Colonoscopia em si mesmo, calorias de dietas canibais e mais vencedores do Ig Nobel 2018
Bonecos vodu no ambiente de trabalho, colonoscopias auto-aplicadas, dietas canibalistas e usar montanhas-russas para expelir cálculos renais: eis os vencedores do prêmio Ig Nobel deste ano.
Mais uma vez, é hora de alguns dos trabalhos científicos mais estranhos ganharem sua chance para brilhar. Para deixar claro, o Ig Nobel não tem como intenção diminuir ou rebaixar essas pesquisas, nem duvidar de sua credibilidade ou qualidade. Em vez disso, é uma oportunidade para destacar alguns dos trabalhos mais esquisitos feitos nos laboratórios ao redor do mundo ou aqueles que, para ser sincero, são de rachar o bico de tanto rir.
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O lema do grupo por trás do prêmio, o Improbable Research, define bem o espírito da iniciativa: “Pesquisas que fazem RIR depois PENSAR”. Os vencedores da edição de 2018 foram anunciados durante uma cerimônia, se é que dá para chamar de cerimônia, na Universidade Harvard.
Dentre os 10 vencedores da noite estava James Cole, da Universidade de Brighton, que mostrou que a carne humana não tem o mesmo poder calórico da carne de animais selvagens, e que o canibalismo não vale o esforço, dadas as alternativas. Ainda bem, né?
Lindie Liang, professora canadense de administração na Universidade Wilfrid Laurier e agraciada com o Ig Nobel de economia, descobriu que funcionários que descontam a raiva de seus chefes usando bonecos de vodu tendem a se sentir melhor pois “suas percepções de injustiça são desativadas”, um jeito bonito de dizer que a justiça foi feita.
O prêmio de medicina foi para Marc Mitchell e David Wartinger, por mostrar que passeios de montanha-russa podem acelerar a passagem de pedras dos rins.
Já o prêmio de educação médica foi dado a Akira Horiuchi por seu artigo “Colonoscopia em posição sentada: lições aprendidas por auto-colonoscopia usando um colonoscópio de pequeno calibre e rigidez variável” — o título por si só já merecia um Ig Nobel.
Por medir a efetividade da saliva humana na limpeza de superfícies, a pesquisadora portuguesa Paula Romão e seus colegas levaram para casa o prêmio de química. O prêmio de literatura, por sua vez, foi para um grupo de cientistas australianos que tiveram a audácia de mostrar que a maioria das pessoas que usam produtos complicados nem se dão ao trabalho de ler o manual de instruções.
(Este artigo, aliás, tem um título fantástico: “Life Is Too Short to RTFM: How Users Relate to Documentation and Excess Features in Consumer Products” — em tradução livre, algo como “A vida é curta demais para LAPDM [ler a p***a do manual]: como os usuários se relacionam com a documentação e os recursos em excesso em produtos de consumo”.)
Outros prêmios foram para a pesquisa que mostra que chimpanzés podem imitar humanos do mesmo jeito que humanos podem imitar chimpanzés (eu ainda estou intrigado com essa); um artigo que demonstra como experts em vinho conseguem detectar, de verdade, através do cheiro, quando uma única mosca pousou em suas taças de vinho; pesquisadores que usaram selos postais para monitorar ereções penianas de homens enquanto eles dormiam; e, por fim, um exame sobre a frequência com que motoristas gritam e xingam uns aos outros (mais de um quarto de nós faz isso em algum ponto, foi a descoberta).
Aí está, pessoal: ciência para nos fazer rir e pensar. Parabéns aos vencedores e muito obrigado por pensar fora da caixa.
Imagem do topo: Akira Horiuchi, vencedor do Ig Nobel de educação médica, demonstra sua técnica de auto-colonoscopia durante a cerimônia na Universidade Harvard.