Voluntários passam 2 meses em cápsula na Groenlândia para simular isolamento
Já pensou em ficar longe da vida em sociedade e com acesso restrito a comunicação por meses a fio? Bom, é mais ou menos isso que muitos astronautas enfrentam. Com o avanço da exploração espacial, o isolamento pode se tornar algo ainda mais rotineiro para estes profissionais.
Mas fica aquela dúvida: será que é possível se manter em cenários como esse sem surtar? Isso é o que pesquisadores da Universidade de Surrey (Inglaterra) e da Universidade de Milano-Bicocca (Itália) quiseram descobrir.
O objetivo dos cientistas era investigar o impacto psicológico do isolamento social em ambientes hostis, como a Lua. Para isso, desenvolveram uma cápsula portátil em parceria com a SAGA Space Architects, um escritório de arquitetura dinamarquês. Daí, começou o desafio: dois funcionários teriam que viver nela por 61 dias.
A dupla ficou acampada no norte da Groenlândia, um ambiente remoto e de temperaturas congelantes, assim como nosso satélite natural. Todos os dias, Sebastian Aristotelis e Karl-Johan Sørensen precisavam preencher um questionário de 20 minutos e também escrever suas vivências em um diário.
Eles não tinham acesso à internet. A única forma de se comunicar com o exterior era através de um telefone via satélite, que poderia ser usado uma vez por dia para enviar mensagens de até 160 caracteres para a sede em Copenhague, na Dinamarca.
A partir dos relatos, os cientistas mediram as percepções de tempo da dupla, suas emoções positivas e negativas, estratégias de enfrentamento da situação, entre outros fatores. Os resultados foram publicados na revista científica Acta Astronautica.
Com o passar do tempo, ambos os arquitetos enfrentaram um maior desejo de contato social, mas os sentimentos ligados à depressão e desamparo não aumentaram. Atividades de lazer foram relacionadas a diminuição de sentimentos negativos e ao aumento da percepção do tempo.
Entender os fatores que podem influenciar na saúde mental durante viagens espaciais é um fator crucial para que a humanidade tenha sucesso em suas cruzadas de exploração pelo espaço — que devem ficar cada vez mais longas no futuro.