Por que o Windows 8 demorou tanto para ter apps populares?

Já faz mais de um ano que o Windows 8 foi anunciado e que o desenvolvimento de apps modernos para ele começou. Até então um ou outro app de peso era anunciado esporadicamente para a plataforma, mas na Build vimos um furacão de apps (populares!) tomar o evento de assalto. O que mudou? E por […]

Já faz mais de um ano que o Windows 8 foi anunciado e que o desenvolvimento de apps modernos para ele começou. Até então um ou outro app de peso era anunciado esporadicamente para a plataforma, mas na Build vimos um furacão de apps (populares!) tomar o evento de assalto. O que mudou? E por que demorou tanto para que a produção engrenasse?

Aproveitamos esses dias aqui em San Francisco, mergulhados em um evento para desenvolvedores das plataformas Microsoft, buscando respostas a essas perguntas.

É um cenário legal para investigar essa questão, mas com ressalvas. Afinal, talvez exista um ou outro desenvolvedor espião ou insatisfeito no meio do batalhão que assistiu às apresentações e participou das sessões técnicas, mas a princípio imagina-se que todo mundo que veio ao Moscone Center nesses três dias já produz apps e curte o Windows, Windows Phone, Azure etc. De qualquer forma, falar com esses caras tem sua validade e nas entrelinhas deu para entender, ao menos parcialmente, qual o status quo do Windows em relação a apps.

Antes, cabe recapitular. Em três dias a Microsoft anunciou apps bem legais, começando pelo Facebook. A ausência dele na plataforma era estranhíssima: há tempos as duas empresas mantêm uma relação bem próxima, que inclui a presença do Bing dentro do Facebook. Acabou a espera e, em breve (ninguém falou em datas), o app da rede social chegará ao Windows.

O Flipboard terá a “melhor versão possível” para Windows. Exclusivo em tablets, o Foursquare também ganhou um app — lindíssimo e muito bem desenhado, por sinal. Completam a lista OpenTable, Rhapsody e Rockmelt. Esses últimos apareceram em um painel privado para a imprensa no segundo dia da Build e foi com seus representantes que falamos.

Foursquare: para tablets, só no Windows.

As principais dúvidas eram: por que a demora? É mais difícil, pior, ou é tranquilo produzir apps modernos para Windows? Unanimidade, todos disseram que o desenvolvimento em si não é problema. E dado o histórico da Microsoft em prover boas ferramentas de desenvolvimento, essa resposta não chegou a ser surpresa.

Além das ferramentas, o próprio jeito com o que o Windows apresenta seus apps é, para Josh Garnier, do OpenTable, uma vantagem em termos de desenvolvimento. Ele disse que ter um direcionamento, um “molde” para criar apps facilita e acelera o desenvolvimento. O OpenTable é um serviço bem direto, usado para fazer reservas em restaurantes, então a ideia é que o cliente consiga isso sem fricção, de modo rápido, direto. “Não queremos ser um MailBox, ditar tendência em design”, disse. E… bem, é mais ou menos por aí. Existem apps bonitos e inovadores para a plataforma, mas o basicão, o arroz com feijão, não deixa a desejar e é bem apresentável, como o do OpenTable mostra.

OpenTable para Windows.

Se do ponto de vista técnico tudo conspira a favor, qual então foi grande vilão da Microsoft? Aparentemente, o dilema do ovo e da galinha se fez presente mais uma vez. Ao menos é a teoria de Jeff Torgerson, diretor de operações internacionais do Rhapsody, e de alguns executivos da Microsoft consultados durante o evento.

O dilema se resume, basicamente, a desenvolvedores esperando para ver se a plataforma teria usuários para só então dar atenção a ela, e usuários esperando para ver se seus apps favoritos estariam no Windows 8 antes de se comprometerem com ele.

Para desequilibrar essa balança e fazer a coisa andar é bem provável que a Microsoft tenha se metido nessa história. Ou melhor, tenha intensificado sua atuação junto aos desenvolvedores para que eles se animassem com essa história. Caio Chaves Garcez é evangelista de desenvolvimento da Microsoft Brasil e nos contou que seu trabalho é justamente esse: mostrar o Windows como uma oportunidade para empresas e auxiliá-las no desenvolvimento das aplicações. Da mesma forma que ele atua no Brasil, cada país tem seus evangelistas para fazer esse meio de campo e fomentar a plataforma. Talvez o cara responsável por isso nos EUA não estivesse mandando muito bem, talvez as empresas estivessem fazendo jogo duro, mas a verdade é que isso parece não ter funcionado muito bem nesse primeiro ano de Windows moderno.

Nova Windows Store do Windows 8.1.

O Windows, a exemplo do Windows Phone, chegou atrasado na briga dos tablets. E chegou com um problema crônico: a carência de apps. No iPad, os desenvolvedores têm muito sucesso com invencionices sensacionais. No Android, a falta de apps de terceiros é muito sentida, mas além desse cenário estar mudando, os apps nativos do Google são bem bons e cobrem uma boa margem das necessidades dos usuários. Já os apps nativos do Windows 8 eram horríveis na época do lançamento e o rol dos disponíveis na Loja não empolgava. Isso deve ter complicado ainda mais o dilema do ovo e da galinha — faltava, pois, um paradigma para os desenvolvedores se inspirarem.

Ainda é cedo para bater o martelo e dizer que daqui para frente tudo será diferente, mas dá para esperar uma mudança de postura começando agora. A recepção do Windows 8.1 está sendo bem positiva e isso nos empolga — e aos desenvolvedores também. Com a Intel apostando tudo em híbridos, ou 2-em-1, a tendência é que o Windows pegue carona e sua porção moderna, que só faz sentido com telas sensíveis a toques, ganhe mais destaque também. No fim, o dilema do ovo e da galinha, se resolvido for, será por fatores externos. E não há nada de ruim nisso.


* Aproveitei para perguntar ao Jeff se e quando o Rhapsody, uma espécie de Rdio com bastante foco em conteúdo, notícias etc, chega ao Brasil. Ele, claro, declinou, disse que não pode falar sobre operações globais, mas que agora o serviço está expandindo na Europa e não deve parar. Enfim.

* Nessa apresentação de desenvolvedores havia uns bem curiosos não relacionados ao Windows. A Kaleidoscope criou uma solução de vendas usando o Kinect. O consumidor chega à loja (uma Casas Bahia da vida) e pode tanto balançar os braços na frente de uma tela para ter informações sobre um eletrodoméstico, quanto interagir com o equipamento real, embaixo da tela, e receber informações baseadas nessa interação. Um segundo Kinect, posicionado no topo da tela, detecta quando alguém, por exemplo, abre a tampa de uma lava-louças e dispara o vídeo informativo. Parece exagerado, mas eles disseram que algumas cadeias de lojas varejistas de lá já compraram a solução e ela estará em uso até o fim do ano.

Kinect do Windows para vender lavadora de louça.

* Desenvolvedores web com trabalhos baseados no Azure também marcaram presença. A RedBit criou, em dois meses e com apenas dois funcionários, um sistema de monitoramento de redes sociais bem bacana com saídas para web e smartphones (multiplataforma, graças ao novo Mobile Services do Azure). O grande barato do Azure, segundo Mark Arteaga? Velocidade e facilidade. É rápido trabalhar com a plataforma e a seção de add-ons permite implementar recursos em uma aplicação de forma parecida com a que fazemos com extensões em navegadores.

um punhado de tecnologia misturada para extrair tuítes e fotos do Instagram.

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