Twitter diz que post de Trump encorajando atirar em manifestantes viola termos de serviço

O Twitter colocou um aviso em tuíte do presidente Donald Trump, reconhecendo que viola os termos de serviços da empresa de mídia social.
Presidente Donald Trump. Crédito: Getty
Crédito: Getty Images

O presidente Donald Trump publicou um tuíte durante a madrugada desta sexta-feira (29) incentivando a violência contra manifestantes em Mineápolis, que estão exigindo justiça pelo assassinato de George Floyd, um homem negro de 46 anos cuja vida foi tirada por um policial que o sufocou colocando o joelho em sua garganta. A ação policial foi registrada em vídeo.

O Twitter colocou um aviso no tuíte de Trump, reconhecendo que viola os termos de serviços da empresa de mídia social. Mas o Twitter está mantendo o tuíte no ar, mesmo com a violação.

“Não posso ficar parado e assistir a isso acontecer à grande cidade americana de Minneapolis. Uma total falta de liderança. Ou o fraco prefeito de esquerda radical, Jacob Frey, dá um jeito e coloca a cidade sob controle, ou mandarei a Guarda Nacional para fazer o trabalho corretamente”, tuitou Trump na madrugada desta sexta-feira.

Trump continuou com um discurso retórico sobre “bandidos” que supostamente estão prejudicando a memória de George Floyd protestando contra a brutalidade policial. Os quatro policiais envolvidos no assassinato de Floyd não foram indiciados, incluindo Derek Chauvin, o policial que apoiou o joelho no pescoço de Floyd por pelo menos cinco minutos enquanto o homem morria sufocado, gritando: “Não consigo respirar”.

“Estes BANDIDOS estão desonrando a memória de George Floyd, e eu não deixarei isso acontecer. Acabei de falar com o governador Tim Walz e lhe disse que o Exército está à disposição o tempo todo. Qualquer dificuldade e assumiremos o controle, mas, quando o saque começar, o tiroteio começa. Obrigado!”, continuou Trump em um outro tuíte que, desde então, foi sinalizado como violação dos termos de serviço do Twitter.

A frase “quando o saque começa, o tiroteio começa” (“when the looting starts, the shooting starts”) foi cunhada em uma entrevista coletiva em dezembro de 1967 pelo chefe da polícia de Miami, Walter Headley, durante a revolta daquele ano por moradores negros.

“Este tuíte violou as Regras do Twitter pelo enaltecimento à violência. No entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse público que este tuíte continue acessível”, diz o novo aviso do Twitter no tuíte de Trump.

O aviso também aparece se você visualizar o tuíte na página de Trump no Twitter. Os usuários precisam clicar em “Visualizar” para ler o tuíte, como você pode ver nas capturas de tela abaixo.

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A equipe de comunicação do Twitter explicou que o tuíte agora tem um aviso por causa da “glorificação da violência de Trump com base no contexto histórico da última frase, sua conexão com a violência e o risco de inspirar ações semelhantes hoje”.

“Como é padrão neste tipo de aviso, os engajamentos com o tuíte serão limitados. As pessoas poderão retuitar com comentário, mas não poderão curtir, responder ou retuitar”, explicou o Twitter. O Twitter não respondeu a um e-mail do Gizmodo na manhã desta sexta-feira pedindo mais explicações.

Aproximadamente 500 soldados da Guarda Nacional foram enviados para Mineápolis, embora ainda não esteja claro se eles ainda estão no local. Os protestos surgiram em outras partes dos EUA, incluindo Denver, Nova York, Los Angeles, Portland, Louisville e Columbus. Mas Mineápolis ainda é onde as cenas mais dramáticas se desenrolaram nos últimos três dias.

Manifestantes em Mineápolis tomaram conta da delegacia do Third Precint na noite de quinta-feira. Esta, provavelmente, foi a primeira vez que uma instalação policial foi capturada por cidadãos comuns na história dos EUA. O prédio foi abandonado pela polícia depois que os manifestantes violaram as barricadas do lado de fora. Alguns manifestantes posteriormente incendiaram o prédio.

“Pouco depois das 22 horas da noite de quinta-feira, pensando na segurança do nosso pessoal, Departamento de Polícia de Mineápolis evacuou o seu pessoal da delegacia do Third Precint”, disse a policia em um comunicado.

Participantes do protesto começaram saqueando mercadorias de uma loja Target nas proximidades, algo que chamou muita atenção do noticiário internacional, já que a polícia não estava em lugar nenhum ontem à tarde.

O que as câmeras de TV não mostraram, no entanto, foi que muitos dos produtos retirados da loja Target foram marcados para distribuição gratuita para pessoas que sofrem com a pandemia, e estes itens estavam disponíveis em um estacionamento próximo à loja.

Ninguém sabe o que acontecerá daqui em diante, mas, como o procurador do condado de Hennepin, Mike Freeman, está relutando para acusar os policiais que mataram George Floyd, isso não deve acabar tão cedo.

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