Quem gosta de astronomia terá um evento para acompanhar na segunda-feira (11), entre 9h e 15h, no horário de Brasília. É o trânsito de Mercúrio, quando o planeta mais próximo do Sol ficará “na frente” da estrela sob a perspectiva de quem está na Terra. O evento, porém, requer muito cuidado para ser observado.
Como explica o blog do Cassio Barbosa, no G1, trânsito planetário é o nome dado quando um planeta passa em frente de um observador que está olhando para a estrela de seu sistema. Ele também é chamado de “minieclipse”, pois é o mesmo princípio de um eclipse, mas, dadas as distâncias e os tamanhos dos envolvidos, não é o suficiente para encobrir o Sol. Tudo que aparece, no caso de Mercúrio, é um pontinho preto bem pequeno, como você pode ver nestas imagens.
https://youtu.be/AhWMOkrzKzs
O trânsito de Mercúrio não chega a ser muito raro. Ele acontece 13 ou 14 vezes a cada cem anos. Faz, inclusive, pouco tempo que aconteceu pela última vez — foi em maio de 2016. A próxima vez, no entanto, vai levar um bom tempo: só acontece em 2032.
Da perspectiva de quem está na Terra, só Mercúrio e Vênus têm trânsitos, já que são planetas mais próximos ao Sol do que o nosso. O Trânsito de Vênus é bem mais raro, com intervalos de mais de cem anos. O último aconteceu em 2012, e o próximo só vai rolar em 2117.
Como observar o trânsito de Mercúrio
E para testemunhar esse acontecimento? Como você deve saber, olhar diretamente para o sol é uma péssima ideia, pois é grande o risco de provocar danos irreversíveis à visão. Óculos escuros ou chapas de raio-x também não servem para proteger os olhos.
O G1 recomenda usar uma lente de solda número 14, a mais escura disponível, para evitar esses problemas. Ela pode ser encontrada em lojas de materiais e custa cerca de R$ 10.
Uma alternativa melhor, no entanto, é ver o trânsito de Mercúrio com o acompanhamento de profissionais. Nós encontramos alguns eventos organizados por cientistas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Obviamente, fica meio difícil sendo no fim da manhã e no começo da tarde de uma segunda-feira, um horário em que quase todo mundo está estudando ou trabalhando. Se você estiver de folga, porém, vale a ida.
Na capital paulista, o Planetário do Ibirapuera e o Planetário do Carmo farão observações, respectivamente, no Parque do Ibirapuera e no Parque do Carmo. Não é preciso realizar inscrição prévia e o controle de fila é feito pela ordem de chegada. O G1 também menciona que o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) vai acompanhar o evento.
No Rio, astrônomos do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro na Praia Vermelha, próximo ao Restaurante Terra Brasilis, no Círculo Militar. A atividade é gratuita. Astrônomos do MAST e do Observatório Nacional (ON) também estarão no Morro da Urca — nesse caso, é preciso comprar ingresso com o Bondinho Pão de Açúcar. O G1 também diz que o Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também realizará uma atividade.
Vale lembrar que todas as observações dependem de boas condições meteorológicas. Se o tempo estiver ruim, não dá para fazer nada.
Clubes de astronomia e universidades também devem realizar seus eventos em outras cidades brasileiras — se você souber de algo, dê a dica nos comentários desse post!
Você também poderá dar uma olhadinha pela internet. O Virtual Telescope Project fará uma transmissão ao vivo do fenômeno.
Importância científica
Os trânsitos de Mercúrio têm sido ferramentas úteis para os cientistas.
No século 17, os astrônomos observaram esses fenômenos para tentar determinar a distância entre a Terra e o Sol usando paralaxe — observando o trânsito de dois lugares diferentes na Terra, como escreveu o astrônomo Brian Koberlein do Observatório Nacional de Radioastronomia da Forbes. Outra equipe usou os trânsitos para calcular indiretamente o efeito das forças das marés da Lua na Terra.
Mais recentemente, cientistas usaram um trânsito para verificar se isso produziria uma diminuição discernível na quantidade de luz solar (isso não aconteceu). Esse conhecimento é valioso para os astrônomos que desejam usar trânsitos como método para localizar exoplanetas que orbitam estrelas distantes.