maarten Albersen, membro do Escritório Científico da EAU, da Universidade de Leuven, na Bélgica, afirma que os riscos ou benefícios cardiovasculares de longo prazo da terapia com testosterona ainda não estão claros, devido aos resultados conflitantes de pesquisas anteriores. Este novo estudo mostrou uma redução em eventos cardiovasculares maiores e mortalidade em homens que receberam terapia com testosterona, em comparação com homens que optaram por não receber esse tratamento.

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Segundo o médico, alguns desses pacientes já tinham risco de ataque cardíaco ou derrame, e alguns deles eram mais novos. Contudo, Albersen não descarta os méritos da pesquisa, destacando que ela foi longa o suficiente para ver diferenças na taxa de eventos cardiovasculares. Ainda assim, devido ao número de envolvidos, não se pode tirar uma conclusão certeira.

A boa notícia é que um novo experimento está em andamento e pretende avaliar seis mil homens, para entender sobre os riscos de doenças cardiovasculares, ou até mesmo os benefícios de uma reposição hormonal precoce.

Aboumarzouk acredita que os médicos que tratam de pacientes com baixa testosterona, que apresentam alto risco de ataque cardíaco ou derrame, devem considerar a terapia com testosterona como uma possibilidade de futuro tratamento.

[Hindustam Times]

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