Tire 5 dúvidas sobre a taxação dos produtos da Shein e da Shopee

Entenda por que uma medida do Governo Federal pode afetar o valor que você paga pelos produtos de e-commerces como Shein, Shopee e Aliexpress
Tire 5 dúvidas sobre a taxação sobre produtos da Shein e da Shopee
Imagem: Focal Photo/Flickr/Reprodução

As notícias sobre a taxação de produtos da Shein e Shopee pelo governo federal viraram o assunto da internet brasileira nas últimas semanas. Mas muitos usuários dizem ter dúvidas sobre o que está acontecendo de fato e quais serão as implicações ao consumidor final. 

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A seguir, esclarecemos as principais dúvidas sobre o assunto. Acompanhe. 

O que está acontecendo? 

O governo federal deve editar uma medida provisória – ainda não publicada – para derrubar a possibilidade de pessoas físicas enviarem produtos de até US$ 50 ao Brasil sem a necessidade de pagar impostos. 

Segundo o governo, vendedores estrangeiros estariam se aproveitando dessa regra para não pagar impostos. A suspeita é que fracionam o envio dos itens em vários pacotes e os enviam ao Brasil em nome de pessoas físicas, e não com o CNPJ. 

Isso porque muitos dos e-commerces estrangeiros são marketplaces – ou seja, lugares onde estão vários vendedores e cada um é responsável pela própria venda. Assim, os produtos podem ser enviados no nome do fornecedor. 

Outra hipótese é que vendedores forneçam informações falsas para sonegar tributos, como declarar bens com valores menores que US$ 50. Dessa forma, não precisam pagar as taxas de importação. 

Na prática, o governo não vai taxar exclusivamente as compras da Shein ou Shopee, mas sim acabar com a isenção de impostos das remessas enviadas ao país por pessoas físicas de até US$ 50. Empresas que atuam dentro da lei brasileira não serão afetadas

Então por que estão falando em taxar a Shein e Shopee? 

Tudo começou com um movimento de empresários, varejistas e políticos que recorreram ao Ministério da Fazenda no começo de março para denunciar o que classificam como “contrabando digital”

Eles denunciam supostas fraudes no envio de mercadorias que entram no país fracionadas e sob o nome de pessoas físicas. Citaram como exemplos as gigantes asiáticas, como Shein, Shopee, Aliexpress e Wish. Não há confirmação de que isso de fato aconteça. As empresas estrangeiras dizem que atuam em conformidade com a lei brasileira. 

Depois da reunião dos empresários com o ministro Fernando Haddad, usuários começaram uma campanha para pedir que o governo não taxe as compras desses e-commerces. A Receita já deixou claro que não vai mudar as regras de exportação e importação – mas vai, sim, derrubar a regra sobre envios de pessoas físicas

Como é o atual imposto de exportação e importação

Hoje o Fisco cobra uma taxa de 60% sobre o valor da encomenda vinda do exterior que exceder US$ 50 (cerca de R$ 250 no câmbio atual), desde que enviadas por pessoas físicas.

Mas o governo admite que essa cobrança nem sempre é efetiva. Ou seja, muitas encomendas podem passar pela alfândega sem serem taxadas por causa do alto volume de produtos que chegam todos os dias aos país. Só em 2022, o país recebeu cerca de 170 milhões de encomendas, uma média de 465 mil por dia.

Para empresas (pessoas jurídicas), a importação envolve uma série de impostos que podem chegar a 90% do valor da mercadoria, como ICMS e IPI. 

Então o que vai mudar? 

Com a edição da medida provisória, o governo federal não vai mais distinguir o tratamento dado a remessas de pessoas físicas e de pessoas jurídicas. Na prática, todos os produtos enviados ao Brasil deverão pagar o imposto de importação de 60% sobre o valor da encomenda. 

Isso deve aumentar o preço dos produtos nos e-commerces estrangeiros, uma vez que a tendência é que os fornecedores repassem o valor dos tributos para o consumidor. 

O que se sabe até agora sobre a nova MP 

  • O governo planeja editar uma medida provisória para encerrar a isenção fiscal nos itens importados de até US$ 50 por pessoas físicas a partir de 1º de julho
  • O Ministério da Fazenda já reforçou que não aumentará as alíquotas de importação. O esforço deve se concentrar em taxar o que entra no país sem pagar impostos hoje. 
  • Também a partir de julho, a Receita vai exigir que transportadoras (Correios e privadas) encaminhem informações sobre a mercadoria e o comprador para os órgãos fiscalizadores 
  • Essas informações devem facilitar o rastreio e práticas como dividir a compra em vários pacotes para driblar a tributação. 

O que dizem os e-commerces

Questionada pelo Giz Brasil, a Shein disse que está comprometida em gerar valor para a indústria, consumidores e economia do Brasil. “As regras do ‘de minimis’ são adotadas por muitos países com o objetivo de facilitar o comércio internacional e propulsionar o crescimento local”, diz a nota.

“Reconhecemos a importância em propor melhorias para as regras no Brasil de modo a fornecer segurança jurídica para os operadores e garantir que milhões de brasileiros possam continuar a ter acesso ao mercado mundial, bem como a artigos produzidos localmente”, disse a empresa.

A Shopee afirmou que as mudanças não afetarão os consumidores da plataforma. “Mais de 85% das vendas da Shopee são de vendedores brasileiros e não de fora do país”, diz uma nota enviada pela empresa ao Giz Brasil.

“Além disso, a taxação que está sendo discutida vale para compras internacionais de forma geral e não apenas para plataformas asiáticas. Temos origem em Singapura, mas nosso foco é local. Inclusive, apoiamos o governo em qualquer mudança tributária que apoia o empreendedorismo brasileiro, pois também compartilhamos do mesmo propósito e queremos contribuir com o desenvolvimento do ecossistema local”.

Em resposta ao nosso pedido de comentário, a Aliexpress afirmou que tem o compromisso de atender o consumidor brasileiro com produtos de qualidade e participa ativamente do desenvolvimento da economia digital local.

“Acreditamos no comércio internacional e damos acesso a milhões de brasileiros, de diversos níveis de renda, diretamente a fabricantes do mundo todo”, diz a nota. “Acreditamos que possíveis atualizações regulatórias serão feitas com total consideração com o objetivo de aumentar os benefícios de escolha e valor para os consumidores brasileiros”.

Também entramos em contato com a Wish, mas a empresa ainda não respondeu ao pedido de comentário. O espaço segue aberto.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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