Xperia Play chega ao Brasil por R$ 1.899. Testamos

É um bocado de dinheiro, sem dúvida. E para convencer os “gamers de celular” que gastar tudo isso pode ser um bom investimento, a Sony Ericsson chamou basicamente todos os jornalistas da área ontem para mostrar que o aparelho fabricado no Brasil e que chega às lojas dia 25 tem futuro – tanto como celular […]

É um bocado de dinheiro, sem dúvida. E para convencer os “gamers de celular” que gastar tudo isso pode ser um bom investimento, a Sony Ericsson chamou basicamente todos os jornalistas da área ontem para mostrar que o aparelho fabricado no Brasil e que chega às lojas dia 25 tem futuro – tanto como celular com Android 2.3 e como plataforma de jogos, já que os desenvolvedores parecem estar gostando da coisa. Fomos averiguar.

 

O aparelho

Já mexemos no Play em outras ocasiões, mas ontem tivemos mais tempo com a criança. O smartphone segue o padrão de estilo dos recentes smartphones da empresa, e tem um formato interessante, arredondado. Em uma era de aparelhos anoréxicos, ele é meio gordo (16 mm de espessura) e pesado (175 g), mas também não é nenhum N-Gage-Pastel: cabe no bolso sem efeito homem-berinjela. Apesar de não ser dual-core como concorrentes e não ter resultados surpreendentes nos benchmarks, ele pareceu nos testes de “uso comum” tão rápido quanto o Atrix, mas não tão rápido quanto o Galaxy S II, por exemplo. Aparentemente o Android 2.3.3 embarcado é tão responsável pela performance quanto o último chip Scorpion da família Snapdragon, de 1 GHz. A solução gráfica Adreno 205, da Qualcomm, também não teve problemas em rodar nenhum jogo, inclusive com alguns gráficos mais complexos – mas o tempo de carregamento foi notadamente inferior ao S II. Os títulos do Market, mesmo os “HD”, precisam achar um máximo denominador comum, e o Play certamente está acima dos aparelhos do ano passado, por exemplo. A fornecedora do chip do aparelho mostrou este trailer para demonstrar a capacidade do Snapdragon com Adreno 205:

http://www.youtube.com/watch?v=es2iEHKUrG8

Há o resto do pacote que você espera em um smartphone hoje: câmera de 5 MP, GPS, tela de 4” (480 x 854), 1 GB de memória + microSD (a versão brasileira tem um cartão de 16 GB). Mas, vamos ser sinceros: se você quer um smartphone, há opções melhores pelo mesmo preço ou menos, e com essa base que os sites que já fizeram review lá fora deram notas apenas medianas para ele. Fora a falta de dual-core, há uma tela notadamente pior e algumas omissões, como a falta de rádio FM, importante para alguns. E há a concorrência: o Arc, da mesma empresa, é mais barato, tem uma tela sensacional e câmera melhor. Há ainda o S II, ou o próprio iPhone 4, que são smartphones melhores na mesma faixa de preço. Mas, sejamos objetivos: se você vai querer ou não o Play depende exclusivamente da sua vontade (e disposição de pagar os R$ 1.900) de usar o seu videogame portátil como telefone. E como “PlayStation Phone”, como ele se sai?

 

Videogame

Neste momento os nossos amigos do Kotaku estão testando especificamente esta função, então minhas impressões são só isso: impressões. Em performance de hardware, dentro do jogo não vi diferenças muito aparentes com o S II, os efeitos e a resolução são os mesmos. Tive pouco tempo para jogar coisas de fato, e me concentrei nos títulos embarcados (há 7), como Bruce Lee, Crash Bandicoot, Star Battalion, Fifa 10, Social Sims 3, para agradar fãs de diferentes gêneros. Basta deslizar o controle da tela que aparece um menu para escolher os jogos ou comprar novos.

O direcional e botões são menores e menos altos do que eu gostaria, e o L1 e R1 do “ombro” também não parecem tão firmes. Mas aparentemente é o que a Sony conseguiu fazer sem deixar o negócio super grosso, e na hora da ação, eles respondem bem – o mesmo não posso dizer do “analógico de mentira”, que deve levar um tempo para se acostumar. O que importa é que para boa parte do jogo os botões são inegavelmente superiores aos famigerados joysticks virtuais. Além de serem menos precisos, os controles virtuais fazem com que seus dedos atrapalhem um bocado da visão. Peguei o Fifa 10 pré-instalado e consegui tocar rápido e fazer gol rápido, de maneira muito mais natural, mais ou menos como faria no meu finado PSP e como não consigo no iPhone 4 (apesar de já ter visto gente jogando muito bem).

http://www.youtube.com/watch?v=jE7wMxNfBfQ

Todos os jogos testados permitem que você controle também com o toque, na tela, e alguns na verdade precisam dos dois tipos de interação, como um Nintendo DS reverso. Em alguns jogos, assim que você desliza o controle o input físico é ativado, o que é uma adaptação bem interessante. Por outro lado, os botões virtuais semitransparentes nunca saem da tela, o que me incomodou um pouco.

