Vício de adolescentes em redes sociais pode levar Meta ao tribunal
A Meta está sob risco de ir aos tribunais norte-americanos sob a acusação de contribuir para o agravamento de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes, principalmente, em relação ao vício em redes sociais. Isso porque a empresa é acusada de desenvolver mecanismos para tornar o Facebook e Instagram altamente viciantes.
De acordo com reportagem publicada pela agência Reuters, nesta semana, a juíza Yvonne Gonzalez Rogers, de Oakland, nos EUA, recusou o recurso da gigante da tecnologia para invalidar acusações de dois processos distintos movidos por estados norte-americanos.
Um deles foi protocolado por mais de trinta estados, enquanto o outro é de autoria da Flórida. Embora sejam independentes, ambos os processos tratam de questões da mesma natureza.
A magistrada rejeita algumas demandas dos estados ao reconhecer que a seção 230, uma legislação federal sobre plataformas digitais, blinda a empresa em algum nível. Porém, concordou que a norma não invalida as alegações graves feitas pelos entes federativos americanos.
Essa decisão deve encorajar os estados a procurarem mais evidências que reforcem as acusações. Assim, aumenta as chances de o caso chegar aos tribunais, algo que seria bem prejudicial para a imagem da já arranhada gigante da tecnologia.
Meta ignorou estudos sobre vício em redes sociais
À agência, um porta-voz da companhia afirmou discordar da decisão. Ele declarou que a empresa vem trabalhando no desenvolvimento de recursos para auxiliar pais e adolescentes. Além disso, ele cita diretamente as “contas de adolescentes”, funcionalidade apresentada no mês passado.
Na prática, as contas de adolescente oferecem algumas camadas adicionais de proteção, como a proibição de mudanças em configurações mais restritivas — que demandam a autorização dos responsáveis –, além de restrições sobre quem poderá entrar em contato com os usuários.
A empresa incluiu todas as contas de menores de 16 anos dentro destas novas diretrizes a partir do mês passado. Especialistas, no entanto, não consideram os esforços da gigante da tecnologia suficientes para tornar suas plataformas verdadeiramente seguras para crianças e adolescentes.
Pesa contra a empresa alguns documentos internos vazados. Eles revelam que a companhia ignora estudos próprios sobre o impacto de suas plataformas na saúde mental de adolescentes para seguir obtendo lucros.