Yandex: como funciona o “Google da Rússia”, acusado de espionar o Ocidente
O serviço de busca russo Yandex está sendo acusado de repassar dados de usuários de smartphones Android e iOS para o governo de Vladimir Putin.
Fundada em 1997, a empresa Yandex está envolvida em vários negócios ligados à tecnologia, desde publicidade online, passando por inteligência artificial, até carros autônomos. Porém, um dos serviços mais conhecidos da empresa é o mecanismo de busca de páginas na internet, apelidado “Google da Rússia”.
No país europeu, o Yandex é usado em 45,6% das buscas online, perdendo apenas para o Google — que tem participação de 51,8% no mercado –, segundo dados de fevereiro do Statcounter. No Brasil, o serviço é desconhecido, representando apenas 0,02% das buscas.
O serviço russo está disponível em todo mundo, por meio de uma versão em inglês acessível em yandex.com. Porém, o motor de pesquisa pode estar utilizando códigos potencialmente maliciosos que permitem que informações sobre milhões de usuários — inclusive de países ocidentais — sejam enviadas involuntariamente para servidores na Rússia. Com esses dados em solo russo, a empresa poderia ser obrigada a repassá-los para o Kremlin.
Espionagem no Yandex
Segundo o site Ars Technica, o alerta foi feito pelo pesquisador americano Zach Edwards, enquanto ele fazia uma auditoria de aplicativos para a organização Me2B Alliance. O trabalho foi validado por quatro especialistas independentes.
O problema está em um software do Yandex que funciona como um kit de desenvolvimento de software (SDK). O “AppMetrica” permite que desenvolvedores criem aplicativos que, geralmente, são oferecidos aos usuários “gratuitamente”, mas em troca do acesso aos dados pessoais. Normalmente, esses metadados são usados para fins de publicidade, porém, também podem em teoria ser usados para espionagem, inclusive identificando usuários.
Diante da acusação, o Yandex se pronunciou, reconhecendo que o software de fato coleta informações de usuários, como “dispositivo, rede e endereço IP”. Também afirmou que esses dados são armazenados em servidores localizados na Finlândia e na Rússia. Porém, a empresa diz que esses dados são muito limitados e “não personalizados”.
“Embora teoricamente possível, na prática é extremamente difícil identificar usuários com base apenas nas informações coletadas. Yandex definitivamente não pode fazer isso”, afirmou a empresa russa.
Além da potencial espionagem, o Yandex também tem sido acusado de censura de conteúdos e notícias, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.