Usina de carvão russa pede para biscoiteiros pararem de tirar selfies em seu depósito de lixo
A água azul-turquesa de um lago na Sibéria parece um paraíso tropical, e tem atraído centenas de “Instagramers” (os famosos “blogueirinhos”) que ficam posando dentro e ao redor do “Novosibirsk Maldives”. Mas não é areia branca ou plâncton microscópico que dá à água esse tom incomum. O “lago” é, na verdade, um depósito de cinzas construído por humanos para armazenar subprodutos tóxicos do carvão queimado da usina.
“A água tem um ambiente altamente alcalino”, escreveu a Siberian Generating Company (SGK) – uma usina local que despeja óxidos metálicos como sais de cálcio no lago – em um comunicado divulgado na rede social russa VKontakteon na quarta-feira (10). “PORTANTO, NÓS ESTAMOS SOLICITANDO, NÃO ENTREM NO DEPÓSITO DE CINZAS PARA TIRAR UMA SELFIE!”, diz o post.
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A SGK escreveu o comunicado em resposta à enorme quantidade de fotos do Instagram tiradas no lago nas últimas semanas, onde a empresa despeja as cinzas do carvão queimado na fábrica. A área tem sido um local de fotografia popular há algum tempo, mas a atenção do público vem aumentando no último mês. “Na semana passada, nosso depósito de cinzas Novosibirsk TEZ-5 tornou-se a estrela das redes sociais”, diz o texto.
O post alega que o lago não é venenoso, pois as plantas crescem ao seu redor, mas o contato da pele com a água pode causar uma reação alérgica. A SGK também alerta que o fundo do depósito de cinzas é lamacento, tornando “quase impossível” sair do lago.
https://www.instagram.com/p/Bzj_2ItIY1s/?utm_source=ig_embed
Recentemente, o lago construído por humanos tornou-se um local para fotos tão popular que Leo Alexey criou uma página no Instagram exclusivamente para selfies tiradas no depósito de cinzas. Alexey disse à CNN que esteve no lago algumas vezes. “Eu vou lá todo final de semana, mas não toco na água”, disse Alexy à CNN. “Eu apenas gosto de fotografia”.
https://www.instagram.com/p/BzekxiqFmcy/?utm_source=ig_embed
Mas algumas pessoas intencionalmente tiram fotos de si mesmas na água e fazem comentários sarcásticos sobre o cálcio.
“Não é perigoso nadar aqui”, diz uma legenda ao lado de um post mostrando um homem montando um unicórnio inflável na água. “Na manhã seguinte, minhas pernas ficaram levemente vermelhas e coçando por cerca de dois dias”.
Este é apenas o exemplo mais recente de influenciadores e turistas arriscando a si mesmos e o ambiente para tirar fotos para o Instagram. No mês passado, os criadores da série Chernobyl, da HBO, tiveram que pedir aos blogueirinhos para se comportarem com “respeito” no local do desastre nuclear, que ainda não é seguro para a habitação humana. E bandos de instagrammers recentemente causaram a superlotação de uma fazenda de girassóis no Canadá e do “superbloom” da Califórnia em Lake Elsinore – quando 100 mil pessoas visitaram a cidade de apenas 60 mil habitantes para fotografar a floração de papoulas.