A revista jornalística Wired criou uma política própria para o uso de ferramentas de IA (inteligência artificial) generativa, como ChatGPT, Bard, LaMDA e o mais recente GPT-4.
A princípio, são oito regras que levam em consideração o que entra (e o que não entra) de conteúdo produzido pelos sistemas ultra responsivos que explodiram no mercado em novembro, a partir da OpenAI.
A decisão de publicar os arranjos internos é uma medida de transparência. A revista, que traz uma abordagem cética da tecnologia, ciência e cultura, quis evitar as críticas feitas ao site CNET, que usou IA generativa para escrever textos, mas não avisou ninguém e publicou informações falsas e plagiadas de outros materiais online.
No editorial “Como a Wired usará ferramentas de IA generativas” (na tradução livre), assinado pelo diretor global Gideon Lichfield, o veículo aborda o uso de imagens criadas por IA e o uso da ferramenta para escrever textos ou trazer ideias para novas reportagens.
Segundo Lichfield, a política passou por várias revisões com todos os membros da equipe. Contudo, em algum momento, isso virou motivo de debate sobre as questões éticas do uso dessas ferramentas na prática diária.
“Tivemos um pouco de debate sobre se seria bom usar IA para editar uma história, escrever manchetes ou debater ideias”, contou ele para o Nieman Lab, laboratório de jornalismo de Harvard. “Mas, no geral, todos apoiaram muito uma postura que colocava limites claros sobre o que usaríamos”.
Por fim, completou: “acho que todos nós reconhecemos que simplesmente não é muito bom para a maioria de nossos propósitos. Tenho certeza de que vai melhorar em algumas áreas, mas acredito que muitas pessoas estão superestimando o que isso pode fazer”.
As oito regras da IA generativa da Wired
- Não publicam reportagens com texto gerado por IA, exceto quando o fato de ser gerado por IA é o ponto principal da história. Nesse caso, há sinalização.
- Não publicam textos editados por IA. Segundo o site, há risco de que a ferramenta introduza erros factuais ou mudanças de significado. Além disso, “a edição é uma questão de julgamento sobre o que é mais relevante, original ou divertido na peça” – e, nisso, o olhar humano treinado se dá melhor.
- Podem usar IA para sugerir manchetes ou textos para posts curtos em redes sociais. Mas quem vai bater o martelo será sempre o editor, como já acontece nas sugestões manuais.
- Podem usar IA para gerar ideias de reportagens. Nesse caso, as ferramentas podem ajudar no brainstorm ou trazer dados com mais facilidade para a equipe de jornalistas.
- Podem usar IA como ferramenta de pesquisa e/ou análise. Repórteres e editores podem usar os recursos como mecanismo de busca para informações.
- Não publicam imagens ou vídeos gerados por IA, para evitar violações de direitos autorais.
- Não usam imagens geradas por IA em vez de fotografias de estoque. Isso vale para imagens de ilustração – ou seja, aquelas genéricas que não envolvem um acontecimento em específico. O site determinou que manterá a decisão até que empresas de IA generativa desenvolvam uma maneira de compensar os criadores pelas ferramentas.
- A Wired ou contratados (artistas, fotógrafos, etc) podem usar as ferramentas de IA para gerar ideias. Novamente, apenas para brainstorm.