Ciência

Veterinários estão usando cannabis para tratar pets, furões e até elefantes

Casos de sucesso mostram possibilidade de uso de cannabis para tratar animais, o que ainda não é legalizado no Brasil
Imagem: R+R Medicinals/ Unsplash/ Reprodução

No México, uma veterinária recorreu ao CBD (canabidiol) como último recurso para tratar um elefante fêmea chamado Nidia. O animal estava com a pata machucada e, sem apetite, havia emagrecido.

Após o início do tratamento com o composto encontrado na cannabis, Nidia voltou a comer, seu temperamento melhorou e a pata desinflamou. Para divulgar a informação, pesquisadores publicaram os resultados do caso.

O mesmo aconteceu com o furão Macarena. O animal sofreu uma queda que deixou um trauma medular grave e dor crônica, que fazia com que Macarena se auto-mutilasse. Apenas depois de iniciar tratamento com CBD o furão deixou de se machucar e voltou a ser mais ativo.

Por esses e outros motivos, o uso de derivados da cannabis para fins medicinais em animais tem sido pauta de estudos e debates jurídicos. Seguindo o mesmo processo que a liberação do canabidiol para tratamentos de saúde em humanos, mas em um ritmo mais lento, a discussão sobre a Cannabis veterinária ganhou corpo nos últimos anos.

Canabidiol para animais

A cannabis é rica em diversos compostos químicos, sendo o CBD e o THC os mais conhecidos por seus efeitos terapêuticos. Enquanto o CBD não causa alterações perceptíveis na consciência, o THC é responsável pela sensação entorpecente associada ao consumo de maconha.

Ele é também uma preocupação central sobre o uso de cannabis medicinal em animais. Isso porque é tóxico para cães, por exemplo, em doses acima de 0,5 miligramas por quilo. No entanto, a maioria dos medicamentos à base de Cannabis sativa para animais utiliza apenas o canabidiol, que não é tóxico.

Em geral, as pesquisas revelam os benefícios da substância em tratamentos de epilepsia, problemas de articulação, dores, doenças cardiovasculares e respiratórias, além do câncer. Contudo, as evidências são, basicamente, em gatos e cachorros. Em outros animais, as dosagens podem ser diferentes.

Dessa forma, veterinários estão se unindo para incorporar a cannabis na prática veterinária convencional por meio de educação, pesquisa e ativismo.

A cannabis veterinária no Brasil

No Brasil, o uso da maconha medicinal para tratamento de animais ainda não é legalizada. Por enquanto, a resolução RDC Nº 327 da Anvisa concedeu o direito de fabricação, importação, comercialização e prescrição da cannabis apenas para fins medicinais de uso humano.

Contudo, conforme o estatuto dos médicos veterinários, eles têm direito a receitar os tratamentos que julgam eficazes. Assim, há brechas na legislação que possibilitam que tutores recorram ao Judiciário para garantir o direito de utilizar o CBD em seus animais. 

Além disso, em 2023, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) recebeu a primeira autorização judicial do país para cultivar 120 sementes de uma variedade de cannabis rica em canabidiol. Permitida apenas no campus onde está o Grupo de Estudos em Produção Animal e Saúde, a planta será utilizada em estudos com foto na cannabis veterinária.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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