Crianças e adolescentes que têm hábitos alimentares irregulares, como pular o café da manhã, estão mais propensos a ter dores de cabeça frequentes. Entre os jovens que usam cigarro eletrônico, os famosos vapes, o padrão se repete. As informações são resultado de um novo estudo publicado na revista Neurology.
De acordo com os pesquisadores, não é incomum que crianças e adolescentes tenham dores de cabeça. Contudo, antes de partir para a ajuda de medicamentos, é preciso olhar o cotidiano deles.
“Mudanças no estilo de vida também podem oferecer um caminho eficaz para o alívio, prevenindo as dores de cabeça e melhorando a qualidade de vida”, explica Serena Orr, autora do estudo.
Entenda a pesquisa
Para a análise, os pesquisadores questionaram cerca de cinco milhões de crianças e adolescentes sobre sua rotina. Todos tinham entre cinco e 17 anos e tiveram que detalhar a frequência de dores de cabeça nos últimos seis meses, assim como outros hábitos cotidianos – tempo de tela, horas de sono, alimentação e uso de substâncias.
De maneira geral, 6% dos participantes tinham dores de cabeça mais de uma vez por semana. Entre esses jovens, os cientistas perceberam que dois fatores influenciavam as dores: a quantidade de refeições semanais e o uso de vapes.
Consequências dos vapes
Entre os todos participantes da pesquisa com idades entre 12 e 17 anos, os cigarros eletrônicos eram usados diariamente por 8% daqueles com dores de cabeça frequentes e 3% daqueles com uma ou menos dores de cabeça por semana.
Dessa forma, os cientistas descobriram que o uso dos vapes todos os dias dobrava as chances de um adolescente apresentar o problema com frequência. Em geral, o estudo não apontou relação entre a dor de cabeça e outras substâncias.
O papel da alimentação
Quando analisaram a relação entre os costumes alimentares, notaram que as crianças e adolescentes que tomavam café da manhã e jantavam com suas famílias regularmente tinham um risco 8% menor de dores frequentes.
No total, os cientistas contabilizaram 14 refeições semanais possíveis, incluindo apenas café da manhã e jantar. Os jovens com mais queixas de dor faziam uma média de nove dessas refeições. Já aqueles que tinham dor de cabeça apenas uma vez ou menos durante a semana completavam 12 refeições.
Por fim, os pesquisadores também encontraram uma relação entre dores de cabeça e transtornos de ansiedade e humor. Crianças e adolescentes com essas condições tinham o dobro do risco de sentir incômodos frequentes.
“É possível que refeições regulares em família levem a uma maior conexão e comunicação dentro da família, e melhores resultados de saúde mental, o que por sua vez pode impactar na frequência das dores de cabeça”, afirma Orr.