Voluntário com doença hepática vai desenvolver um 2º fígado no corpo; entenda
Encontrar órgãos para serem transplantados não é uma tarefa fácil. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 10% dos pacientes morrem esperando um fígado. A empresa americana LyGenesis quer mudar esse cenário, e criou uma técnica inovadora para isso.
Para entender o novo método, são necessárias algumas analogias: pense em um pacote de sementes. Para que aquilo se torne uma verdadeira planta, você precisa colocá-lo na terra e proporcionar luz e água, gerando reações químicas e permitindo o crescimento. Certo?
O que os pesquisadores querem é “plantar” um segundo órgão em voluntários. Muitas vezes, mesmo após a morte cerebral do paciente, seu fígado não pode ser doado por estar comprometido. Porém, os cientistas podem retirar suas células e reaproveitá-las – essas são as nossas sementinhas.
As células seriam aplicadas nos gânglios linfáticos de pacientes com doença hepática. Os também chamados linfonodos estão perto o suficiente para receber sinais químicos de socorro enviados pelo órgão doente. Dessa forma, a regeneração seria estimulada e um mini fígado se desenvolveria. Um paciente com problema hepático, afinal, muitas vezes não precisa de um fígado inteiro: transplantar apenas um pedaço do órgão já pode ser suficiente para salvar sua vida.
O primeiro voluntário, um adulto com doença hepática terminal, será testado em Massachusetts, nos EUA, dentro das próximas semanas. Ele receberá cerca de 50 milhões de células hepáticas, o que deve ser suficiente para a criação de um novo órgão.
Depois, outros 11 pacientes se juntarão ao estudo. Os últimos poderão receber até 250 milhões de células, o bastante para gerar até cinco mini fígados. Todos os participantes serão acompanhados por um ano após o procedimento e deverão tomar imunossupressores pelo resto da vida, como forma de evitar que o corpo rejeite a peça.
Testes anteriores em animais apresentaram bons resultados, o que deixa os cientistas confiantes. De acordo com a equipe, um único fígado doado poderia ajudar até 75 pessoas. O resultado desse primeiro ensaio clínico em humanos, que deverá testar a segurança e avaliar os benefícios do método, deve ser divulgado em dois anos.