YouTube tem planos de acabar com anúncios segmentados em vídeos para crianças
Após a polêmica sobre os anúncios veiculados no YouTube para as crianças, a empresa pode estar preparada para acabar com anúncios segmentados em vídeos destinados ao público infantil – uma medida que, quando tomada em conjunto com outras medidas recentes, indicaria que, pelo menos em algumas frentes, o YouTube está trabalhando em mudanças.
Citando três fontes familiarizadas com o assunto, a Bloomberg informou na terça-feira (20) que a empresa está “finalizando planos” para a mudança – no entanto, as fontes estipularam que esses planos poderiam mudar. Se a empresa seguir o planejamento, a medida poderá ser – embora não necessariamente – parte de um acordo que, segundo relatos, o YouTube firmou com a Federal Trade Commission sobre violações de leis de privacidade de dados de crianças.
Um porta-voz do YouTube se recusou a comentar sobre o relato ou sobre como a empresa define vídeos segmentados para crianças.
Em junho, foi relatado que a FTC estava investigando reclamações de grupos de consumidores de que o YouTube estava coletando dados de seus usuários mais jovens para veicular anúncios que violam a Lei de Proteção à Privacidade Online das Crianças (COPPA), que impõe restrições à coleta de informações sobre usuários menores de 13 anos. O YouTube alega que seu serviço não é destinado a crianças menores de 13 anos, mas as reclamações e pesquisas mostram o contrário.
Na verdade, uma análise do Pew Research Center publicada no final de julho descobriu que no YouTube, vídeos voltados para crianças e que mostravam menores de 13 anos de idade eram desproporcionalmente populares na plataforma, apesar do fato de a empresa continuar a alegar que sua plataforma não é para crianças.
No mês passado, o Washington Post informou que a FTC havia chegado a um acordo com o Google, o dono do YouTube, sobre as violações, e aparentemente o YouTube recebeu uma multa de milhões de dólares. No entanto, os termos desse acordo ainda são privados – e, novamente, também não está claro se qualquer movimento do YouTube para encerrar anúncios segmentados em vídeos para crianças faz parte desse acordo. (Embora a ideia de que o YouTube, por iniciativa própria, tenha tomado qualquer medida que prejudique seu desempenho financeiro parece muito improvável.)
Ainda assim, tal medida seria menos extrema do que outras exploradas pela empresa. Citando fontes familiarizadas com o assunto, o Wall Street Journal informou em junho que os executivos do YouTube avaliavam a possibilidade de mover todo o conteúdo para crianças para o aplicativo YouTube Kids para garantir que os espectadores mais jovens não recebam conteúdo inadequado ou perturbador, cortesia do algoritmo do site.
Juntamente com os esforços do YouTube, a Apple também planeja implementar seu próprio conjunto de mudanças para proteger melhor as crianças, embora essas iniciativas tenham sido atrasadas, informou o Washington Post na terça-feira (20). As regras atualizadas – que envolvem a proibição de aplicativos na App Store de veicular software de publicidade ou análise de terceiros em produtos destinados a crianças – seriam colocadas em prática no início de setembro. Mas a empresa disse ao jornal que está adiando as mudanças enquanto trabalha com os desenvolvedores. A Apple disse ainda em comunicado que não está “recuando nesta questão importante, mas estamos trabalhando para ajudar os desenvolvedores a chegar lá”.
É claro que uma mudança que aborde especificamente anúncios segmentados não é o único ajuste que o YouTube fez para resolver os diversos problemas com o site. Após relatos de comportamento abusivo nos comentários de vídeos de crianças, o YouTube desativou em fevereiro os comentários em vídeos de menores e aqueles “apresentando menores mais velhos que poderiam estar em risco de atrair comportamento abusivo”.
O YouTube também está testando na Índia a ocultação completa da seção de comentários, uma medida que ajudaria a reduzir alguns dos comentários abusivos não verificados que se propagam pelo site. Isso, novamente, parece ser uma ótima maneira de corrigir pelo menos um problema no YouTube, mesmo que alguns usuários façam reclamações como “ah, mas e o engajamento!” ou algo do tipo.
Separadamente, o YouTube – cedendo à pressão dos criadores de conteúdo, é claro – também tomou medidas para resolver problemas relacionados a reivindicações de direitos autorais, inclusive atualizando sua política de Content ID. A empresa também tomou medidas legais contra um usuário do YouTube que estava explorando seu sistema de relatórios de direitos autorais e extorquindo usuários exigindo pagamentos por PayPal e Bitcoin.
Tudo isso para dizer que o YouTube definitivamente está armado – particularmente em relação ao escândalo de privacidade infantil – e parece estar fazendo pelo menos algumas mudanças muito necessárias. Agora, se ele conseguir simplesmente parar de transformar pessoas em maníacos furiosos sem que os criadores precisem resolver o problema com suas próprias mãos, então estaremos realmente chegando a algum lugar.