Ciência

Tocar um instrumento musical pode melhorar sua velhice, diz estudo

Análise de funções cognitivas de pessoas com hábitos musicais mostrou que tocar instrumento, cantar e ler música trazem benefícios ao envelhecer
Imagem: Centre for Ageing Better/ Unsplash/ Reprodução

Hábitos como tocar instrumentos, cantar e ler partituras musicais podem contribuir para manter uma boa memória e a habilidade de resolver tarefas complexas.

É o que sugerem pesquisadores em um novo estudo publicado no International Journal of Geriatric Psychiatry. Nele, cientistas analisaram os benefícios da música no cotidiano de pessoas em fases de envelhecimento distintas.

De acordo com a pesquisa, esses hábitos devem ser considerados como parte de um estilo de vida para preservar o cérebro durante o envelhecimento.

Entenda a pesquisa

No total, participaram do estudo 1.100 pessoas com uma média de 68 anos. Todos eles já se envolveram de alguma forma com a música em algum momento de suas vidas.

Enquanto tocavam instrumentos, cantavam, liam partituras ou ouviam música, pesquisadores analisaram dados de função cerebral dos envolvidos.

“Ao termos testes cerebrais tão sensíveis para este estudo, podemos analisar aspectos individuais da função cerebral, como memória de curto prazo, memória de longo prazo e resolução de problemas, e como a música afeta isso”, explicou a autora do estudo, Anne Corbett, à BBC.

Então, os pesquisadores compararam os dados cognitivos dos participantes da pesquisa com informações de pessoas que nunca tiveram relação com a música.

Como resultado, notaram que alguns hábitos musicais beneficiam o envelhecimento, possivelmente por demandar o desenvolvimento cognitivo das pessoas.

Tocar instrumentos ou cantar é a chave

Em geral, pesquisadores descreveram que apenas ouvir música não contribuiu positiva ou negativamente para a saúde cognitiva. Contudo, tocar instrumentos se mostrou benéfico — especialmente o piano, teclado, ou instrumentos de metal e de madeira (como flautas).

Além disso, cantar também demonstrou vantagens, que os cientistas acreditam que estão mais relacionadas aos aspectos sociais da participação de um grupo de coral, por exemplo.

Por fim, o estudo também mostrou que as pessoas que liam música regularmente tinham uma melhor memória numérica. 

“Nosso cérebro é um músculo como qualquer outro e precisa ser exercitado, e aprender a ler música é um pouco como aprender uma nova língua, é desafiador”, disse Corbett.

Bem-estar no envelhecimento

Para os cientistas, ainda são necessários mais estudos, como por exemplo análises dos benefícios potenciais ao adotar um hobby musical pela primeira vez mais tarde na vida. Mas a pesquisa evidencia que a música pode fazer parte de um estilo de vida para melhorar a saúde cerebral conforme as pessoas envelhecem.

Dessa forma, promover a educação musical poderia fazer parte de uma mensagem de saúde pública valiosa. Eles também ressaltam que os benefícios podem auxiliar a cognição daqueles idosos que convivem com a demência.

Ainda assim, os pesquisadores destacam que os resultados do estudo não sugerem que, ao tocar um instrumento durante a velhice, uma pessoa não desenvolverá essa condição. “Não é tão simples quanto isso”, afirmam.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas