Vacina contra Covid-19 da farmacêutica alemã CureVac decepciona em testes de fase 3

Nos resultados provisórios de um grande ensaio clínico, a vacina aparenta ser apenas 47% eficaz.
Frascos de diluente na linha de produção da fábrica Fareva, que foram planejados para serem usados ​​na vacina CureVac.
Imagem: Guillaume Souvant/AFP (Getty Images)

Na última quarta-feira (16), a farmacêutica alemã CureVac anunciou o que chamou de notícias “preocupantes” sobre sua vacina candidata experimental contra a Covid-19. Nos resultados provisórios de um grande ensaio clínico, a vacina aparenta ser apenas 47% eficaz. Esta última decepção é um lembrete de como os Estados Unidos tiveram sorte de conseguir acesso a vacinas altamente eficazes criadas em um tempo relativamente curto e com poucos tropeços.

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O ensaio de fase 3 da candidata da CureVac, uma vacina de mRNA parecida com as já desenvolvidas pela Moderna e Pfizer/BioNTech, envolveu 40 mil participantes em 10 países da América Latina e Europa. A candidata da CureVac enfrentou ventos contrários mais severos do que as vacinas anteriores, no entanto, porque foi testada durante uma época em que variantes do coronavírus se espalharam amplamente, e pelo menos algumas parecem escapar parcialmente da imunidade fornecida pelas vacinas criadas contra a cepa original.

De acordo com o relatório de dados da empresa (que ainda não foi visto pela comunidade científica em geral), havia pelo menos 13 variantes distintas encontradas entre as 134 pessoas que contraíram Covid-19 durante o teste; mais da metade dessas infecções envolveram variantes preocupantes. Ao todo, descobriu-se que a vacina era 47% eficaz na prevenção de qualquer nível de doença de Covid-19 — abaixo do mínimo de 50% de eficácia necessária para aprovação em muitos países, incluindo os EUA.

“Embora esperássemos por um resultado provisório mais forte, reconhecemos que demonstrar alta eficácia nesta ampla diversidade de variantes sem precedentes é um desafio”, disse Franz-Werner Haas, CEO da CureVac, em um comunicado da empresa.

Há esperança?

Embora ainda haja uma chance de que os resultados pareçam melhores no momento da análise completa (destinada a incluir mais 80 casos confirmados de Covid-19 nos grupos de controle e tratamento), é mais provável que a vacina seja expelida. Nesse caso, ele se juntaria a outras quatro vacinas candidatas que foram abandonadas durante o desenvolvimento, incluindo duas outras que haviam chegado aos testes clínicos.

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Também houve desafios para as vacinas contra Covid-19 que conseguiram passar em testes clínicos e chegar ao público. As vacinas da Sinopharm e da Sinovac, amplamente distribuídas na China, parecem ter sido substancialmente menos eficazes no mundo real do que os dados de ensaios clínicos sugeriram. Países que dependiam delas, como Chile e Seychelles, ainda enfrentam grandes surtos após campanhas de vacinação bem-sucedidas. Outras vacinas, como a AstraZeneca e a Johnson & Johnson, passaram por seus próprios problemas, desde questões de segurança até atrasos desastrosos na produção.

Apesar de tudo isso, no entanto, a distribuição de vacinas da Pfizer e da Moderna tem corrido bem nos Estados Unidos. Elas permanecem altamente eficazes contra todas as variantes identificadas até agora, e nenhum efeito colateral sério de amplo alcance foi identificado (pode haver um risco muito raro de inflamação do coração entre pessoas mais jovens, mas isso ainda está sendo estudado).

Temos resposta?

Levará algum tempo para descobrir por que a vacina de mRNA da CureVac não é tão eficaz quanto suas primas, embora alguns cientistas de fora já tenham especulado que as pequenas diferenças no desenho do mRNA usado nessas vacinas podem ser as culpadas. Se for esse o caso, isso enfatiza ainda mais a sorte que tivemos. Um pequeno ajuste estrutural aqui, um erro de produção ali, e os EUA poderiam ter tido muito mais dificuldade para combater a pandemia nos últimos meses. Outros países não tão afortunados experimentaram novos picos durante este mesmo período, alimentados pela chegada de variantes mais potentes e a escassez de vacinas eficazes (uma escassez, deve-se dizer, que países como os EUA ajudaram a criar).

Até que todos no mundo inteiro tenham acesso a essas vacinas, a pandemia continuará a pular de pico a pico, matando e adoecendo mais pessoas. O fracasso pendente da CureVac pode não importar para os EUA, mas é mais um tropeço que o resto do mundo dificilmente pode suportar.

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