Vazamento nuclear no mar na usina Angra 1 não foi comunicado, diz jornal
A usina nuclear de Angra 1, no Rio de Janeiro, sofreu um vazamento de material radioativo em setembro do ano passado, com água contaminada sendo lançada na Baía de Itaorna, em Angra dos Reis. Documentos obtidos pelo jornal OGlobo mostram que a Eletronuclear, empresa responsável pela usina, não notificou os órgãos de fiscalização imediatamente após o ocorrido.
Na verdade, a estatal só comunicou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) 21 dias após o episódio. O atraso máximo considerado aceitável para a notificação é de dois a três dias.
Foram derramados cerca de 90 litros de material no oceano. Ainda não se sabe o tamanho dos danos ao meio ambiente e à saúde da população local.
A justiça determinou que a Eletronuclear avalie em 30 dias os estragos causados na Baía de Itaorna. Além disso, a empresa deve divulgar informações transparentes sobre o acidente para todas as pessoas afetadas.
O ocorrido chegou ao Inea (Instituto Estadual do Ambiente) no dia 29 de setembro através de uma denúncia anônima. O instituto repassou o relato para o Ibama e à CNEN. Quando questionada pelos órgãos no dia seguinte, a Eletronuclear disse que a informação era falsa.
A Eletronuclear mudou sua versão depois de três semanas. Então, notificou sobre o vazamento no mar ao Ibama no dia 7 de outubro e à CNEN em 11 de outubro.
Para justificar sua demora em comunicar vazamento nuclear, a empresa alega que não seria necessário seguir o rito de notificações pois foi lançado apenas um “pequeno volume” do material lesivo “de forma involuntária no sistema de águas pluviais”.