Ciência

Como a cannabis ativa neurônios que controlam a fome, segundo este estudo

Pesquisa identifica mecanismo da cannabis, que age em neurônios do hipotálamo e causa a sensação de fome repentina
Imagem: Louis Hansel/ Unsplash/ Reprodução

Pesquisadores dos Estados Unidos partiram de um senso comum para iniciar um novo estudo sobre os efeitos da cannabis. Em experimentos com ratos de laboratórios, eles buscaram compreender como a substância causa o aumento de apetite. A famosa “larica”, em linguajar mais chulo.

O termo é utilizado para dar nome a uma fome repentina, comum após entre os usuários após o consumo da substância. Geralmente, esse tipo de apetite surge com foco em alimentos gordurosos e calóricos. 

“Os efeitos de promoção de apetite da cannabis sativa são reconhecidos há séculos; no entanto, surpreendentemente, os mecanismos biológicos que subjazem a esse processo permaneceram em grande parte desconhecidos”, escreveram os autores do estudo.

Agora, os pesquisadores encontraram evidências de como a substância desencadeia a fome por meio da ativação de neurônios específicos. 

O estudo recebeu apoio de departamentos e órgãos de controle do abuso de drogas nos EUA. Os resultados foram publicados recentemente na revista Scientific Reports

Neurônios e receptores ativados

Na tentativa de imitar como a cannabis é usada por humanos, os pesquisadores aplicaram a substância em forma de vapor. Até então, outros estudos foram feitos injetando nos ratos participantes apenas o THC, um dos compostos da cannabis

Primeiramente, os pesquisadores analisaram as imagens cerebrais dos ratos após a exposição à substância. 

Assim, eles perceberam que neurônios específicos do hipotálamo eram ativados pela cannabis quando os animais antecipavam e também enquanto consumiam alimentos considerados palatáveis. 

Entre aqueles ratos que não receberam vaporização de cannabis, isso não acontecia. Além disso, os pesquisadores também puderam determinar qual receptor controlava essa atividade: o receptor cannabinoide-1, um alvo conhecido da cannabis no organismo.

De modo geral, o consumo da substância ativa esse receptor, que acaba estimulando a atividade de um grupo de neurônios chamados de Proteína Relacionada com Agouti. A partir dessa informação, eles fizeram um experimento.

Utilizando uma técnica quimogenética, eles testaram “desligar” esses neurônios. Assim, quando os ratos de laboratório foram novamente expostos à cannabis vaporizada, os pesquisadores notaram que a substância não estimulou mais a fome.

“Agora sabemos uma das maneiras como o cérebro responde à cannabis recreativa para promover o apetite”, disse Jon Davis, autor do estudo. 

Com essas informações, os pesquisadores esperam abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos para distúrbios de apetite — tanto a falta quanto o excesso. Por exemplo, para acompanhar pacientes com anorexia e também com obesidade.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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