 

Jogos

Há dezenas de bons jogos que não precisam de controles físicos, especialmente puzzlers e jogos de estratégia (em coisas como Angry Birds, um joystick não ajuda muito). Então o Play brilha mesmo para o nicho do nicho: não exatamente para “gamers de smartphone”, mas gamers que preferem alguns estilos de jogos especificamente, notadamente ação, tiro e luta. Um gênero popular em smartphones como o “dual-stick shooter” (pense em Gun Bros ou Geometry Wars), que eu nunca consegui controlar direito, por exemplo, faz total sentido aqui.

Como o Play foi lançado em alguns países antes, já há 100 títulos no Android Market adaptados para funcionar com os botões físicos, com preços que variam de R$ 4,99 a R$ 8,99 – os valores aqui não são simplesmente a conversão do valor em dólares, e de fato as produtoras estão lançando versões mais baratas, já que o consumidor brasileiro “é muito sensível ao preço”, como disse o pessoal da Gameloft. Há opções para compra com desconto na conta, “e não é necessário nenhuma gambiarra para comprar em lojas estrangeiras”, como fez questão de provocar o executivo da Sony Ericsson. A empresa está trabalhando com os publishers para acelerar a aprovação dos títulos no Ministério da Justiça, o que favorece o Android como um todo.

Ontem a Sony Ericsson levou alguns publishers que disseram gostar muito da plataforma. O diretor da Gameloft no Brasil revelou que os donos de Xperia Play já compram mais jogos (em volume mesmo) que qualquer outro aparelho com Android em países como Inglaterra e Alemanha, o que é um feito considerando a base instalada de outros celulares. A empolgação dos publishers que falaram ontem se deve ao fato de que os donos de Xperia Play parecem não ter medo de abrir a carteira – um problema comum do Android.

Os desenvolvedores com quem eu conversei disseram que é fácil adaptar os jogos para funcionarem com os controles físicos do smartphone, então o número de títulos deve crescer rapidamente se a tendência de gasto dos donos do videogame-smartphone continuar. Em reconhecimento, os publishers pretendem oferecer algumas versões de jogos exclusivamente para o Play por tempo limitado ou disponibilizar conteúdo exclusivo.

Se os terceiros parecem apostar na plataforma, o mesmo não parece ser verdade justamente para a Sony Computer Entertainment. Apesar de ter a certificação “PlayStation”, o Xperia Play é um smartphone para jogar jogos de celular com controle físico, e não um PSP com capacidade de telefone. O único título original da empresa japonesa é a adaptação sem embelezamento HD de Crash Bandicoot, de 1996, que para piorar a coisa sequere é widescreen – nas barras pretas laterais os botões virtuais cabem sem muito prejuízo. Não há qualquer sinal de que Kratos, Solid Snake e amigos aparecerão na tela do Xperia, e não há muita promessas da Sony Ericsson nesse campo. A área de videogames da Sony deve estar muito mais preocupada com o PlayStation Vita e a competição dos smartphones para dar bola. Extra-oficialmente, no entanto, hackers já deram conta do recado de usar o Xperia Play como o melhor emulador Android.

 

Vale a compra?

Se custasse menos, eu conseguiria recomendar isso sem pensar duas vezes para um público bastante específico. Mas a esse preço? Mesmo lá fora ele é caro, e por isso mesmo eu achava que ele iria fracassar. Mas os números iniciais de venda e o que reportam os desenvolvedores mostram que ele tem um futuro aparentemente promissor. Definitivamente quem comprá-lo não vai ficar com um mico ngagiano nas mãos.

Mas não sei, apesar de sempre ter tido muitos videogames, não consigo deixar de avaliar o Play como um celular. E aí vejo várias opções melhores. Mas, mesmo como videogame mobile a coroa não cabe claramente nele. É possível argumentar que o iPhone 4 é melhor, dependendo do estilo de jogos favorito. Diabos, você pode jogar Final Fantasy Tactis, um clássico de PSOne, lindamente no iPhone 4, mas Não no Xperia Play. Mesmo dentro do Android, há coisas como o LG G2x, com seu Tegra 2, tela melhor e saída HDMI (que o Play não tem). A concorrência é mesmo dura.

O Play é defintivamente um aparelho bom, e nos deixou curiosos com as possibilidades gamísticas. Mas, R$ 1.900 é dinheiro demais, não há como discutir. É mais que o preço de um X10 e um PSP (não oficial), numa conta básica. Em um futuro próximo teremos mais tempo com ele para ter uma conclusão mais embasada, mas o nosso conselho inicial é: espere para ver as opções que surgem e se o preço cai rapidamente.

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