TikTok viraliza conteúdos baseado nos próprios critérios, diz reportagem
Na última semana, uma reportagem do site da Forbes revelou que o TikTok e sua controladora, a ByteDance, impulsionam conteúdos com base em alguns critérios próprios. A informação foi confirmada com documentos internos, além de conversas com trabalhadores e ex-funcionários da companhia.
A empresa pode amplificar o alcance de determinados conteúdos na aba “Para você”, para aumentar o número de visualizações e outras métricas de interesse da empresa. Essa informação derruba completamente o discurso de que o algoritmo gere todo o conteúdo exibido para os usuários.
Alguns conteúdos são mostrados através de impulsionamento controlado por funcionários da plataforma. As fontes da Forbes, que tiveram a identidade preservada, afirmaram que os beneficiados pelo impulsionamento foram influenciadores e marcas com os quais a empresa buscou algum tipo de parceria ou relação comercial.
O TikTok se pronunciou e confirmou a veracidade das informações. Em resposta, o porta-voz da plataforma, Jamie Favazza, afirmou:
“Promovemos alguns vídeos para ajudar a diversificar a experiência de conteúdo e apresentar celebridades e criadores emergentes à comunidade TikTok. Apenas algumas pessoas, baseadas nos Estados Unidos, podem aprovar conteúdo para promoção nos Estados Unidos, e esse conteúdo representa aproximadamente 0,002% dos vídeos no Feed”
Mas aparentemente as coisas não são bem assim. Alguns funcionários ouvidos pela reportagem afirmaram que pessoas responsáveis pelo impulsionamento utilizaram o recurso em benefício próprio, dando um “empurrão” em conteúdos de perfis pessoais ou de pessoas com quem mantêm relações próximas, como cônjuges, por exemplo. Em um dos casos de impulsionamento em benefício pessoal analisados, uma conta chegou a receber mais 3 milhões de visualizações.
As informações sobre o TikTok ter o poder de manipular conteúdos não são de hoje. Há alguns anos, a ByteDance reconheceu que censurava publicações críticas ao governo chinês. A maioria dos conteúdos eram relacionados à crise dos uigures, uma minoria muçulmana chinesa, que chegou a ter um milhão de presos para uma suposta “reeducação” conduzida pelo governo do país.
Embora tenha respondidos sobre a situação nos Estados Unidos, a empresa se recusou a dar detalhes sobre como funcionam os impulsionamentos na China, o que acabou gerando dúvidas de como ele é utilizado e se há influência governamental nos tipos de conteúdo que recebe um “empurrãozinho” na plataforma de vídeos.